“Quem não quer ganhar a eleição?” - pergunta Guedes

“Quem não quer ganhar a eleição?” - pergunta Guedes

Ministro admite que decisão política prevaleceu sobre teto de gastos. “Podemos não tirar nota dez na matéria fiscal”, declara

R7

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu em pronunciamento nesta sexta-feira, que prevaleceu no governo a posição político-eleitoral, na decisão de flexibilizar o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil. “Quem não quer ganhar eleição?”, declarou, ao mencionar a pressão por pagar benefício muito acima do valor previsto no orçamento.

Na explicação, o ministro, mergulhado numa profunda crise interna que ceifou 4 membros da equipe econômica, tentou ser didático: “de que adianta tirarmos nota 10 no teto fiscal?” E ressaltou que era preferível, neste momento, “tirar nota 8, ou 7” neste quesito, e atender ao que caracterizou como socorro a 17 milhões de famílias carentes do antigo Bolsa Família.

A mudança na defesa intransigente do teto de gastos da parte do ministro marca uma guinada na política econômica que deve prevalecer pelos próximos 16 meses de mandato de Jair Bolsonaro. A aliança entre o ministro e o presidente sai fortalecida, numa espécie de pacto pela estabilidade, após expressiva manifestação de apoio de Bolsonaro ao ministro, que termina por atender à demanda política, com o sacrifício de suas convicções.

Por mais de uma vez, no pronunciamento, Guedes admitiu que a flexibilização do teto de gastos não o agrada. E se colocou como mediador das decisões políticas para evitar o avanço ainda maior sobre as contas públicas. “Muita gente da política queria R$ 600, até R$ 700”, ressaltou, deixando claro que o estrago poderia ter sido maior.


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