Setor de aviação vive incerteza com "catástrofe" da Covid-19

Setor de aviação vive incerteza com "catástrofe" da Covid-19

Expectativa é de que retomada do setor venha acompanhada de passagens aéreas com preços abaixo da média, devido à queda na demanda

R7

O aeroporto de Heathrow, que esperava construir uma terceira pista, anunciou que irá recorrer no Supremo Tribunal britânico

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O setor de aviação civil foi um dos setores mais rapidamente afetados pela pandemia do novo coronavírus. O resultado disto são cenas que mostram as posições de parada de aviões no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, um dos mais movimentados do país, completamente vazio.

"O fato é que estamos vivendo agora uma catástrofe de proporção jamais vista. Nunca ninguém esperou viver para ver a situação que estamos vivendo", definiu Marcelo Bento Ribeiro, diretor de relações internacionais da Azul Linhas Aéreas, para o atual momento do setor.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas, foi registrada uma queda de 75% nos voos domésticos, aqueles feitos dentro do Brasil, e 95% nos voos internacionais, em relação a igual período de 2019. A Azul, por exemplo, operava 900 voos por dia e, atualmente, opera 70, uma redução de 92%.

Esse cenário fez as companhias buscarem acordos com fornecedores, governo e seus colaboradores para zelar pela sobrevivência do setor, que não consegue fazer estimativas de recuperação. "Ninguém pode dizer agora, com segurança, em quanto tempo e a que níveis de velocidade este setor vai se recuperar", afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, que representa a Latam, a Gol Linhas Aéreas e a VoePass/Map.

A Azul também não faz previsões, mas tem expectativa que a partir de julho o setor comece a reestabelecer a malha área gradualmente. "A gente adoraria que em dezembro pudéssemos chegar ao patamar de antes da crise, mas essa retomada pode ser mais lenta do que cenários anteriores", diz Bento.

Apesar de não pronunciar abertamente, a Gol Linhas Aéreas informou acionistas que o período é de incertezas que inviabilizam qualquer previsão dos negócios para os próximos meses. Já a Latam, em um pronunciamento interno de seu CEO, Jerome Cardier, afirmou que a empresa espera que a demanda comece a voltar no segundo semestre, mas que isto deve ser um processo lento e que o setor de aviação pode demorar de dois a três anos para retomar no nível de antes da crise.

Apenas voos essenciais

Segundo Sanovicz, da Abear, apesar da crise, o setor tem se esforçado para, além da sobrevivência, manter voos essenciais, como por exemplos no norte e nordeste do país. "Estamos mantendo o país conectado, hoje mais preocupados em transportar produtos. Quem mora de Brasília para baixo, às vezes não tem noção do que é o Brasil de Brasília para cima. Veja, em Macapá (AP), remédio só chega de avião. Se não for avião, leva um dia e meio de barco, saindo de Belém (AM). Isso é um papel importante da aviação brasileira", destacou Eduardo Sanovicz.

As principais companhias mantiveram voos para as capitais dos 26 estados, mais o Distrito Federal, além de outras 19 cidades, em que a maioria opera transporte de cargas, algumas essenciais para o combate à Covid-19.

Preço das passagens

A maioria das empresas evita fazer projeções para o preço das passagens. Para a Abear, a maior dificuldade é a falta de elementos para fazer qualquer análise, pois o cenário do setor está com condições consideradas irreais e imprevisíveis.

Estas condições incluem a falta de perspectiva para a duração desta crise, o alto custo do câmbio e até mesmo o sentimento da população para retomar viagens, seja de negócios ou a lazer.

Já a Azul projeta que a tendência é que, como os custos do setor são fixos, o preço das passagens tende a cair ou se estabilizar em relação ao período pré-crise, em função da queda na demanda.

Governo e questões trabalhistas

Todo o setor também espera avançar as negociações com o Governo Federal para impulsionar a retomada da aviação civil após a crise da pandemia no Brasil. Algumas iniciativas foram feitas logo no início da crise, como a flexibilização para cancelamentos e reembolso de passagens compradas, algo crucial para um setor que vende passagens para até 12 meses no futuro, em média.

Além disto, são esperadas linhas de crédito para as empresas conseguirem injetar dinheiro no fluxo de caixas e até mesmo um acentuado diálogo para rever o custo do combustível de aviação no país, que é um dos principais custos do setor.

Na esfera trabalhista, o setor foi um dos que saíram na frente e conseguiu fechar um acordo com o sindicato da categoria, que aceitou redução dos salários de até 80% e contribuíram para dar fôlego ao caixa das empresas.


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