Indústria prevê a fabricação de um futuro promissor

Indústria prevê a fabricação de um futuro promissor

Dia Nacional da Indústria é comemorado nesta terça-feira

Christian Bueller

Dia Nacional da Indústria é comemorado nesta terça-feira

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Basta olhar para o lado. A maçaneta da porta por qual passamos todos os dias, a roupa que nos veste, o veículo que nos transporta, os talheres que usamos e até mesmo o computador que escreveu este texto. Tudo isso passou por um processo de produção em uma fábrica. Difícil, portanto, imaginar a vida sem este setor, fundamental para a sociedade. Neste 25 de maio, é comemorado o Dia Nacional da Indústria, área que representa 20,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor responde por 69,2% das exportações de bens e serviços, por 69,2% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e por 33% dos tributos federais (exceto receitas previdenciárias). Para cada R$ 1 produzido na indústria, são gerados R$ 2,43 na economia como um todo. Como exemplo, nos demais setores, o valor gerado é menor: R$ 1,75 na agropecuária e R$ 1,49 no comércio e serviços. O Rio Grande do possui PIB industrial de R$ 89,0 bilhões, equivalente a 6,8% da indústria nacional e, atualmente, emprega 777.301 trabalhadores.

A pandemia, que afetou todos os segmentos de trabalho no mundo inteiro, impactou igualmente a indústria gaúcha. Mas, segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, o setor vive em constante processo de adaptação para se manter competitivo e, de março de 2020 para cá, não foi diferente. “As empresas precisam de estratégias em diversas áreas e não apenas nos processos de produção. Hoje em dia, um pequeno diferencial em questões, entre outras, como logística, concorrência, comunicação, qualificação e relações governamentais pode ser a diferença para manter ou agregar um novo cliente. A pandemia afetou todos esses segmentos” listou. Petry lembrou que o frete marítimo ficou dez vezes mais caro e as compras on-line também exigiram agilidade para entrega e devolução, o que aproxima as fábricas dos clientes finais.

Conforme o presidente da Fiergs, a indústria sairá fortalecida da crise. “Mesmo com a forte subida do preço dos produtos agrícolas, não paramos de produzir alimentos, não tivemos supermercados com prateleiras vazias, o abastecimento do mercado interno foi mantido. Em setembro do ano passado, a indústria gaúcha já produzia uma quantidade maior do que no período pré-pandemia”, diz Petry, reconhecendo que 2020 terminou com queda de 5,5%, consequência dos resultados de março, abril e maio. Para 2021, a expectativa é melhor. “Esperávamos um primeiro trimestre com setor de comércio e serviços, que representam mais de 60% do PIB, ainda sentindo os impactos da pandemia, e projetamos uma recuperação mais intensa no segundo semestre com o avanço da vacinação. Para o Rio Grande do Sul, esperamos uma forte recuperação na produção agrícola”, projeta.

Otimismo também está presente na fala do presidente do Sindicato da Indústria e da Construção Civil do RS (Sinduscon), Aquiles Dal Molin Júnior. Segundo ele, o segmento mais representativo da indústria gaúcha (17%), foi um dos que mais souberam reagir com a chegada da pandemia. “Bem no início de 2020, houve uma redução da atividade econômica, mas o setor se recuperou até o final do ano passado, se mantendo em bom nível. A expectativa é promissora, pela abrangência de sua cadeia produtiva e pelo número de empregos que a construção civil oferece. Tem características para ser a locomotiva da retomada do desenvolvimento”, afirmou. Em março de 2021, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou um saldo líquido de empregos de 25.020 vagas (1,06%) na Construção Civil no país em março deste ano. No Rio Grande do Sul, o saldo foi de 673 postos de trabalho (0,50%) em Porto Alegre 141 postos (0,49%).

Aquiles enumera três fatores para a indústria da construção ter seguido firme, mesmo com a pandemia. “Com a necessidade de ficarem em casa, as pessoas observaram que precisavam melhorar a sua casa, pela qualidade de vida e para adaptar o lugar onde moram em um espaço, também, de trabalho. Os juros, que baixaram de 9%, 10% para 2%, são os mais baixos da história do financiamento imobiliário, incentivando a aquisição de imóveis. Aliado a isso, a baixa atratividade das aplicações financeiras e a troca do investimento em poupança, que não rende como antes, por uma moradia melhor, mais condizente com os tempos atuais”, frisou. Apesar do aumento no valor dos insumos, principalmente, cobre, aço e cimento, o presidente do Sinduscon-RS prevê um aquecimento do mercado, entre o final de 2021 e início do próximo ano. “Os planos adiados durante a pandemia vão se realizar a partir de 2022. A economia real vai funcionar e a questão toda será trabalhar para o consumidor encontrar a satisfação”, acredita.

