Secretário-geral da Opep morre aos 63 anos

Secretário-geral da Opep morre aos 63 anos

Nigeriano Mohammed Barkindo deixa como grande legado a articulação da aliança no momento em que o cartel histórico perdia influência nos mercados devido ao avanço dos Estados Unidos

AFP

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O nigeriano Mohammed Barkindo, secretário-geral da Opep, morreu na noite de terça-feira aos 63 anos, uma notícia que provocou grande comoção no cartel de países produtores de petróleo, em um momento de turbulências no mercado. Barkindo ocupou um cargo que não tem poder executivo, e sim uma função de representação na organização.

Também tem a tarefa de mediar as discussões entre países com interesses divergentes, como Arábia Saudita e Irã. Foi durante seu mandato que a organização de 13 países produtores estabeleceu uma associação com outros 10 exportadores, incluindo a Rússia, para criar o bloco Opep+ que, desde 2016, se reúne para regulamentar os preços do petróleo.

"Nós perdemos nosso estimado Mohammed Barkindo", tuitou o CEO da empresa Nigeria National Petroleum Corporation (NNPC), Mele Kyari, sem revelar as razões da morte. "É uma grande perda para sua família, para a NNPC, para o nosso país, para a Opep e a comunidade mundial do setor de energia", acrescentou.

A notícia foi divulgada poucas horas depois de uma reunião em Abuja com o presidente nigeriano Muhammadu Buhari, que destacou o "trabalho brilhante" de Barkindo na Organização de Países Exportadores de Petróleo, onde ele "conseguiu navegar em águas turbulentas".

Durante o encontro, Barkindo parecia bem e não mostrou nenhum sinal de doença. "Esta tragédia é uma comoção para a família da Opep", reagiu a organização com sede em Viena, que expressou em um comunicado a "imensa tristeza" e homenageou Barkindo como uma pessoa "emblemática" e "visionária".

Barkindo formou-se como cientista político em Oxford e em Washington e, a partir de 1992, ocupou vários cargos na empresa nacional de petróleo da Nigéria, a NNPC, grupo que presidiu entre 2009 a 2010. Ele foi nomeado delegado do seu país na Opep em 1986 e em 2016 assumiu o posto de secretário-geral da organização. Estava no fim de mandato e em agosto seria substituído pelo kuwaitiano Haitham Al Ghais.

Com um comportamento gentil, ele era conhecido por seu senso de humor e por citar Shakespeare e Tolstói em seus discursos, além de líderes africanos como Nelson Mandela ou Leopold Sedar Senghor, incluindo às vezes também provérbios chineses. Seu grande legado é a articulação da aliança Opep+ no momento em que o cartel histórico perdia influência nos mercados devido ao avanço dos Estados Unidos, que inundou o mercado com petróleo de xisto.

A ampliação da aliança permitiu ao cartel limitar a produção de petróleo para enfrentar a queda da demanda pela crise de covid. O esforço conseguiu conter a queda dos preços nos mercados em abril de 2020.

Desde o início da guerra na Ucrânia os preços registram forte alta. Apesar da pressão dos países consumidores, como os Estados Unidos, para abrir a torneira e aumentar de maneira contundente a produção para reduzir os preços, a Opep+ mantém a posição de aumentar a produção a conta-gotas.


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