Ibovespa sobe 0,56% com negociação EUA-China e cessão onerosa

Ibovespa sobe 0,56% com negociação EUA-China e cessão onerosa

Com alta de 0,56%, índice fechou com 101.817,13 pontos

AE

Com alta de 0,56%, índice fechou com 101.817,13 pontos

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O Ibovespa emendou nesta quinta-feira, o segundo pregão consecutivo de alta em dia de apetite externo ao risco, alimentado pelo otimismo com a retomada das negociações comerciais sino-americanas, após declarações positivas do presidente dos EUA, Donald Trump. No front doméstico, a aprovação pela Câmara, quarta à noite, das regras para partilha dos recursos do megaleilão da cessão onerosa afastou os temores de aumento das tensões políticas e possível atraso na votação final da reforma da Previdência no Senado.

Pela manhã, o Ibovespa chegou a superar os 102 mil pontos, com altas firmes de papéis de empresas de commodities e exportadoras, mas perdeu um pouco do ímpeto ao longo da tarde, em sintonia com o movimento dos índices acionários em Wall Street. Com mínima aos 101.152,12 pontos e máxima aos 102.482,98 pontos, o principal índice da B3 encerrou o pregão aos 101.817,13 pontos, em alta de 0,56%. Com os ganhos quarta e quinta, as perdas acumuladas na semana caíram para 0,72%. Em outubro, o índice ainda acumula desvalorização de 2,80%. "Havia muito ruído quarta à noite sobre as negociações dos Estados Unidos com a China. Os mercados abriram com cautela, mas acabaram se animado com Trump. O ambiente ainda é de muita incerteza e volatilidade", afirma Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, ressaltando a falta de fôlego do Ibovespa para se manter na casa dos 102 mil pontos.

Após notícias dando conta de que a agenda de encontros entre chineses e americanos poderiam ser encurtada, em meio à troca de farpas de ambos os lados, o presidente dos EUA usou o Twitter para arrefecer os ânimos. Ele afirmou que deve se encontrar com o vice-premiê chinês Liu He nesta sexta-feira. Foi o que bastou para que os investidores saíssem da retranca e empurrassem bolsas e preços de commodities para cima, enquanto vendiam títulos do Tesouro americano (cujas taxas subiram) e compravam moedas emergentes, à exceção do real, que se depreciou por questões domésticas. Não por acaso, as maiores altas do índice foram de Vale ON (3,44%), siderúrgicas - Gerdau PN (3,67%), Usiminas PNA (2,33%) - e da Suzano ON (5,34%). O Índice de Materiais Básicos da B3 fechou em alta de 3,30%. Os papéis do setor financeiro também avançaram, com destaque para as units do Santander (2,24%) e as PN do Bradesco (1,13%). Operadores também citaram como fato positivo o resultado da 16ª Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP) pela manhã.

O governo arrecadou R$ 8,915 bilhões em bônus de assinatura (valor recorde). A Petrobras disputou dois blocos e levou um deles, na Bacia de Campos, em parceria com a petroleira britânica BP Energy. A empresa afirmou que realizará o pagamento de sua parte no consórcio (R$ 1,435 bilhão) ainda neste ano. As ações da Petrobras apresentaram desempenho modesto, com alta inferior a 1%, a despeito da alta firme dos preços futuros do petróleo no mercado internacional. "O leilão da ANP foi bom, com ágio grande, mas o que interessa mesmo para a Petrobras é o megaleilão da cessão onerosa. O papel da empresa deve começar a andar mais no fim deste mês, já que a operação será em novembro", afirma um experiente operador de ações de uma corretora local.

Quarta à noite, a Câmara aprovou o projeto de partilha dos recursos da cessão onerosa - 15% para os municípios e 15% para os Estados. A matéria segue agora para o Senado, onde deve ser apreciada na próxima terça-feira. Uma vez limpa a pauta, a Casa pode votar a reforma da Previdência em segundo turno no dia 22 de outubro. "O que importa para o mercado é que a reforma da Previdência seja aprovada para que o governo passe para as próximas pautas. Além da questão da guerra comercial, a alta do Ibovespa depende de que a economia mostre alguma recuperação", afirma Galdi, da Mirae. O crescimento de 0,1% das vendas do varejo em agosto ante julho (com ajuste sazonal) ficou abaixo da mediana do Projeções Broadcast (0,30%), mas dentro do intervalo das estimativas colhidas de queda de 0,90% a avanço de 0,80%. Os papéis das varejistas apanharam na B3. O índice do setor de consumo fechou em queda de 0,46%.

