Governo federal viverá no próximo ano desafio na área fiscal, afirma economista

Governo federal viverá no próximo ano desafio na área fiscal, afirma economista

Aod Cunha participou do V Encontro de Economia, promovido pelo Conselho Regional de Economia do RS

Correio do Povo

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Independente de quem seja o vencedor nas eleições presidenciais, o próximo governo terá um relevante desafio na área fiscal. A avaliação é do economista Aod Cunha, comentarista econômico e atual membro de Conselhos de Administração. Ele abordou as perspectivas para as economias gaúcha e brasileira, com “um olhar de prazo longo”, na manhã deste sábado no IV Encontro de Economia, promovido pelo Conselho Regional de Economia do RS (Corecon-RS). O evento, que se estende na parte desta tarde, acontece no auditório da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre (AIAMU), na rua dos Andradas, no Centro Histórico de Porto Alegre.

“Este ano, o Brasil vai ter uma taxa de crescimento do PIB maior do que a gente esperava no início do ano, por uma série de razões, como uma recuperação mais rápida do mercado de trabalho e muito impulso fiscal, muita transferência de renda que o governo está fazendo…”, afirmou. “Por outro lado, para o próximo ano, tem muita incerteza de novo, principalmente por esse tema fiscal...O que o próximo governo, independente de quem ganhe, vai fazer com orçamento, como vai acomodar esses gastos adicionais…? O próximo ano será bem desafiador”, acrescentou.

Para a economia brasileira, Aod Cunha avaliou que, apesar de juros elevados, as expectativas de crescimento para 2022 melhoram significativamente, sobretudo por conta de mais impulso fiscal e melhora no mercado de trabalho. Ele frisou que a inflação começou a ceder com ajuda da redução de preços de combustíveis e energia, mas os juros devem permanecer altos por mais tempo.

Sobre o Rio Grande do Sul, Aod Cunha lembrou que o RS não é uma ilha e no longo prazo muito do seu crescimento está atrelado ao crescimento brasileiro, que tem sido bastante baixo. Em relação aos desafios de longo prazo da economia gaúcha, ele citou que o mercado consumidor local é relativamente pequeno frente às regiões Sudeste e Nordeste, como fator de atração de investimentos, tem uma demografia e geografia desfavoráveis e ainda a situação fiscal do setor público. 

A alternativa, considerou Aod Cunha, passa pelo foco em capital humano e qualidade de vida para ser um centro de exportações de bens e serviços de maior valor agregado para o país e o mundo, além de manter a sustentabilidade fiscal do setor público.

“O mundo está desacelerando e vai crescer menos...o mundo todo ainda está com uma inflação muito alta, a taxa de juros ainda vai subir bastante..Não é só a guerra da Ucrânia, tem estes lockdown de novo na China, que está voltando a fechar a economia...Tudo isso projeta um crescimento mais baixo para o mundo”, disse. Ele enfatizou que a persistência de inflação elevada e expectativas de mais aumentos de juros e redução do crescimento chinês começam a desacelerar de maneira mais forte a economia global. 

Neste contexto, observou, existe a discussão de que o Brasil talvez tenha “mais oportunidades nesse novo mundo, uma realocalização de cadeias produtivas”, mas alertou que para aproveitar isso é preciso fazer reformas, como tributária e administrativa, além de melhorar a qualidade da educação. 

“É uma possibilidade, mas a gente precisa fazer nossa agenda que está devendo já há algum tempo”, assinalou. “Não tem que ficar esperando o que o mundo vai fazer, precisamos fazer isso...O mundo sempre tem oportunidades. As empresas, mais que governos, estão fazendo uma discussão de realocação de cadeias produtivas...O Brasil pode aproveitar isso, mas ele só vai aproveitar se fizer a lição de casa”, concluiu Aod Cunha.

O evento reúne economistas de renome nacional e profissionais de diversas áreas para discutirem as perspectivas da economia brasileira e regional, cenários para os setores da indústria, agricultura e serviços do Rio Grande do Sul, além de outros temas da atualidade, como inovação e tecnologia e mercado de trabalho para o economista. O encontro, que tem o apoio do Conselho Federal de Economia (Cofecon), é dirigido a professores e estudantes de Economia das universidades gaúchas, profissionais de todas os ramos e ao público em geral.

Integrante da comissão organizadora do evento, o conselheiro federal de Economia, Clóvis Meurer, recordou que o Encontro de Economia tem o conhecimento como “grande objetivo”, sendo destinado em especial aos universitários e profissionais da área. “O economista tem uma formação ampla para poder ou sugerir decisões para executivos e governantes”, destacou. “O mundo está muito globalizado…A formação do economista que tem uma visão global é super importante para tomar decisões mais assertivas”, ressaltou.


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