Ibovespa sobe 2% e dólar fecha o dia a R$ 4,03

Ibovespa sobe 2% e dólar fecha o dia a R$ 4,03

Índice Bovespa voltou a superar os 100.000 pontos

AE

Dólar cai 0,52%, mas continua acima de R$ 4,00

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A sinalização do governo nesta quarta-feira de que pretende levar adiante um pacote de privatizações com pelo menos 17 empresas deu fôlego ao Índice Bovespa, que subiu 2,00% no fechamento, alcançando 101.201,90 pontos, muito próximo da máxima do dia. O cenário internacional também contribuiu positivamente, com as bolsas operando em alta na Europa e nos Estados Unidos. Os negócios na bolsa brasileira somaram R$ 18,3 bilhões.

Como não poderia deixar de ser, as estrelas do pregão foram os papéis do "kit privatização", à espera da confirmação da lista de empresas a serem privatizadas, prevista para o final da tarde, conforme sinalizou o ministro da Economia, Paulo Guedes. Eletrobras ON e PNB foram as maiores altas do Ibovespa, com ganhos de 12,39% e 11,80%, nesta ordem. Banco do Brasil ON subiu 5,72%. Os papéis da Petrobras, que já vinham oscilando em alta, aceleraram os ganhos no meio da tarde, após notícia não oficial de que a equipe econômica estuda privatizar a companhia até o final do governo. Com isso, Petrobras ON subiu 5,32% e Petrobras PN ganhou 5,95%.

"A notícia foi bem recebida porque sinaliza melhora do caixa do governo, expectativa de profissionalização da gestão das empresas e atração de investimentos para o Brasil. O setor mais promissor é o de energia elétrica, no qual o investidor estrangeiro tem grande interesse", disse Gabriel Machado, analista da Necton Corretora. "Mas como essas privatizações não vão acontecer no curto prazo, o mercado tende a continuar à espera de questões como a conclusão da reforma da Previdência e o início da tributária, além das reformas microeconômicas, como forma de estimular a economia", ressalva o profissional.

Para Vitor Miziara, analista da Criteria Investimentos, o bom desempenho do mercado brasileiro esteve relacionado a uma série de sinais que vêm sendo emitidos pelo governo no que diz respeito ao avanço da agenda liberal e ao apoio parlamentar para reformas. No entanto, afirma que o investidor estrangeiro segue resistente.

"O investidor lá de fora não acredita em privatização da Petrobras no atual governo. No máximo na do Banco do Brasil, que já seria difícil. Por isso, só o investidor local comprou hoje", disse. Miziara ressalta a influência positiva do mercado internacional no dia, com bolsas recuperando perdas recentes e sem grandes surpresas com a ata da reunião de política monetária do Federal Reserve.

Dólar

O dólar teve o segundo dia de queda nesta quarta-feira, mas seguiu acima de R$ 4,00 pela quarta sessão consecutiva. A moeda americana fechou em baixa de 0,52%, a R$ 4,0301 no mercado à vista. As moedas de emergentes, com exceção da Argentina, se recuperaram das perdas de terça e o real acompanhou este movimento, em pregão com maior apetite por risco na economia mundial. O dia foi marcado também pela início da nova estratégia de atuação do Banco Central no câmbio, com venda de dólares das reservas, mas que acabou não tendo demanda pelos US$ 550 milhões ofertados. Um novo leilão ocorre nesta quinta-feira e também cresce a expectativa pelo simpósio de Jackson Hole, que deve reunir os principais banqueiros centrais do mundo, a partir de sexta-feira.

Profissionais de câmbio argumentam que a estratégia do BC de ofertar dólares das reservas em conjunto com swap reverso (compra de dólar no mercado futuro) é correta, mas o mercado ainda vai demorar algum tempo para se ajustar. Para o diretor de tesouraria de um banco, a falta de demanda pelo lote completo é uma questão técnica, pelo fato de ter sido o primeiro dia da nova estratégia e faz muito tempo que o BC não tem um leilão assim, mais de dez anos. O mercado vai se ajustar ao poucos, diz ele.

