Em novo dia de volatilidade, dólar fecha em baixa, cotado em R$ 5,33

Em novo dia de volatilidade, dólar fecha em baixa, cotado em R$ 5,33

Bolsa tocou os 100 mil pontos, mas fechou em baixa de 0,61%, a 99.160,33, com influência do exterior

AE

Moeda norte-americana teve pequena queda de 0,21%

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O dólar teve novo dia de volatilidade, embora nesta quinta-feira o volume de negócios tenha sido maior. Pela manhã a moeda americana caiu, após dados melhores que o esperado de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos. Mas a cautela com o crescimento sem trégua dos casos de coronavírus em estados americanos, após a Flórida bater novo recorde diário de infecções e óbitos, ajudou a fortalecer o dólar no mercado internacional. Também pesou um revés sofrido por Donald Trump na Suprema Corte, que determinou que o republicano mostre suas contas financeiras. Após cair para a mínima de R$ 5,24, e subir a R$ 5,38, o dólar à vista fechou em baixa de 0,21%, cotado em R$ 5,3383.

No mercado doméstico, o dia teve agenda esvaziada, com destaque para a reunião do governo com fundos internacionais que ameaçaram deixar de investir em ativos brasileiros caso Jair Bolsonaro não mude sua política para o meio ambiente. Para tentar reduzir as críticas, o presidente baniu as queimadas na Amazônia por quatro meses. Após a reunião, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que os investidores internacionais querem "ver resultados" na área ambiental e não se comprometeram com investimentos.

Para a analista de moedas e mercados emergentes do Commerzbank, Thu Lan Nguyen, o real pode até se beneficiar de movimentos de maior busca por risco, como ontem, mas o clima ainda é de cautela com o país. Mesmo com Bolsonaro tendo testado positivo para o coronavírus, a postura do governo em relação ao combate à doença não deve ter mudança significativa e o Brasil deve seguir com casos em expansão, perdendo apenas para os EUA, ressalta ela.

"Incertezas com a retomada da atividade global deixam mercados sem direção única nesta quinta-feira", destacam os analistas do Bradesco. No exterior, o dólar subiu ante moedas fortes e boa parte dos emergentes, influenciado pelos casos de covid em alta nos EUA. A divulgação de que os pedidos de auxílio-desemprego somaram 1,31 milhão na semana encerrada em 4 de julho, enquanto os economistas previam 1,38 milhão ajudou as moedas emergentes, mas sem muito fôlego. "Foi a décima quarta semana seguida de queda", ressaltam os estrategistas do Wells Fargo, ressaltando, contudo, que já são várias semanas com pedidos acima de 1 milhão.

Ibovespa

O Ibovespa chegou a testar a marca dos 100 mil pontos na manhã desta quinta-feira, em movimento antecipado ontem pelos futuros, mas acabou se inclinando a nova trava nos lucros, em dia misto em Nova York, onde a demanda por ações de tecnologia manteve o Nasdaq em máximas históricas, em alta na sessão, enquanto Dow Jones e S&P 500 fecharam no vermelho. Por aqui, o índice de referência da B3 encerrou em baixa de 0,61%, aos 99.160,33 pontos, após ganho de 2,05% no dia anterior, que o havia deixado bem perto da linha psicológica dos 100 mil, perdida no início de março.

"Houve ruídos políticos nesta semana, com o Maia contrariando a visão do Guedes sobre privatizações este ano, no momento em que o governo busca alternativas para melhorar a arrecadação e encontrar alguma alternativa que contribua para readequar o fiscal, como tributação de dividendos e a volta da CPMF, ideias que não agradam", diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. "Com o dia negativo lá fora, e aproximação do fim de semana, a cautela acaba prevalecendo, até porque a realização (de lucros) tem sido pouca."

Para Laatus, o caminho para os 100 mil já está pavimentado, tendo em vista a disponibilidade de liquidez, mesmo com o investidor estrangeiro voltando a sacar recursos da B3 neste começo de julho após o mês anterior ter sido o primeiro de ingresso líquido desde setembro de 2019. "Já tem fundo no Brasil fechado para captação, tamanha a disponibilidade de recursos. A migração da renda fixa para a variável continua a prover fluxo para a Bolsa, mesmo com a retração do estrangeiro", acrescenta.

"O fluxo vai continuar impulsionando, com mais força do que os fundamentos, de forma que o viés é no máximo de leve alta, dado todo o cenário. Nossa bolsa não está barata, não tem muito mais 'upside', a considerar os fundamentos", observa Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante.

