Saída da Ford do Brasil representa perda de mais de 118 mil postos de trabalho, estima Dieese

Saída da Ford do Brasil representa perda de mais de 118 mil postos de trabalho, estima Dieese

Impacto é projetado entre trabalhos diretos, indiretos e induzidos após 5 mil demissões anunciadas pela montadora

Correio do Povo

Empresa decidiu deixar o Brasil neste ano

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A opção da Ford de encerrar suas atividades no Brasil deve representar uma perda potencial de 118.864 postos de trabalho, somando diretos, indiretos e induzidos, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As 5 mil demissões anunciadas pela montadora também podem causar um impacto de menos R$ 2,5 bilhões/ano no potencial de massa salarial do país. O levantamento estima que a arrecadação de tributos e contribuições será outro indicador afetado no valor de R$ 3 bilhões/ano. 

Com grande reflexos na economia por sua decisão, o departamento reconhece que a Ford, ao longo dos anos, foi beneficiada no Brasil com políticas de incentivo ao setor - R$ 2,81 bilhões em 2011 para R$ 6,45 bilhões em 2020 - e que isso garantiu a expansão e a geração de empregos. No entanto, a Dieese entende que faltaram regras mais claras relacionadas à possíveis contrapartidas para manutenção da produção de empresas do setor em território nacional. 

A avaliação é de que não se obteve por parte do governo central um maior compromisso e uma atuação mais contundente para preservar o setor industrial e os empregos. "O movimento sindical tem apresentado propostas para reindustrialização e qualificação das cadeias produtivas, com sustentabilidade ambiental e desenvolvimento regional, além de empregos de qualidade", diz trecho da nota. Entretanto, "o que se observa é o fechamento de empresas, aumento do desemprego, queda da renda das pessoas, aumento da pobreza e da pobreza extrema, desigualdades, fome, miséria e queda da arrecadação pública". 

Em seu comunicado, a Dieese reitera que o não controle da pandemia e a ausência de ações claras de vacinação também causam instabilidade e influenciam este tipo de decisão da multinacional.

"O governo central possui mecanismos de política econômica e social para atenuar crises, amparando a população que perde o emprego, seja através do gasto direto de recursos com as pessoas (auxílio emergencial), seja dando suporte às empresas através de empréstimos a juros baixos e prazos mais longos. A crise sanitária também não foi controlada e, diferentemente de outros países, ainda não há um plano de vacinação detalhado, item fundamental para retomada da economia e geração de empregos". 


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