Ibovespa encerra sessão de negócios em alta de 0,69%, na máxima do dia

Ibovespa encerra sessão de negócios em alta de 0,69%, na máxima do dia

Em queda, dólar fechou o dia a R$ 4,14, após subir 4,30% na semana passada

AE

Índica Bovespa fechou a segunda acima dos 108 mil pontos

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A bolsa conseguiu impulso para retomar o nível dos 108 mil pontos, perdido na sexta-feira passada, em uma sessão de negócios que iniciou com desvalorização refletindo o cenário internacional que ganhou certa complexidade no final de semana. A avaliação de analistas é a de que o dia tenha tido um componente mais forte de ajustes por um exagero de pessimismo visto no pregão anterior, quando o índice à vista perdeu quase 2%. Nos últimos minutos, o indicador acelerou a alta para 0,69% e fechou na máxima do dia, aos 108.367,44 pontos. O volume financeiro foi de R$ 14,7 bilhões.

Pouco antes do final do pregão, o governo anunciou um conjunto de medidas para tentar alavancar o mercado de trabalho, o chamado emprego Verde Amarelo, que tem como foco jovens entre 18 e 29 anos e meta de gerar 1,8 milhão de postos de trabalho até o fim de 2022.

Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, diz que a ação é positiva, apesar de já amplamente esperada, mas entra em um contexto econômico mais favorável, juntamente com maior liberação tanto de crédito quanto do FGTS. "Isso mantém as perspectivas de um melhor Natal para o comércio desde 2013 e impulsiona a valorização das companhias. Ajuda as empresas mais ligadas ao varejo, que deram sua contribuição de alta hoje", disse. No setor, Magazine Luiza subiu 2,76% e Lojas Renner avançou 3,33%.

Nesse sentido, diz Villegas, há uma tendência positiva, por enquanto. "As questões que pressionaram pela manhã tiveram efeito isolado. No entanto, a falta da continuidade de notícias internas positivas pode levar o índice a se acomodar nesse nível ou ainda iniciar movimento de realização".

O fato de Lula estar novamente em liberdade ficou em segundo plano para os negócios na avaliação de analistas. Em artigo para o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria, diz que o efeito da saída do ex-presidente é alterar o conteúdo da agenda legislativa. A tendência é de movimentação das forças políticas em direção à produção legislativa destinada à reversão da nova interpretação do Supremo. Naturalmente, o debate deve minimizar o espaço para a agenda econômica e provocar divisões na centro-direita.

Dólar

O dólar fechou a segunda-feira em queda de 0,57%, a R$ 4,1427. Após subir 4,30% na semana passada, na maior valorização semanal desde agosto do ano passado, operadores relatam que o dia foi marcado por realização de lucros e ajustes. Grandes investidores aproveitaram a queda do dólar no exterior, principalmente ante moedas fortes, e venderam a divisa americana aqui, embora ainda persista a cautela com os eventos na Bolívia, Hong Kong e os desdobramentos políticos da saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão.

Profissionais de câmbio observaram algumas entradas de dólar, mas a liquidez foi fraca no mercado por conta do feriado parcial nos Estados Unidos. O mercado de renda fixa fechou em Nova York, mas as bolsas operaram, embora com volume de negócios menor que a média. Aqui, o dólar movimentou apenas US$ 405 milhões no mercado à vista, um dos menores níveis das últimas semanas, e US$ 11,5 bilhões no mercado futuro, também abaixo da média diária (US$ 18 bilhões). O dólar para dezembro fechou em queda de 0,25%, a R$ 4,1580.

O economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson, afirma que ainda permanecem dúvidas sobre o impacto da saída de Lula da prisão. "É preciso ver se ele vai conseguir reagrupar a esquerda e ter algum impacto negativo na agenda econômica de Jair Bolsonaro", disse ao Broadcast. Pelo lado positivo, Jackson ressalta que o governo atual tem mostrado empenho em avançar com as reformas, sobretudo as fiscais, e retomar o crescimento, o que pode ajudar para melhorar a percepção dos estrangeiros.

O Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, um termômetro do risco-país, caiu para 115,9 pontos, nesta segunda-feira, voltando para os menores níveis desde 2013. "O câmbio teve um mercado morno, sem grandes notícias e ainda com muitas dúvidas sobre vários eventos", disse o diretor de um banco, ressaltando que além dos países da América Latina permanecem dúvidas sobre os protestos em Hong Kong, que estão ficando mais violentos, e a questão comercial entre China e Estados Unidos. Lá fora, o dólar caiu ante moedas fortes e subiu ante emergentes, como México, Chile e Turquia.

Taxas de juros

O mercado de juros começou a semana aparando o que foi considerado um excesso na reação negativa aos eventos políticos nas últimas sessões e as taxas passaram o dia todo em baixa, com a contribuição do recuo do dólar ante o real. O volume de contratos, porém, foi fraco, refletindo o meio-feriado nos Estados Unidos, assim como também tanto o noticiário quanto a agenda estiveram esvaziados nesta segunda-feira.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com a 4,52% (sessão regular) e 4,53% (sessão estendida), de 4,549% no ajuste da sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 5,661% para 5,58% (regular) e 5,61% (estendida). A taxa do DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,22% (estendida) e 6,20% (regular), de 6,251%, e a do DI para janeiro de 2027 fechou a regular em 6,54% e a estendida em 6,58%, mesmo nível do ajuste anterior.

Segundo profissionais, o alívio nos prêmios deveu-se a uma correção de exageros quando as taxas subiram no fim da semana passada, após a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) juntamente com a falta de avanços no diálogo entre a China e os Estados Unidos na "fase 1" do acordo comercial.

"Houve um arrefecimento momentâneo das preocupações em relação ao Lula, com avaliações menos passionais. Mas isso vale para hoje, amanhã pode mudar", disse o economista-chefe da Guide Investimentos, João Mauricio Rosal. "É uma incógnita a capacidade que Lula terá de aglutinar aliados em seu entorno, as rusgas no campo da esquerda não são facilmente conciliáveis. Só isso já atenua os riscos que foram exacerbados na sexta-feira", explicou.

Além disso, há a leitura de que "Lula livre" pode servir de estímulo para o governo entregar resultados na economia, que atualmente é a área em que há o que mostrar. "Pode haver um maior pragmatismo e, com isso, os ruídos dentro do governo, que tanto têm atrapalhado, devem diminuir", avaliou o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Ele acredita ainda que as turbulências políticas na Bolívia - convocação de novas eleições seguida de renúncia do presidente Evo Morales - neste fim de semana também contribuíram para ofuscar o "efeito Lula".

Para o gestor Daniel Delabio, sócio-fundador da Exploritas e especialista em mercados financeiros latino-americanos, a sequência de crises na América Latina - Argentina, Chile, e agora a Bolívia - e as dúvidas sobre o futuro da economia mexicana expõem a instabilidade política e econômica da região, mas colocam o Brasil em vantagem competitiva. "Entre os países da América Latina 'investíveis', o Brasil é o único que tem uma história boa para o investidor: o PIB vai começar a crescer, a indústria tem se recuperado, o câmbio está estimulativo", diz.


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