Ibovespa sobe 0,76% no dia e dólar fecha em R$ 4,00

Ibovespa sobe 0,76% no dia e dólar fecha em R$ 4,00

Índice Bovespa ensaiou, mas não conseguiu recuperar marca dos 100 mil pontos

AE

Moeda americana acumulou alta de 1,59% aqui e de 20% no país vizinho

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O bom desempenho das bolsas na Europa e nos Estados Unidos foi determinante para que o Índice Bovespa operasse em alta durante todo o pregão desta sexta-feira, mas sem grande entusiasmo. O principal índice de ações da B3 até ensaiou recuperar a marca dos 100 mil pontos, perdida na quinta, mas não teve fôlego para sustentar o patamar por mais que alguns minutos. Ao final dos negócios, marcou 99.805,78 pontos, em alta de 0,76%. Em Nova York, todos os principais índices subiram além de 1%, recuperando perdas com a expectativa de estímulos econômicos na Alemanha. Ainda assim, também terminaram a semana em queda.

O avanço do Ibovespa no dia apenas amenizou as fortes perdas da semana, que somaram 4,03%. Nos últimos cinco pregões, as oscilações foram comandadas essencialmente pelo noticiário internacional, com escassa influência dos cenários político e corporativo no Brasil. Guerra comercial entre Estados Unidos e China, protestos em Hong Kong, dados econômicos fracos na Europa e crise na Argentina foram os ingredientes que geraram forte aversão ao risco nos mercados globais, com forte penalização das bolsas em geral.

De acordo com Thiago Tavares, analista da Toro Investimentos, o desempenho modesto do Ibovespa nesta sexta-feira refletiu principalmente a cautela e a expectativa do investidor antes de uma semana de eventos importantes, como a ata da reunião de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira, e o simpósio econômico de Jackson Hole, que começa na quinta-feira. "Há uma expectativa com o Jackson Hole, sobretudo com a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, uma vez que as recentes declarações dele sobre a política monetária dos Estados Unidos desanimaram os mercados", disse.

Na visão de Tavares, o cenário internacional deve seguir como principal influência sobre os negócios no Brasil, com algum espaço para o noticiário corporativo. Castigadas pela tensão do investidor com os sinais de enfraquecimento econômico no mundo, as ações de materiais básicos estiveram entre as que registraram perdas mais significativas na semana. Petrobras PN caiu 1,32% nesta sexta-feira e contabilizou perda de 8,41% na semana.

A expectativa de que o governo promova o aquecimento da economia, no entanto, continua a dar algum fôlego extra a ações do setor de consumo. O Iconsumo, que congrega 52 ações do setor, fechou em alta de 1,50% no dia, na máxima do dia.

Dólar

O dólar registrou a quinta semana consecutiva de valorização no Brasil, influenciado pelo aumento do temor de piora da economia mundial e, nos últimos dias, pela crise na Argentina. A moeda americana acumulou alta de 1,59% aqui e de 20% no país vizinho, em uma semana que notícias boas da economia doméstica foram ofuscadas pelos eventos externos. O dólar à vista fechou a sexta-feira em R$ 4,0031, com alta de 0,33%.

Mesmo com o estresse dos últimos dias, que levou o dólar para o nível de R$ 4,00 pela primeira vez desde maio, especialistas em moedas avaliam que a volatilidade e o nervosismo devem prosseguir, mantendo o câmbio pressionado aqui e em outros emergentes. A situação na Argentina não deve melhorar no curto prazo, na medida em que o mercado não mais acredita nas chances de vitória do atual presidente, Mauricio Macro, ressalta o diretor de um banco.

No cenário externo, não se espera um desfecho rápido para o impasse comercial entre a China e os Estados Unidos. "Permanecemos cautelosos com moedas de emergentes", afirmam os estrategistas do Bank of America Merrill Lynch nesta sexta-feira. "Os ativos de risco tiveram um choque de realidade esta semana", completam, destacando que aumentou a percepção de que a política monetária sozinha não vai conseguir reverter a piora da economia mundial.

Em meio ao conturbado momento no mercado financeiro internacional, a semana que vem terá dois eventos que podem afetar as cotações do dólar. A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que sai na quarta-feira (21), e o simpósio anual do Fed em Jackson Hole, no Wyoming, e que deve reunir alguns dos principais banqueiros centrais do planeta, entre os próximos dias 22 a 24. "Esperamos que o presidente do Fed Jerome Powell indique que os riscos de piora da economia permanecem relevantes", avaliam os economistas em Nova York do Barclays, prevendo novo corte de juros nos EUA em setembro.

Na semana que vem, dia 21, o Banco Central começa sua nova estratégia de atuação no câmbio, com três instrumentos, venda de dólares das reservas, swap cambial (venda de dólar no mercado futuro) e swap cambial reverso (compra de dólar no mercado futuro). "Finalmente o BC está fazendo o que é correto", avalia o sócio e presidente da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC.

Nesta sexta-feira, a cautela acabou prevalecendo no mercado local, antes de um final de semana que terá manifestações em Hong Kong e ainda podem aparecer desdobramentos das discussões comerciais entre China e EUA. O dólar subiu ante divisas fortes e de alguns emergentes como México, Rússia, Turquia e África do Sul.

Taxas de juros

Os juros futuros reforçaram o movimento de queda que já ditava o rumo das taxas pela manhã desta sexta-feira, 16, renovando mínimas à tarde, mesmo diante de uma leve aceleração do avanço do dólar que levou a moeda de volta ao patamar dos R$ 4. Na jornada matutina, o recuo das taxas já era embalado pelas perspectivas em relação a eventos e indicadores da próximas semana e, na segunda etapa, esse vetor ganhou força, em meio ainda à consolidação da retomada do apetite ao risco no exterior. A agenda da semana que vem tem potencial para reforçar a ideia de juros mais baixos no Brasil e no mundo, contemplando as divulgações do IPCA-15 de agosto e a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 caiu de 5,469% para 5,40% e a do DI para janeiro de 2023, de 6,461% para 6,37%. A taxa do DI para janeiro de 2025 fechou em 6,88%, de 6,941%. A semana foi de elevado estresse nos mercados em função da piora do cenário para a economia mundial, do acirramento da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos e maior pessimismo com o quadro eleitoral na Argentina, mas o mercado de juros se comportou relativamente bem. As taxas encerraram em níveis muito próximos ao da sexta-feira passada.

Embora as preocupações com a economia global não tenham se dissipado, houve uma trégua no noticiário negativo sobre o assunto, abrindo espaço para a recomposição de posições. "E, mesmo com o rendimento dos Treasuries subindo, infelizmente, a perspectiva ainda é de baixo crescimento no mundo. Todas as curvas de juros estão em níveis baixos", explicou o estrategista de renda fixa da Coinvalores, Paulo Nepomuceno, lembrando que, enquanto isso, aqui, pela "primeira vez na história conseguimos ter inflação comportada".

Além do IPCA-15, no exterior, a ata do Fomc também é tida como potencial catalisador para as apostas numa política mais branda do Fed, juntamente com o Simpósio Anual de Jackson Hole, que reúne os principais representantes de autoridades monetárias do mundo e que será realizado entre 22 em 24 de agosto, em Wyoming. "A ata deve trazer detalhes adicionais da sua última decisão, de corte de juros, que ainda não considerava a escalada recente da guerra comercial", disseram os profissionais do Bradesco, em relatório.


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