Na máxima de hoje, o Ibovespa foi a 100.191,24 pontos, maior nível intradia desde 6 de março (então aos 102.230,50), e, na mínima, retrocedeu a 98.860,83 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 26,6 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 2,48% e, no mês, avança 4,32%, cedendo agora 14,25% em 2020. Após o impulso proporcionado ontem pela forte recuperação nas vendas do varejo em maio ante abril, a falta de catalisadores domésticos de peso deixou os movimentos na B3 ao sabor do humor externo, mais cauteloso na sessão, em meio a sinais de que a pandemia de Covid-19 se mantém resistente em estados do Oeste e Sul dos EUA, como a Flórida.

Hoje, os Estados Unidos atingiram novo recorde de casos de covid-19 confirmados em um período de 24 horas: mais 64.771, de acordo com o Centro de Controle de Doenças. Na esfera política, chamou atenção a possibilidade de atrito entre o presidente americano, Donald Trump, e a Suprema Corte, que decidiu que o presidente deve entregar dados financeiros e tributários pessoais à procuradoria de Nova York, em momento no qual o republicano, desgastado pela pandemia e pelo aumento do desemprego nos EUA, encontra dificuldades para tracionar a campanha pela reeleição, em novembro.

Por aqui, o vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal, esteve reunido com representantes de parte dos fundos internacionais que haviam ameaçado sacar recursos investidos no País em razão do avanço do desmatamento. Após o encontro, Mourão disse que os investidores internacionais querem "ver resultados" na área ambiental.

Em dia negativo para as cotações do petróleo (-2,17% para o Brent de setembro), a ação ON da Petrobras fechou em baixa de 2,87%, enquanto a PN cedeu 2,25%. O dia foi de recuo também para Vale ON (-1,57%), assim como para a maioria das ações de bancos (Bradesco PN -2,23%) e de siderúrgicas (Usiminas -2,99%). Entre os componentes do Ibovespa, as perdas do dia foram lideradas por Braskem (-7,02%), à frente de CCR (-4,93%) e TIM (-3,54%). No lado oposto, a ação de Lojas Americanas subiu 10,12%, seguida por Eletrobras PNB (+9,39%) e Eletrobras ON (+8,60%).

Taxas de Juros

O mercado de juros resistiu ao pessimismo visto nos demais ativos e fechou com taxas entre a estabilidade, nos vencimentos curtos e de médio prazo, e queda na ponta longa. Numa quinta-feira de agenda fraca e noticiário sem destaque no Brasil, a melhora das expectativas para a economia doméstica acabou servindo de anteparo ao aumento da aversão ao risco lá fora, que penalizou ações e boa parte das moedas de economias emergentes e derrubou o juro dos Treasuries. Desse modo, a curva continuou perdendo inclinação, com base na aposta majoritária de manutenção da Selic em meio aos dados recentes de atividade que surpreenderam positivamente e sinais de maior otimismo do Banco Central com a economia.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 2,120%, de 2,125% ontem no ajuste, e a do DI para 2022 passou de 3,083% para 3,10%. A taxa do DI para janeiro de 2023 passou de 4,173% para 4,18% e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,483% para 6,43%.

As taxas curtas e intermediárias passaram o dia de lado, mostrando algum viés de alta, e as longas se firmaram em baixa, renovando mínimas, no meio da tarde, mas sem um catalisador claro. Embora as mínimas à tarde tenham coincidido com as mínimas da curva americana, nas mesas de operação os profissionais viram o alívio nos longos ligado aos fundamentos internos, especialmente à perspectiva de recuperação da atividade, que tem estimulado a tomada de risco naqueles vencimentos, dada a avaliação de que os demais vértices não têm muito para "andar". "A política monetária já deu o que tinha de dar. Um corte adicional de 0,25 ponto na Selic só estressaria ainda mais o mercado", avaliou o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno.

Um gestor de renda fixa afirma que o movimento de flattening que tem pautado a curva nos últimos dias é típico dos períodos que antecedem o fim de ciclos de afrouxamento monetário, mas que hoje foi "surpreendente" que os DIs tenham ficado comportados mesmo com a forte volatilidade do câmbio. "O País tem dado sinais de que o tombo da economia não será tão grande, pelos indicadores e declarações do próprio Roberto Campos Neto", afirmou.

À agência Reuters, o presidente do Banco Central disse hoje que, para que a autoridade monetária decida sobre mais um corte residual de juros, é preciso entender o impacto da retomada econômica na inflação. Ele destacou que alguns dados de inflação na margem vão, ainda que de forma muito residual, "mostrando pela primeira vez que (a inflação) está um pouco acima das expectativas" e disse que "sua confiança é maior no crescimento." Amanhã sai o IPCA de junho e a mediana das estimativas é de 0,30%.

No quadro de apostas para o Copom de agosto, as de queda de 0,25 ponto porcentual da Selic avançaram um pouco em relação a ontem, mas a expectativa de estabilidade da taxa básica segue majoritária. A precificação da curva apontando 68% de chance de Selic estável e 32% de probabilidade corte de 0,25 ponto, ante 75% e 25% ontem, respectivamente.


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