Inflação se espalha e atinge quatro de cada cinco produtos em abril

Inflação se espalha e atinge quatro de cada cinco produtos em abril

Maior alta de preços dos últimos 26 anos para o mês atingiu 295 dos 377 itens da cesta de consumo dos brasileiros

R7

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maior inflação para o mês de abril dos últimos 26 anos foi evasiva para o bolso dos consumidores brasileiros, com alta de quatro entre cada cinco itens pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Do total de 377 produtos que fazem parte da cesta de consumo das famílias com renda entre um e 40 salários mínimos, 295 (78,25%) passaram a custar mais, 56 (14,85%) estão mais baratos e 26 (6,9%) apresentaram estabilidade no mês.

O resultado da chamada difusão é o maior para o mês desde o início de 2003. O nível figura também 2,25 pontos percentuais acima do registrado em março (86%) e é 12 pontos percentuais superior à taxa apurada em abril do ano passado.

Para Marcelo Oliveira, fundador da empresa de educação financeira para investidores Quantzed, o encarecimento dos alimentos justifica o alastramento da inflação no momento atual. "Como a difusão dos alimentos a domicílio foi muito alta, ela puxou o resultado final", analisa.

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, avalia que a propagação da inflação em um nível acima da média histórica sugere uma tentativa ineficaz de estipular vilões pontuais para as recentes elevações dos preços.

“Essa difusão alta nos diz que a inflação está muito mais espalhada entre os itens. Vai muito além de um clima mais seco, da falta de um produto, do lockdown na China ou da valorização das commodities por causa da guerra”, explica Caruso.

A alta disseminada dos preços também é verificada no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, período em que quase nove em cada dez produtos (89,6%) ficaram mais caros. Nos últimos 12 meses, intervalo em que a inflação acumulou a maior alta desde 2003, mais de 92% dos itens subiram de preço.

Na percepção de Caruso, o alastramento do salto dos preços vai representar também a manutenção da taxa Selic, atualmente em 12,75% ao ano, em patamar elevado por um período maior do que o estimado. “A difusão alta significa que a desinflação vai ser muito mais lenta e exigir do Banco Central a manutenção dos juros altos por mais tempo, até que essa desinflação aconteça”, afirma o economista.

A avaliação leva em conta que a taxa Selic é o principal instrumento de política monetária no combate à inflação. Isso se deve ao fato de que os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento pelas famílias.

Vale destacar que, desde 2020, a inflação oficial conta com 56 novos itens em seu cálculo. De acordo com o IBGE, a mudança considerou a alteração dos hábitos de consumo da população, como o uso de transportes por aplicativo e serviços de streaming.


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