Em dia de forte queda, dólar fecha em R$ 5,54

Em dia de forte queda, dólar fecha em R$ 5,54

Bolsa termina em alta de 1,96%, ainda com exterior e PEC Emergencial

AE

Moeda norte-americana está no menor nível desde 25 de fevereiro

publicidade

O dólar teve novo dia de forte queda, ajudado por novo leilão extraordinário do Banco Central, de US$ 1 bilhão, e exterior positivo, com recuo generalizado da moeda americana no mercado internacional e alta das bolsas, com novos recordes em Nova Iorque. As taxas dos juros longos americanos, que têm sido o principal fator a influenciar o comportamento do dólar mundialmente nos últimos dias, tiveram hoje sessão menos volátil e, nos negócios da tarde, reduziram o ritmo de alta, após o papel de 10 anos bater em 1,55% no final da manhã.

No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 1,94%, cotado em R$ 5,5428 - menor nível desde 25 de fevereiro. Ontem, a moeda americana havia caído 2,5%, em meio a dois leilões do Banco Central. No mercado futuro, o dólar para abril caiu 2,38%, a R$ 5,5430.

Os estrategistas do Citigroup em Nova Iorque acreditam que o BC seguirá mais ativo no câmbio pela frente, em meio à preocupação da autoridade monetária com o aumento da pressão inflacionária por conta da disparada do dólar. A moeda americana chegou a tocar mínimas hoje mais cedo, quando foi divulgado o IPCA de fevereiro, que mostrou inflação de 0,86%, acima do teto das estimativas do Projeções Broadcast, de 0,80%. Com isso, a curva de juros passou a precificar alta de juros de 0,75 ponto porcentual na reunião do Copom da semana que vem, mas entre economistas, como os do Barclays, Citi, Credit Suisse e Bank of Americana, a visão é de aumento de 0,50 ponto.

Para o economista sênior de América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, a forte piora recente do real, por conta da elevada incerteza política, pode se mostrar temporária, por conta justamente do início do ciclo de alta de juros no Brasil, além do andamento da vacinação no País. Mas ele alerta que a disparada de casos de covid em conjunto com uma vacinação ainda lenta precisam ser monitorados. Além disso, as preocupações fiscais tiveram melhora com o avanço da PEC Emergencial, mas não se dissiparam, mantendo o real ainda sob pressão.

Outro fator a se monitorar, comenta Abadia, é o efeito do potencial retorno político de Luiz Inácio Lula da Silva. No setor externo, a alta dos preços de commodities é positiva para o real, embora até agora o câmbio no Brasil não tenha reagido a esta melhora, por conta da piora do ambiente político desde o episódio de interferência da Petrobras, destaca o economista.

Os economistas em Washington do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, comentam que a elevação das taxas dos títulos americanos fez estrangeiros retirarem recursos dos emergentes nos últimos dias, em nível que se aproxima do pior momento do chamado "Taper Tantrum" de 2013, quando houve estresse no mercado internacional com temor de que o Federal Reserve fosse reduzir os estímulos monetários.

Ibovespa

Há exatamente um ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu que o então novo coronavírus configurava pandemia global, o que levou o Ibovespa ao segundo "circuit breaker" daquela semana e a perder 7 mil pontos na sessão, em queda de 7,64%, a 85.171,13 pontos no fechamento daquela quarta-feira. Hoje, mesmo com a decretação de fase mais restritiva no Estado de São Paulo, e a proximidade de colapso no sistema de saúde do País, o índice da B3, acompanhando a recuperação dos sinais vitais fora do Brasil, especialmente nos EUA, obteve alta de 1,96%, aos 114.983,76 pontos, acumulando recuperação de 35,00% em um ano. Em março, os ganhos do Ibovespa chegam a 4,50%, com perda limitada a 0,19% na semana - em 2021, ainda cede 3,39%. O giro desta quinta-feira ficou em R$ 45,3 bilhões.

Nas máximas desta quinta-feira, o índice voltou a testar a resistência dos 115 mil pontos, chegando aos 115.126,94 pontos no pico do dia, em alta acima de 2%. Em março, apenas no dia 5 o Ibovespa conseguiu sustentar o nível de 115 mil no fechamento, ensaiado hoje durante a sessão pela terceira vez no mês. Nesta quinta, o índice da B3 saiu de abertura a 112.781,82 pontos, com mínima do dia a 112.775,50 pontos.

O enfraquecimento do dólar em meio à progressão da PEC Emergencial no Congresso e, especialmente, ao expansionismo fiscal nos Estados Unidos, reforçado pela sanção de novo pacote trilionário, deram impulso às ações correlacionadas a preços internacionais (Brent +2,55%) e demanda externa, como as de commodities (Petrobras PN +4,25%, Vale ON +2,62%) e siderurgia (CSN +9,17%, segunda maior alta do Ibovespa na sessão) - hoje, o minério de ferro fechou em alta de 3,66% no porto de Qingdao, na China, a US$ 170,70 por tonelada. Na ponta do índice da B3 nesta quinta-feira, contudo, também estiveram ações "domésticas", como CVC (+10,96%) e Ecorodovias (+8,64%). No lado oposto, Totvs (-1,99%), PetroRio (-1,64%) e JBS (-1,38%).

