EUA tarifará uísque escocês, queijo francês e azeitonas espanholas por caso Airbus

EUA tarifará uísque escocês, queijo francês e azeitonas espanholas por caso Airbus

UE ameaçou nesta quinta responder de mesmo podo caso medida do país se concretize

AFP

Caso que envolve Airbus já dura há 15 anos

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Uísque, vinho, casacos e suéteres de caxemira: os Estados Unidos publicaram uma lista de produtos importados atingidos por tarifas na batalha entre Washington e Bruxelas pelos subsídios aos aviões.

Washington anunciou que aplicaria tarifa de 10% à importação dos grandes aviões civis provenientes dos quatro sócios europeus da Airbus, Alemanha, França, Espanha e Reino Unido, depois que a Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu, na quarta-feira, que a empresa recebeu subsídios indevidos. 

A lista do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) inclui mais de 150 produtos, principalmente desses quatro países, mas também de outras partes da Europa, que receberão tarifas de 25% a partir de 18 de outubro.

O governo de Donald Trump tem a intenção de taxar os vinhos franceses, alemães e espanhóis - mas não os húngaros de Tokay -, bem como os uísques irlandeses e escoceses do Reino Unido.

Os queijos europeus, inclusive o de ovelha, o stilton, o cheddar, o reggiano e todos os azuis, menos o Roquefort, que está especificamente isento, se submeterão a tarifas.

As azeitonas, o azeite de oliva e os mexilhões da Espanha também enfrentarão uma tarifa de 25%. O café alemão, inclusive o descafeinado, também passará pelas tarifas. Já a caxemira "Made in England", os anoraques de lã e as roupas de cama de Reino Unido vão ser taxados em 25%, bem como as ferramentas industriais da Alemanha.

Resposta

A UE ameaçou nesta quinta responder as tarifas bilionárias. "Se os Estados Unidos impuserem suas contramedidas, obrigarão a UE a fazer o mesmo", advertiu, em entrevista coletiva, o porta-voz da Comissão Europeia, Daniel Rosario. Segundo ele, isso complicará o caminho para uma solução negociada no velho contencioso Boeing/Airbus.

Na quarta-feira, a OMC habilitou os Estados Unidos a taxarem as importações de bens europeus em até 7,5 bilhões bilhões de dólares. Washington anunciou que pretende aplicar a medida a partir de 18 de outubro.

O conflito envolvendo Boeing e Airbus já dura 15 anos. Os Estados Unidos atacaram primeiro na OMC em 2004, acusando os quatro países de concederem subvenções ilegais para apoiar a produção de uma série de produtos Airbus. Um ano mais tarde, a UE afirmava que a Boeing também recebeu subvenções proibidas por parte de Washington.

Os dois casos se viram imersos depois em um conflito jurídico, e cada parte ganhou de maneira parcial. Washington pedia à OMC poder impor tarifas de 11,2 bilhões de dólares, enquanto a queixa da UE, que deve ser considerada no início de 2020, é de 12 bilhões de dólares.

Nos últimos meses, os europeus tentaram convencer os Estados Unidos de Donald Trump a iniciarem uma negociação para resolver esta controvérsia de maneira amigável. O objetivo era evitar a imposição de novas tarifas, que se agregariam às do aço e do alumínio de março de 2018.

Apesar do anúncio das medidas para 18 de outubro, o representante comercial dos EUA disse que Washington está aberta a negociar com Bruxelas. Para a UE, a imposição de tarifas complicará uma solução negociada, ainda que também esteja disposta a conversar.

"Nossa mão está estendida. Espero que os Estados Unidos ouçam esta voz que, na minha opinião, é a voz da razão", declarou o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, que classificou de "grave erro econômico" a decisão de Washington de aumentar as taxas.

Alívio na Itália

A decisão dos Estados Unidos ganhou ainda mais respostas dos países europeus. "Evidentemente, estabeleceremos medidas de represália" contra os Estados Unidos, junto com a UE, se Washington consumar estas medidas, disse a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye, às emissoras BMFTV e RMC.

Já o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, pediu uma reação "resolvida, mas calibrada". A política comercial no bloco é dirigida pela Comissão Europeia. A Espanha, cujo principal produto agrícola exportado para os Estados Unidos é o azeite de oliva, pedirá que se trate do tema das tarifas durante a reunião de ministros da Agricultura prevista para 14 de outubro em Luxemburgo.

Segundo a secretária de Estado de Comércio da Espanha, Xiana Méndez, "o impacto nas exportações pode alcançar um valor de 1 bilhão de euros, principalmente para o setor agroalimentar".

As medidas do governo americano se concentram, sobretudo (ainda que não exclusivamente), nos produtos dos países participantes da Airbus. Exemplo disso é o alívio da Itália de ver como alguns de seus símbolos, entre eles massa e tomate, conseguiram se livrar da decisão.

O anúncio de novas tarifas tensiona a frágil trégua comercial estabelecida entre Bruxelas e Washington em julho de 2018. E poderá sofrer mais um golpe em breve, se Trump decidir, antes de 13 de novembro, ir adiante com sua ameaça contra os carros europeus, temida por Berlim.


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