Ibovespa sobe 1,30% e dólar cai a R$ 3,92

Ibovespa sobe 1,30% e dólar cai a R$ 3,92

Índice Bovespa volta aos 104 mil pontos

AE

Dólar teve um recuo de 1,18%

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O Índice Bovespa teve nesta quinta-feira sua terceira alta consecutiva, mais uma vez determinada pela melhora no apetite por risco no mercado internacional, e fechou em alta de 1,30%, aos 104.115,23 pontos. Esse é o maior patamar desde 24 de julho (104.119 pontos), que leva o índice a contabilizar ganho de 2,26% no acumulado de agosto. A valorização é sustentada essencialmente pelo investidor doméstico, já que o estrangeiro continua a reduzir sua participação no mercado acionário brasileiro.

O cenário doméstico também contribuiu para dar força ao movimento comprador, mas com efeito bastante limitado, segundo analistas. A votação em segundo turno da reforma da Previdência na Câmara foi bem recebida pela velocidade e por ter preservado R$ 933 bilhões de economia em dez anos, não muito distante do R$ 1,1 trilhão proposto pelo ministro Paulo Guedes. A expectativa agora é que a tramitação no Senado se dê sem sobressaltos. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) estimou em 60 dias o prazo para que a reforma seja concluída na Casa.

"A reforma da Previdência passou bem na segunda fase da Câmara e não deve ter problema no Senado, sendo considerada um ponto já vencido. Mas o mercado já precificou essa etapa, restando agora conviver com essa interminável volatilidade do mercado internacional", disse Mário Roberto Mariante, chefe de análise da Planner.
Mariante afirma que a tensão comercial entre Estados Unidos e China, que se estende desde o final de 2017, parece mais acirrada agora e não dá indícios de estar próxima de um desfecho no curto e no médio prazo. Com isso, afirma, há risco de prejuízos diversos ao Brasil, passando dos efeitos na economia aos reflexos nas ações de empresas de peso na bolsa, como a Vale.

O sinal de alta do Ibovespa foi definido logo na abertura dos negócios, com o mercado brasileiro alinhado à melhora de humor no cenário mundial. A inesperada alta de 3,3% das exportações chinesas em julho impulsionou a recuperação das commodities metálicas. O minério de ferro interrompeu uma sequência de quedas que perdurou por seis sessões e fechou em alta de 0,87% no porto chinês de Qingdao. Assim, Vale ON seguiu as altas de suas pares no mercado internacional e terminou o dia com ganho de 1,51%.

O petróleo também ganhou fôlego nesta quinta-feira, em meio a especulações sobre novo corte de produção dos países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e à informação de que a Arábia Saudita estaria tomando medidas para controlar os preços e deter uma queda acentuada da commodity. Com os preços da commodity em recuperação significativa nas bolsas de Nova York e Londres, as ações da Petrobras avançaram 2,38% (ON) e 2,93% (PN).

Dólar

Um alívio pontual nos temores de escalada das tensões entre China e Estados Unidos abriu espaço para uma recuperação do apetite por risco nesta quinta-feira. Em dia de perda generalizada da moeda americana em relação a divisas emergentes, o dólar à vista operou em baixa o dia inteiro e, depois de registrar mínima de R$ 3,9202 na última hora de negócios, fechou a R$ 3,9275, recuo de 1,18%.

Embora já estivesse em grande parte refletida nas telas de cotação, a aprovação definitiva da reforma da Previdência na Câmara na quarta e a perspectiva de tramitação tranquila no Senado contribuíram para a recuperação do real. Operadores notaram desmonte de posições compradas em dólar de investidores estrangeiros, o que revela menos demanda por proteção. De 26 de junho até quarta, os estrangeiros haviam elevado suas posições compradas em pouco mais de R$ 3,5 bilhões, em meio à piora do cenário global.

O mercado de câmbio doméstico já abriu sob o impacto da alta surpreendente das exportações China em julho e uma depreciação da moeda chinesa menor que a esperada, embora a cotação do dólar tenha sido fixada acima da marca psicológica de 7 yuans. Temia-se que a China, acusada de manipuladora cambial pelo presidente Donald Trump, pudesse promover uma desvalorização mais forte da sua moeda, elevando a temperatura do conflito com os EUA.