No cenário doméstico, não parece haver tanto a comemorar: mesmo com a fraca dinâmica econômica, o IPCA de fevereiro foi o maior para o mês desde 2016, o que reforça a expectativa por aumento de até 0,50 ponto porcentual para a Selic na reunião do Copom na próxima semana, e a pandemia ainda é figurada como campo de batalha entre governo federal, estados e municípios. Hoje, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que a nova rodada de distanciamento social pode resultar, em breve, em invasão de supermercados, greves e fogo em ônibus.

Lá fora, os índices Dow Jones e S&P 500 voltaram a renovar máximas históricas durante a sessão, e também no fechamento, no dia seguinte à aprovação final, pelo Congresso dos EUA, do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão, sancionado hoje pelo presidente Joe Biden, em momento no qual a vacinação avança em ritmo mais forte no país, recolocando a questão de quando o Federal Reserve deixará a zona de conforto e elevará os juros.

Aqui, o encaminhamento nesta quinta-feira do segundo turno de votação da PEC Emergencial mantém a percepção de que o que foi preservado do texto do Senado se impõe aos destaques eventualmente mantidos ao final da tramitação na Câmara dos Deputados. "A aprovação do texto-base da PEC Emergencial em segundo turno na Câmara e a promessa do presidente da Casa, Arthur Lira, de que o relatório da reforma tributária será apresentado na próxima semana aliviam o estresse da curva de juros, favorecendo mais um pregão de alta para o Ibovespa", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

"Para os próximos meses, com a aprovação da PEC Emergencial, vamos precisar observar, com auxílio emergencial em torno de R$ 250, o que esta injeção de recursos na economia vai trazer efetivamente de impacto para a inflação. A gente não imagina que os combustíveis nem a educação, que foram os principais vilões deste mês, contribuam de forma mais forte nos próximos - talvez uma inflação que venha mais dos alimentos, nos próximos meses. Vamos ver como serão as safras, mas a expectativa é por uma inflação muito mais tranquila a partir do mês de março e abril", observa Igo Falcão, sócio da Aplix Investimentos.

Juros

A curva de juros perdeu um pouco mais de inclinação nesta quinta-feira. O IPCA acima das estimativas reforçou as apostas no aperto monetário a partir do Copom de março, pressionando a ponta curta e abrindo espaço para devolução de prêmios nas taxas longas, estimulada ainda pela melhora na percepção de risco fiscal. A despeito da desidratação da PEC Emergencial na Câmara em relação à que saiu do Senado, prevaleceu a leitura de que as reformas em Brasília estão avançando. Trouxe alívio, ainda, a oferta pequena do Tesouro nos prefixados longos, vista como um fator a menos a estressar o mercado. No fechamento do dia, as taxas curtas tinham viés de alta e as longas recuaram.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 4,11% (regular) e 4,13% (estendida), de 4,046% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 5,854% para 5,88% (regular) e 5,905% (estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxas de 7,35% (regular) e 7,37% (estendida), de 7,426% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 7,88% (regular) e 7,90% (estendida), de 8,024%.

Houve surpresa negativa com o IPCA, que subiu 0,86% em fevereiro, superando o teto das previsões (0,80%) e sendo o maior para o mês desde 2016 (0,90%). Não por acaso, houve nova rodada de elevação das estimativas de inflação em 2021, como as do BNP Paribas (de 4% para 5%), Credit Suisse (4,8% para 5,1%) e BofA (4% para 4,6%), que vão se distanciando do centro da meta de 3,75% e se aproximando do teto de 5,25%. Na esteira do IPCA e das revisões, o mercado ampliou as fichas na aposta de alta de 0,75 ponto porcentual no Copom da semana que vem, que já é levemente majoritária na curva ante a expectativa de alta de 0,5 ponto. A precificação segue apontando taxa básica perto de 6% no fim do ano, mais precisamente de 5,86%.

"O IPCA mais alto coloca fogo na discussão sobre o aumento do juro, ainda mais com a liberação do auxílio emergencial", disse o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier.

A percepção de que a agenda de reformas, bem ou mal, está andando em Brasília também ajudou a desinclinar a curva. "A PEC não pode ser considerada boa, tem uma série de problemas, mas o mercado olha pela ótica do avanço", disse Xavier.

Ao manter a oferta pequena de NTN-F no leilão desta quinta, o Tesouro evitou pressão sobre a curva. O lote foi novamente de 100 mil (50 mil para 2027 e 50 mil para 2029), mas com demanda fraquíssima, de apenas 4,5 mil no papel para 2027. A NTN-F é um título normalmente de interesse dos não-residentes, cujo fluxo foi afugentado nas últimas semanas. "Desde o episódio sobre o comando da Petrobras, há problemas de fluxo estrangeiro em todos os ativos", disse Xavier.


Costura sob medida realiza sonhos

Estilista Cleide Souza produz o vestido ideal para noivas, formandas e debutantes

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895