Governo desiste de vender ações do Banrisul

Governo desiste de vender ações do Banrisul

Valor de cerca de 20% menor do que o estimado motivou decisão

Correio do Povo

Havia a expectativa de arrecadar cerca de R$ 1,3 bilhão com o negócio

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Por meio de um fato relevante, o Banrisul comunicou ao mercado financeiro que retirou a oferta de ações, que seriam colocadas à venda nesta quinta-feira. A medida ocorreu porque o preço por ação ficou aquém do estimado pelo governo, quando informou a intenção de vender as ações. 

Havia a expectativa de arrecadar cerca de R$ 1,3 bilhão com o negócio. No entanto, a oferta pelas ações do banco foram em um valor de cerca de 20% menor que o previsto. Nesta quarta, o banco já havia reduzido a oferta de ações. As ações ordinárias (ON) do banco fecharam a R$ 23,94 (queda de 0,66) e as preferenciais classe B (PNB) a R$ 23,73 (alta de 7,96).

O Executivo pretendia usar o dinheiro da venda dos papeis para quitar passivos e regularizar o pagamento da folha dos servidores. 

• Entenda

A composição acionária do Banrisul compreende ações ordinárias (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN) das classes A e B (sem direito a voto). Em números, são 205.062.132 ações ordinárias e 203.912.345 ações preferenciais. O controlador do banco, o governo do Estado, detém 201.225.359 das 205.062.132 ações ordinárias.

Em fato relevante divulgado em 9 de setembro, o Banrisul anunciou a oferta de um lote de 96.323.426 ações ordinárias. Com isso, o governo iria se desfazer de ações até o limite possível para manter o controle acionário. No comunicado de 18 de setembro este lote foi reduzido para 71.350.686.

No comunicado do dia 9 também foi divulgada a modalidade de venda e o cronograma do processo. Nele ficou estabelecido que na terça-feira, 17 de setembro, seria finalizado o chamado bookbuilding (o procedimento no qual cada investidor indica quantas ações deseja adquirir e qual o preço está disposto a pagar, e o coordenador da venda tabula as informações, de forma a fechar o valor e os percentuais que ficarão com cada um) e fixado o preço por ação. A modalidade, de oferta restrita, limitou a compra a investidores profissionais. Nela os coordenadores de oferta contataram no máximo 75 investidores potenciais e, a partir do que eles informaram, até 50 são escolhidos e é estabelecido o valor de corte da ação.

À época, com base na cotação em bolsa, o banco apontou um valor de R$ 23,18 por ação ordinária e, a partir deste preço, projetou que a operação poderia render R$ 2.232.777.014,68. Para surpresa dos investidores, no final da tarde da terça-feira, 17, após o fechamento da Bolsa, não foi anunciada a precificação para a operação. Nesse dia, as ações ordinárias fecharam a R$ 24,01 e as PNB a R$ 21,85.

Apesar de o governo não se manifestar sobre o assunto, o mercado confirmou a informação de que os interessados na operação indicaram a disposição de pagar R$ 18,50 por ação ordinária. Foi em função disso que o governo alterou sua estratégia, mudou a quantidade de ações em oferta e os prazos da operação.

A venda de uma ação por um valor muito próximo ao chamado valor patrimonial é considerada no mercado como um negócio bom para quem compra. E a venda por valor abaixo do patrimonial é apontada como um péssimo negócio para o vendedor. O valor patrimonial é aquele registrado no balanço, obtido após a divisão do patrimônio líquido pelo número de ações.

A operação alvo de polêmica é a quarta de venda de ações do Banrisul em um período de 18 meses. Duas delas foram feitas durante a administração de José Ivo Sartori (MDB) e uma na de Eduardo Leite (PSDB).

Em abril de 2018 o Banrisul vendeu 26 milhões de ações preferenciais, a R$ 18,65 por ação, arrecadando R$ 484,9 milhões. Ainda em abril do ano passado, o banco fez nova venda, de 2,9 milhões de ações ordinárias, a um valor de R$ 17,65 por ação, arrecadando R$ 51,19 milhões. Em abril deste ano, na terceira operação, foram vendidas 2,1 milhões de ações preferenciais, a R$ 24,10 por ação, totalizando R$ 49,57 milhões. Com a última operação, o governo zerou sua participação em ações PNB no banco.


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