"A China voltou a depreciar o yuan, porém menos do que o esperado, e isso trouxe alívio ao mercado", afirma o operador de câmbio Thiago Silêncio, da CM Capital Markets. "Como o dólar havia subido muito e chegado perto dos R$ 4, havia espaço para uma realização mais forte."

De fato, o dólar havia acumulado ganhos de 5,35% em sete dos últimos oito pregões. Mesmo com a queda de 1,18% nesta quinta-feira, a moeda americana ainda apura valorização de 0,93% na semana e de 2,82% no mês.

O estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, observa que a possibilidade de uma desaceleração mais forte da economia americana, por conta da guerra comercial, também levou os investidores a apostar em mais corte de juros nos Estados Unidos. Em um cenário de arrefecimento das tensões sino-americanas e menor temor de recessão global, um corte dos Fed funds pode se traduzir em maior apetite por ativos emergentes. Foi nesse ambiente que ecoaram no mercado as declarações 'dovish' do presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, na quarta à noite.

"Com as tarifas impostas a produtos chineses, haverá aumento dos custos para o consumidor americano e desaceleração da economia. Isso faz o mercado acreditar que o Fed pode cortar mais os juros", diz Laatus, ressaltando que é cedo, contudo, para descartar a possibilidade de novos atritos entre China e Estados Unidos e, por tabela, surtos de venda de ativos de risco. "Tivemos um alívio que abriu espaço para uma realização. Mas a questão da guerra comercial ainda não foi resolvida."

Taxas de juros

Uma combinação de melhora no apetite por ativos de risco no exterior e noticiário interno positivo sobre reformas e inflação resultou nesta quinta-feira, 8, no alívio de prêmios de risco ao longo de toda a curva de juros, mais pronunciada no trecho longo. Se a ponta curta não chegou a cair tanto, ao menos algumas destas taxas voltaram a renovar mínimas históricas de fechamento, caso por exemplo da do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que terminou em 5,475%, na mínima do dia, ante 5,506% na quarta no ajuste. Este vencimento é o que melhor representa as apostas para Selic nas reuniões do Copom restantes para 2019. Foi o terceiro dia seguido de queda nos DIs.

Outro contrato a fechar na mínima histórica foi o DI para janeiro de 2021, a 5,40%, de 5,429% no ajuste de quarta. Nas mesas de renda fixa, o IPCA de julho (0,19%) melhor do que apontava a mediana das estimativas (0,25%) dos economistas e a inesperada queda do IGP-DI de julho (-0,01%) tiveram impacto moderado nos negócios, mas, de todo modo, reforçam o cenário benigno para a inflação. Em 12 meses, o IPCA atinge 3,28%, ante meta de inflação de 4,25% para este ano. Com isso, as apostas de que a Selic será reduzida em mais 0,50 ponto porcentual em setembro vão se consolidando. No fim da tarde, a curva a termo precificava em torno de 65% de queda da taxa básica para 5,50% no mês que vem.

Nos longos, as ordens de venda foram atraídas pelo alívio com os bons dados de exportações da China em julho se contrapondo aos temores de desaceleração global em função da tensão comercial com os Estados Unidos, o que enfraqueceu o dólar ante moedas de economias emergentes. "O que está acontecendo é global, com o mundo convergindo para juros mais baixos e aqui o BC resolvendo ceder aos números de inflação e de atividade e à pressão de mercado para definir um ciclo de queda da Selic entre 1,25 e 1,5 ponto", disse o sócio-gestor da LAIC-HFM, Vitor Carvalho.

O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 6,34%, de 6,371% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,881% para 6,83%.

Internamente, após a aprovação da reforma da Previdência em segundo turno na Câmara, o mercado está otimista com a tramitação do texto no Senado e aliviado pelo fato de que o nível de desidratação da potência fiscal até o momento é menor do que o esperado. "Temos uma Previdência sem tanta desidratação e a discussão da PEC paralela de Estados e municípios ganhando fôlego, o que representa uma melhora discreta para este tema", disse o economista-sênior da XP Investimentos, Marcos Ross.


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