Ibovespa bate novo recorde e dólar baixa para R$ 3,82

Ibovespa bate novo recorde e dólar baixa para R$ 3,82

Chance de aprovação da Reforma da Previdência e de corte de juros nos EUA embalaram mercado

Estadão Conteúdo

Moeda norte-americana teve enfraquecimento global

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O Ibovespa operou toda a sexta-feira em alta firme e bateu novo recorde histórico, acima dos 102 mil pontos, mesmo em um pregão pós-feriado, fraco de notícias locais. Na semana, o principal índice de ações brasileiro acumulou ganho de 4,05%, a maior alta desde a última semana de dezembro de 2018. Operadores destacam que o otimismo dos investidores, mesmo depois de o Ibovespa ter rompido a barreira dos 100 mil pontos na quarta-feira, foi embalado nesta sexta-feira por um ajuste das ações, após a B3 não operar na quinta-feira e o S&P 500 bater recorde, além da crescente possibilidade de corte de juros em breve nos Estados Unidos pelo Federal Reverve (Fed, o banco central dos EUA) e do aumento da chance de votação da reforma da Previdência antes do recesso parlamentar. Influenciado sobretudo por um enfraquecimento global, o dólar fechou o dia com a terceira queda consecutiva, em R$ 3,8252, em baixa de 0,62% e no menor patamar desde 10 de abril. Com isso, na semana, a moeda acumulou queda de 1,90% ante o real.

A expectativa dos agentes agora é para o encontro na semana que vem no Japão, durante a reunião do G-20, entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e o da China, Xi Jinping. O tema principal é discutir a situação comercial das duas maiores economias do mundo. "A reunião pode moderar as tensões comerciais, mas o timing de um acordo final vai permanecer altamente incerto", ressaltam os estrategistas em Nova York do Citibank. As bolsas americanas estão muito sensíveis ao tema e nesta sexta pela manhã, após relatos de progresso nas negociações de Pequim e Washington, os índices em Nova York zeraram as perdas e passaram a subir, mas perderam fôlego e fecharam em leve baixa.

Para o analista da Terra Investimentos Régis Chinchila, a sinalização de que os bancos centrais nos EUA e em outras partes do mundo desenvolvido podem reduzir juros é positiva para o Brasil, pois o país pode atrair mais capital externo. Internamente, destaca ele, o mercado passou a ficar mais otimista com a tramitação da reforma da Previdência e a chance de votação na Câmara em julho. "O Ibovespa está embutindo a aprovação da Previdência e o fluxo novo de capital para emergentes", disse ele. Pela análise gráfica, o Ibovespa pode testar os 107 mil pontos e os 115 mil com a aprovação da reforma.

Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), está a caminho um acordo entre o Planalto e a Câmara para votar o texto antes do recesso. Neste sentido, um gestor de renda variável destaca que o Banco Central, ao deixar claro na quarta-feira no comunicado da reunião de política monetária que o corte de juros só virá com aprovação da reforma da Previdência, oferece uma pressão a mais para os deputados votarem logo o texto. O Ibovespa fechou em alta de 1,70%, aos 102.012,64 pontos. Na B3, o volume de negócios desta sexta foi de R$ 18,6 bilhões, considerado bom para um pregão entre um feriado e um fim de semana, normalmente marcado por fraca liquidez.

A perda de fôlego do dólar tem como principal pano de fundo a decisão de política monetária do Fed de quarta-feira, que indicou que os EUA podem não estar longe de um novo corte na taxa de juros, confirmando uma expectativa do mercado e retirando pressão principalmente sobre moedas emergentes. A queda ante o real foi mais intensa do que em relação à maioria dos outros emergentes, em uma correção aos movimentos de quinta-feira dos mercados globais, feriado de Corpus Christi no Brasil. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas emergentes, tinha queda de 0,48% no fim da tarde desta sexta.

"Lá fora temos o dólar perdendo força, num processo de inflexão global. Isso é o pano de fundo. Junta com otimismo do mercado interno e a gente vê o dólar caindo ante o real", apontou o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior. Ele ressalta que a decisão do Fed de quarta-feira "mostrou que falta muito pouco para o corte de juros", o que retira pressão do dólar sobre moedas emergentes, à medida que diminui o risco de uma migração de fluxo estrangeiro para os Estados Unidos.

Ele aponta que mesmo a queda da taxa de juros no Brasil, que na interpretação do mercado foi sinalizada pelo Copom também na quarta-feira, não tem força suficiente para amenizar o enfraquecimento do dólar frente ao real. "O Copom vai cortar juros, vamos dizer 1,50 ponto até o fim do ano após aprovar a reforma da Previdência, mas Fed corta 0,75 ponto. O 1,50 ponto aqui perto dos 0,75 ponto nos Estados Unidos não são nada", disse. O operador de câmbio da CM Capital, Thiago Silêncio, destaca que contribuiu para a perda de fôlego do dólar nesta sexta, ainda, números acima do esperado do setor industrial alemão.

O indicador atingiu os 45,4 pontos na leitura preliminar de junho, maior nível em quatro meses, ainda que permaneça abaixo dos 50 pontos, que indicam contração da atividade.
Além disso, um dos pontos de tensão que pesava sobre os ativos globais foi aliviado após o presidente Donald Trump ter cancelado ataque autorizado quinta à noite ao Irã. "O mercado deixou o lado geopolítico de lado e ficou olhando os números que justificavam dólar para baixo", disse. Ajuda o real ainda uma alta no preço do barril de petróleo.

Internamente, favorece o real um clima de otimismo de que será viável aprovar a reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados antes do recesso de meio de ano. A notícia, de quinta-feira, de que o presidente Jair Bolsonaro estaria disposto a tentar uma reeleição não chegou a impactar os ativos.


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