Fed eleva juros dos EUA ante perspectiva de crescimento sólido

Fed eleva juros dos EUA ante perspectiva de crescimento sólido

Banco central americano deu sinais de que atuará mais agressivamente no correr do ano e em 2019

AFP

Novo presidente do Fed, Jerome Powell, encabeçou sua primeira reunião de política monetária

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O Federal Reserve (Fed, banco central americano) aumentou nesta quarta-feira pela primeira vez em 2018 as taxas básicas de juros diante do sólido crescimento dos Estados Unidos e deu sinais de que atuará mais agressivamente no correr do ano e em 2019. O novo presidente do Fed, Jerome Powell, encabeçou sua primeira reunião de política monetária na qual ficou decidido o aumento das taxas básicas em um quarto de ponto percentual, ficando em um patamar entre 1,50% e 1,75%.

Em suas estimativas trimestrais, os membros do Fed avaliaram que, após mais dois aumentos, as taxas terminarão o ano em 2,1% como haviam calculado em dezembro. No entanto, para 2019 planejam outros três possíveis aumentos para fechar o ano em 2,9%. "O panorama econômico se fortaleceu nos últimos meses", disse o Fed em comunicado emitido após dois dias de deliberação do comitê de política monetária (FOMC). O incremento das taxas foi aprovado por unanimidade. Contudo, o comunicado não expõe os motivos do aumento da taxa de crescimento do PIB e tampouco menciona as reduções de impostos aprovadas em dezembro pelo Congresso, que deveriam estimular a economia, pelo menos a curto prazo.

Divididos

Na previsão trimestral de taxas, o Fed espera para 2019 um aumento adicional aos dois planejados, embora os membros do Fed não vejam que a inflação vá acelerar. Eles preveem que terminaria 2018 em 1,9%, de acordo com o índice IPC, o preferido pela entidade, e em 2% em 2019. "Nos dados não há sinal de que estamos no limiar de uma aceleração da inflação", disse Powell em uma entrevista coletiva após o comunicado.

Nas estimativas sobre a evolução das taxas, os membros do Fed estão divididos. Oito esperam não mais que três aumentos este ano e sete esperam quatro ou mais. Apenas oito dos membros votaram sobre este ponto, mas todos participaram das discussões abertas na terça-feira.

O Fed espera uma expansão do crescimento neste ano e no próximo. Para 2018, estima um aumento de 2,4%. Além disso, o desemprego historicamente baixo (4,1%) continuará a cair e o ano deve terminar com surpreendentes 3,6%, de acordo com o relatório das projeções do Fed. O comunicado da entidade diz que a política monetária continua sendo um estímulo para a economia e reitera que "ajustes mais graduais (...) vão expandir a atividade econômica em ritmo moderado".

Os membros do Fed admitiram estar surpresos com a ausência de inflação, apesar da recuperação da economia e do vigor do mercado de trabalho. Contudo, o relatório insiste que atingirá a meta de 2% a "médio prazo". Espera-se que vários fatores, como a redução de impostos, o enfraquecimento do dólar e a robusta criação de empregos, levem a preços mais altos, enquanto o mercado de trabalho enxuto tende a elevar os salários.

Aos jornalistas, Powell admitiu que um dos riscos que as perspectivas econômicas enfrentam é o desencadeamento de uma guerra comercial. No entanto, ele disse que a questão foi discutida na reunião, mas não entrou em detalhes sobre se os conflitos poderiam impactar a inflação, ou o crescimento dos Estados Unidos. "Os participantes (da reunião) expressaram preocupações (...) relativamente novas", disse ele, referindo-se a uma escalada de represálias entre parceiros comerciais. "Eu não posso ser mais preciso do que isso", acrescentou.

Seu colega europeu, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, foi mais categórico. "Uma virada para o protecionismo implicaria em um alto risco para a produtividade e o potencial de crescimento da economia mundial", disse ele em 8 de março, assim que o governo do presidente Donald Trump anunciou a imposição de tarifas sobre a importação de alumínio e aço.

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