Em recessão, economia do Japão tem queda histórica no 2º trimestre
Contração de 7,8% é a mais expressiva do PIB japonês desde o início do registro dos dados comparativos em 1980
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O Produto Interno Bruto do Japão caiu 7,8% entre abril e junho em comparação com o primeiro trimestre, devido ao impacto da pandemia do novo coronavírus, um resultado negativo histórico, que se soma aos dos trimestres anteriores. A contração, de acordo com dados preliminares divulgados nesta segunda-feira pelo governo japonês, foi a terceira seguida, após as registradas no primeiro trimestre (-0,6%) e nos últimos três meses de 2019 (-1,9%), que levaram a terceira maior economia do mundo à recessão.
Esta é a primeira recessão do Japão desde 2015, definida por uma contração da economia durante dois trimestres consecutivos. Também é a queda mais expressiva do PIB japonês desde o início do registro dos dados comparativos em 1980.
As exportações também caíram 18,5% e as importações 0,5%, enquanto os investimentos públicos registraram contração no primeiro trimestre, mas aumentaram 1,2% entre abril e junho. O Japão, com balanço de quase 54.000 casos e cerca de mil mortes provocadas pela COVID-19, foi menos afetado que a maioria dos países europeus e os Estados Unidos.
O impacto do estado de emergência nipônico, que apelou à cooperação voluntária dos cidadãos e empresas, também foi menor que em outros países ricos.
A Eurozona registrou contração de 12,1% do PIB no segundo trimestre, afetada sobretudo por quedas expressivas das economias da França, Itália e Espanha, enquanto o PIB dos Estados Unidos desabou 32,9% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, o pior desempenho da economia americana desde o início dos registros em 1947.
Apesar do aumento de novos casos diários de infecção desde julho, o governo japonês reluta em recorrer a um novo confinamento, por temer os efeitos negativos na economia. A queda do PIB no segundo trimestre é atribuída em particular ao estado de emergência de abril e maio. Os dados mostram resultados melhores a partir de junho, destacam analistas, que acreditam no início de uma recuperação no período julho-setembro.
Para atenuar o impacto econômico da pandemia, o governo japonês anunciou dois planos de recuperação de dimensão histórica, que incluem 100.000 ienes (US$ 939) para cada residente no país. O auxílio tinha como objetivo estimular o consumo durante o verão.
Apesar das medidas, Naoya Oshikubo, economista do SuMi Trust, acredita que a recuperação será "modesta" e apenas em 2022 o PIB deve recuperar o nível anterior ao coronavírus. A recuperação também pode ser prejudicada pela enfraquecida demanda por exportações japonesas nos países duramente afetados pela pandemia.