Em dia marcado por ruídos nas Forças Armadas, Bolsa sobe 1,24% e dólar cai 0,08%

Em dia marcado por ruídos nas Forças Armadas, Bolsa sobe 1,24% e dólar cai 0,08%

Moeda norte-americana fechou cotado em R$ 5,76

AE

A B3 encerrou o pregão com alta de 1,24%, em 116.849 pontos

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Num dia marcado por ruídos gerados pela troca de comando das Forças Armadas, a Bolsa de Valores subiu e o dólar teve ligeira queda, indo na contramão do mercado internacional, que fechou o dia em terreno negativo. A B3 encerrou o pregão com alta de 1,24%, em 116.849 pontos. O dólar caiu 0,08%, cotado em R$ 5,76.

Na visão de especialistas, apesar das incertezas relacionadas às mudanças nas Forças Armadas, o mercado preferiu enxergar na reforma ministerial relâmpago, feita na segunda-feira, a chance de melhorar a governabilidade de Jair Bolsonaro.

A aproximação com o Centrão poderia significar um avanço na agenda de reformas no Congresso Nacional. "Mas o pano de fundo é cauteloso. Apesar de o dia de hoje (ontem) ter sido positivo, a última semana foi de grande volatilidade por causa do Orçamento", afirma o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada.

Na avaliação dele, a questão do Orçamento é um assunto preocupante que pode azedar o humor do mercado já que tem potencial para complicar uma economia debilitada pela pandemia e por crises anteriores.

Além do aumento de gastos, algumas manobras não recomendáveis, diz o economista, podem ensejar questionamentos legais e conturbar um cenário que já não está muito bom.

Desde a semana passada, o presidente vem enfrentado uma série de manifestações contrárias à forma como está conduzindo a pandemia, o que dificulta uma retomada econômica mais consistente.

No mercado ontem, havia quem entendesse o movimento de afastamento dos comandantes das Forças Armadas como uma cortina de fumaça de Bolsonaro para desviar a atenção dos problemas reais relacionados ao baixo desempenho econômico e sua dificuldade para lidar com o avanço da segunda onda de coronavírus no País.

Outro ponto que influenciou no desempenho do mercado foram os indicadores divulgados ontem. Após a criação recorde de 258.141 vagas em janeiro (dado revisado), o mercado de trabalho formal brasileiro voltou a surpreender em fevereiro, com um saldo positivo de 401.639 carteiras assinadas, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Campos Neto acredita, no entanto, que esse desempenho não deve se sustentar a partir deste mês. "A expectativa é que em março os números devem piorar." Além do número de empregos, o fato de o déficit do governo central ter vindo menor do que o consenso das estimativas contou a favor.

Um sinal de que o resultado positivo de ontem é pontual foi o avanço do CDS (Credit Default Swap) do País. No meio do dia, o termômetro do risco país, estava em 220.01 pontos ante 219.81 pontos marcados na véspera, de acordo com cotações da IHS Markit. Esse é um sinal de que ao menos o investidor estrangeiro guarda alguma reticência em relação ao País.

Mercado internacional

Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em baixa de 0,30%, em 33.071,07 pontos; o S&P 500 caiu 0,31%, para 3.958,88 pontos; e o Nasdaq perdeu 0,11%, para 13.045,39 pontos. Os investidores aguardam o anúncio de um pacote de investimento em infraestrutura, do presidente Joe Biden, da ordem de US$ 2,25 trilhões, o que pode impulsionar o índice de inflação no país. 


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