Macri queima reservas para conter dólar

Macri queima reservas para conter dólar

Se mantiver este ritmo, atual governo da Argentina chegará no período das eleições sem a moeda

AE

Macri afirmou que não depende apenas dele o que pode ocorrer até as eleições

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No dia seguinte ao anúncio de adiamento dos pagamentos da dívida de curto prazo, o governo da Argentina conseguiu conter a disparada da moeda americana, que fechou em queda de 0,17%, cotada a 57,88 pesos. Para isso, porém, foi preciso leiloar 223 milhões de dólares das reservas internacionais. Se mantiver esse ritmo, o governo de Mauricio Macri chegará às eleições, em 27 de outubro, sem nenhum dólar de reserva.

Apesar de anunciar que as reservas chegam a 57 bilhões de dólares, o governo não dispõe de todo esse volume. Estimativas do mercado apontam que apenas 13 bilhões de dólares são reservas líquidas. Isso porque os argentinos podem abrir contas bancárias em dólares no país. Nesse caso, seus recursos não são emprestados e ficam depositados no Banco Central, como um compulsório.

Outra parte das reservas é proveniente de um acordo feito com a China e corresponde a yuans que só podem ser usados para fins comerciais. Por isso, na quarta-feira, com as reservas minguando, Macri teve de optar entre usá-las para pagar dívida de curto prazo ou para manter a cotação do peso. Optou por segurar a cotação do dólar, já que, em um país onde aqueles que podem poupam em dólar, uma maior desvalorização da moeda traria ainda mais risco político.

A situação da liquidez argentina de curto prazo vem se agravando desde o início do segundo trimestre, quando o mercado, preocupado com a possibilidade de a chapa kirchnerista vencer as eleições, começou a cobrar juros mais elevados (o patamar subiu de uma média de 3% para 7% em dólar) do governo para manter os títulos. Para não pagar esse juro, o governo passou a focar na venda de títulos que venceriam antes das eleições, para os quais o mercado aceitava taxa de remuneração menor.

A aposta era que, se reeleito, ele conseguiria renovar esses títulos posteriormente pagando juros menores. Em 12 de agosto - após a chapa da oposição, composta por Alberto Fernández e Cristina Kirchner (candidata a vice), derrotar por 15 pontos de diferença Macri nas eleições primárias -, a maior parte do mercado não quis renovar os papéis vendidos pelo governo argentino. Tida como mais intervencionista, a chapa kirchnerista é mal vista pelos investidores financeiros.

Rolagem

Antes das primárias, o governo conseguia rolar 88% da dívida de curto prazo - a maior parte desses papéis com vencimento anterior as eleições. Na terça-feira, esse número caiu para 5%. "O governo não previa uma derrota tão grande nas primárias e não imaginou que essa bomba estouraria no seu colo", diz uma fonte do mercado financeiro brasileiro que acredita ser grande a possibilidade de as reservas financeiras secarem.

A preocupação é que, com o anúncio de um "calote seletivo" na quarta-feira, parte da população corra para sacar seus dólares. Uma fonte argentina, porém, afirmou que Macri poderá negociar com a China a liberação dos 18 bilhões de dólares em yuans que fazem parte das reservas. Há ainda a possibilidade de o Fundo Monetário Internacional liberar 5 bilhões de dólares em setembro, o que está em análise pelo órgão.

Nesta quinta-feira, antes da abertura do mercado, Macri afirmou que faltavam 59 dias para as eleições e que não depende apenas dele o que pode ocorrer até lá. A fala repercutiu mal. Seu oponente, Fernández, rebateu dizendo que parecia que Macri estava contando os dias para o fim do mandato. No fim do dia, a agência classificadora de risco S&P rebaixou a nota da dívida da Argentina para SD (default seletivo), ou seja, considera que o país está dando um calote seletivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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