Inovar cada vez mais, mudar paradigmas e atualizar os processos. Comuns à indústria, se tornaram fatores ainda mais relevantes no segmento em que o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas no Estado do RS (Sindiquim-RS), Newton Battastini, atua. Houve menos demissões que em outros setores, mas a pandemia acarretou em adaptações. “Empresas que atendem hotelarias e restaurantes tiveram queda na demanda e a recuperação vem lenta por causa do abre e fecha do mercado. Vendas de tintas e adesivos também caírem no início do ano passado, mas depois voltaram a se manter”, relata. O preço das matérias-primas para a fabricação é um desafio também na indústria química, que depende do que é produzido exterior, diz Battastini. “O aumento do dólar e o consumo mundial afta nos produtos acabados. Nos supermercados que vendem a linha doméstica acabam aumento o preço por causa disso. Mesmo a indústria repassando somente uma parte do valor final”, explica.

O presidente do Sindiquim-RS vê com bons olhos o novo sistema de distanciamento controlado no RS, que faz com que as regiões abram as atividades econômicas de acordo com seus contextos. “Se houver consumo, haverá mais demanda, seja qual for a indústria. Por exemplo, aumentou em 60% a demanda de embalagens plásticos porque muita gente está usando, quando se entra em um comércio, tudo vem em plásticos”, lembra. Battatini se orgulha de trabalhar na indústria química, um setor responsável, inclusive, pela fabricação de álcool gel, máscaras e equipamentos médicos hospitalares, tão necessários neste período. “Tenho orgulho. Dependemos muito do exterior, mas com tudo isso, sabemos que o país que não tem uma indústria química forte não terá um bom desenvolvimento. Temos que acreditar na indústria e na química”, reitera.

DESAFIOS, SUSTENTABILIDADE E SOLIDARIEDADE

Durante a pandemia, empresas como a CMPC - segundo maior nome do setor em fabricação de celulose e papel na América Latina -, por exemplo, encontrassem um desafio quádruplo, como explica o diretor-geral, Mauricio Harger. “Produzir matéria-prima para fabricação de produtos essenciais, preservar a saúde e a segurança de nossos colaboradores e prestadores de serviços, assegurar o emprego e a renda de, mais de 6,6 mil profissionais e, além disso atuar de forma solidária nos mais de 70 municípios do Estado em que mantemos atividades industriais, florestais ou portuárias”, conta. Segundo ele, um planejamento estratégico bem estruturado e executado evitou cortes de pessoal. “Inclusive contratamos novos profissionais em diferentes áreas. A CMPC está sempre atenta às oportunidades de tudo que envolve a operação, sempre buscando qualificar a performance”, salienta Harger.

Para este ano, a empresa prevê lançar o seu Programa de Fomento, para beneficiar produtores rurais e a biodiversidade do RS. “O objetivo é estimular os pequenos, médios e grandes. Será o primeiro negócio inclusivo da bioeconomia do Brasil, levando aos produtores todo o apoio necessário para um novo ciclo de desenvolvimento”, adianta o diretor. Também estão abertas as inscrições para o fundo Valor Local, ação desenvolvida pela empresa que visa financiar iniciativas de desenvolvimento 45 municípios onde a empresa possui operação prevista para o ano de 2021. Além disso, desde o início da pandemia, a CMPC fez doações de máscaras, equipamentos de proteção individual (EPI’s), cestas básicas e equipamentos.

Harger destaca que a indústria tem um papel de olhar para o futuro e para as pessoas. “Neste sentido, a CMPC possui práticas que certificam essa atuação voltada ao desenvolvimento sustentável. Hoje a empresa conta com 6,6 mil empregos diretos e indiretos permanentes, mas nossa operação é responsável por gerar 45 mil empregos induzidos na economia do Estado. Anualmente, investimos R$ 1 bilhão na compra de produtos e serviços”. A celulose é matéria-prima de produtos diversos como papéis de higiene e limpeza, fraldas descartáveis, absorventes, embalagens, entre outros.

DIA ESPECIAL

O Dia Nacional da Indústria foi escolhido no dia 25 de maio em homenagem ao patrono da indústria nacional, Roberto Simonsen, que faleceu nesta data, no ano de 1948. Ele foi engenheiro industrial, administrador, professor, historiador e político, além de membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ainda, foi presidente da CNI e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).


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