Os dados do BC divulgados nesta quarta mostram que o País continua perdendo recursos externos. Só na semana entre 12 e 16 de agosto, quando a crise argentina piorou, o Brasil teve saídas de US$ 578 milhões pelo canal financeiro. No mês, as perdas por este canal já somam US$ 2,7 bilhões. Essas saídas são fonte adicional de pressão no dólar pronto, ressalta um operador.

A ata da reunião do Fed de julho, que cortou os juros nos Estados Unidos pela primeira vez desde 2008, reconheceu a desaceleração da atividade econômica mundial, mas teve efeito limitado nos preços. A reunião foi feita antes da escalada da tensão comercial entre Estados Unidos e China e, por isso, o foco maior do mercado é o discurso que o presidente da instituição, Jerome Powell, fará na manhã de sexta-feira no evento, às 11h (de Brasília).

"Os participantes do mercado vão ouvir atentamente o discurso levando em conta o tom de Powell ao falar do estado da economia e a perspectiva para o cenário. E ainda em busca de sinais de mais cortes de juros nas próximas semanas", ressalta a economista-chefe do grupo financeiro americano Stifel, Lindsey Piegza.

Taxas de juros

Os juros futuros retomaram nesta quarta-feira a trajetória de queda firme, em linha com a valorização no câmbio, a melhora do humor nos mercados internacionais e o otimismo com o processo de privatização das estatais. A trajetória de baixa, que já ditava o ritmo pela manhã, se ampliou à tarde e as taxas fecharam a sessão regular nas mínimas do dia, com alívio de cerca de 10 pontos-base nos vencimentos de médio e longo prazos. A ata do Fomc, o evento mais esperado do dia, não chegou a impactar os negócios na renda fixa.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou a 5,36% (mínima), de 5,439% na terça no ajuste, e o DI para janeiro de 2023 fechou em 6,34% (mínima), de 6,441% no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,951% para 6,85% (mínima).

Profissionais nas mesas de operação afirmam que o mercado de juros nesta quarta-feira retomou o que consideram sua tendência "natural", sob autorização do quadro externo de melhor apetite ao risco. "O exterior mais tranquilo possibilitou ao mercado voltar a ser mais influenciado pelos fundamentos e pela política monetária", disse o trader da Quantitas Asset, Matheus Gallina.

Para ele, os fatores locais têm ficado em segundo plano, mas, ele admite que o noticiário em torno das privatizações do governo contribuiu, ainda que de maneira indireta, para as ordens de venda. O governo divulga nesta quarta lista de 17 empresas que serão alvo das privatizações, que inclui Correios e Eletrobras.

No fim da sessão regular, informação publicada no site do jornal Valor Econômico de que o plano da equipe econômica é privatizar a Petrobras até o fim do governo Jair Bolsonaro deu um pouco mais de gás ao recuo das taxas. "Pegou um pouco sim, mas sem muito fundamento. A perspectiva de entrar dinheiro com grandes privatizações é sempre positivo para DI Longo", disse Vitor Carvalho, sócio da LAIC-HFM, ressaltando, contudo, "que parece ser algo bem mais para frente mesmo".

O mercado também vê a entrada de fluxo estrangeiro vindo da venda de estatais como um alívio importante para as contas fiscais, que pode abrir espaço para investimentos e novas queda da Selic, ou ao menos, ajudar a taxa básica a se manter por mais tempo no piso histórico.

No exterior, a ata do Fomc não fez preço na curva, em meio à leitura de que eventos ocorridos depois da reunião de política monetária de julho, como a imposição de novas tarifas dos Estados Unidos para produtos chineses e a inversão da curva dos Treasuries de 2 e 10 anos, podem ter alterado a percepção dos dirigentes. "O mercado ficará mais atento mesmo ao discurso de Powell em Jackson Hole na sexta", disse Gallina. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursa na sexta-feira no Simpósio de Jackson Hole.


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