Dólar

O real destoou de outras moedas nesta quinta-feira. Em dia de queda do dólar antes divisas fortes e de emergentes, como México, Rússia, África do Sul, a moeda americana chegou a ser negociada aqui a R$ 4,13 na máxima. Profissionais de câmbio ressaltam que novamente a perspectiva de queda dos juros, realimentada após a divulgação de dados decepcionantes das vendas no varejo de agosto, contribuiu para pressionar o câmbio, pois deixa os investimentos no País menos rentáveis. No mercado à vista, o dólar terminou o dia em alta de 0,49%, a R$ 4,1229. Os estrangeiros estão mostrando mais cautela mesmo para investimentos em ofertas de ações, o que reduz ainda mais a entrada de dólares no Brasil. Na oferta de ações da Vivara, o estrangeiro ficou com 30% dos papéis.

Dados da Anbima mostram que os investidores externos ficaram com 44,6% das ofertas de ações este ano até setembro, ante 63,7% no mesmo período do ano passado. Para o estrategista de moedas em Nova York do banco BBVA, Alejandro Cuadrado, os juros baixos e a tendência de mais cortes pela frente estão mudando as operações com a moeda brasileira para os grandes investidores. A estratégia de "carry trade" (tomar empréstimo em país de juro baixo para apostar aqui) deixou de fazer sentido, observa ele. Ao contrário, a tendência de juros baixos reforçou o real como uma moeda para hedge (proteção), pois os custos aqui ficam menores que em outros emergentes com juro maior, como o México, Rússia e África do Sul. Ele prevê que o dólar vai terminar o ano em R$ 4,04.

Além do diferencial de juros, as mesas de câmbio operaram atentas às reuniões bilaterais em Washington entre China e Estados Unidos. O presidente dos EUA, Donald Trump, vai se encontrar com o vice-premiê chinês Liu He sexta-feira, anúncio que contribuiu para estimular o apetite por risco no mercado internacional, enfraquecendo o dólar. Para os estrategistas do banco Morgan Stanley, há um clima de "otimismo cauteloso" antes dos encontros em Washington. Há esperança para algum tipo de acordo entre Pequim e Washington, ainda que possa ser somente parcial, após a China sinalizar essa disposição, avaliam os estrategistas do Danske Bank. Eles observam que algum comunicado das reuniões só deve vir no final da tarde de sexta, contribuindo para deixar os mercados apreensivos.

Taxas de juros

A perspectiva de cenário favorável para a inflação e queda da Selic manteve os juros futuros em baixa durante toda a quinta-feira, com destaque novamente para o miolo da curva, trecho onde as taxas mais recuaram. A deflação do IPCA ainda reverberou sobre a curva, somada aos dados do varejo abaixo da mediana das estimativas, à melhora do ambiente político em Brasília e ao aumento da apetite pelo risco no exterior. A exemplo de quarta, o volume de contratos foi robusto. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a 4,650%, de 4,708% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou na mínima de 5,75%, ante 5,831%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,481% para 6,44% (mínima). Na sessão estendida, as taxas seguiram em baixa e renovando mínimas.

O avanço do dólar ante o real não abalou a confiança de que há espaço para o Copom levar a Selic até 4,5%, até porque a moeda brasileira destoou do comportamento das demais emergentes ante o dólar justamente em função do aumento das apostas na redução do juro básico. Com a atividade muito enfraquecida, os analistas não veem risco de um repasse da alta do câmbio aos preços que possa comprometer o ciclo de afrouxamento monetário. As vendas do varejo ampliado ficaram estagnadas em agosto ante julho, quando a mediana das estimativas era de alta de 0,60%.

Patricia Pereira, gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimento, destaca que, após a deflação do IPCA de 0,4% em setembro divulgada quarta, a perspectiva é de que após os cortes na taxa básica nos próximos meses a Selic continue por um bom tempo no piso histórico até que o Copom inicie um processo de alta, o que deve acontecer somente quanto a economia aquecida ameaçar as metas de inflação. "Por isso, a curva ficou com este 'steepening'. Há uma desinclinação até os vencimentos de médio prazo, depois disso os longos mostram um ritmo de queda bem menor. A curva diz que o BC vai cortar, mas não vai precisar subir tão logo", avaliou.

Houve importante contribuição do cenário do ambiente externo para alívio de prêmios, de maior otimismo com o encontro entre a China e os Estados Unidos para negociar o acordo comercial. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que se reunirá sexta com o vice-premiê da China, Liu He, em Washington, dissipando a preocupação de que o encontro fosse encerrado precocemente nesta quinta. Internamente, para além dos fundamentos econômicos, o considerado bem-sucedido leilão de áreas do pós-sal realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), com participação de importantes operadoras estrangeiras, e a aprovação na quarta pela Câmara do projeto de lei que trata da partilha dos recursos da cessão onerosa contribuíram para o sentimento positivo do mercado. 


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