Sindilojas Porto Alegre estima que até 40% dos comércios podem fechar por conta da pandemia

Sindilojas Porto Alegre estima que até 40% dos comércios podem fechar por conta da pandemia

Devido às dificuldades econômicas, entidade projetou que negócios podem encerrar atividades em até 90 dias

Cláudio Isaías

Café do Porto, que funciona desde 1995, encerrou as atividades no bairro Moinhos de Vento

publicidade

Um total de 30% a 40% dos espaços de comércio em Porto Alegre poderão fechar em até 90 dias. A avaliação foi feita nesta quinta-feira pelo presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, ao afirmar que as empresas por conta da pandemia do novo coronavírus apresentaram uma queda de 60% a 70% no seu faturamento. "Estamos percebendo uma quebradeira no setor e a tendência é que isso vai  aumentar nos próximos meses", ressaltou. Segundo ele, os estabelecimentos comerciais não estão suportando os prejuízos e acabam encerrando suas atividades. "Os lojistas para sobreviver nessa crise tiveram que demitir parte dos seus funcionários. Outros optaram por fechar as lojas", lamentou.

Com oito anos de atuação no bairro Moinhos de Vento, a loja The Dress, especializada em vestidos de festa e formatura, decidiu encerrar as atividades. A proprietária Tatiana Marenco Zaffari afirmou que a Covid-19 afetou os negócios. "Tinha a certeza de bons negócios em 2020, mas a pandemia infelizmente derrubou nossos projetos", explicou. Ela e a sócia Adriana Oliveira decidiram no dia 17 de março encerrar as atividades e demitiram as duas funcionárias. Na mesma região, também encerram as atividades do Café do Porto, que funcionava desde 1995 no bairro Moinhos de Vento, e do Dado Pub, ambos na rua Padre Chagas. 

Já Sandro Fraporti, proprietário Café & Bistrô Fraporti, na avenida Venâncio Aires, no bairro Cidade Baixa, decidiu fechar o restaurante Lá Riccezza, que antes da pandemia chegava a receber de 100 a 120 pessoas por dia no almoço. "É muito custo (luz, água e aluguel do prédio) para manter o estabelecimento aberto. Os clientes sumiram em função da pandemia", ressaltou. Os quatros funcionários que atuavam no local foram demitidos.

Outro tradicional estabelecimento da cidade, a Lancheria do Parque, no bairro Bom Fim, está fechada desde o dia 20 de março. Todos os funcionários foram demitidos no começo de abril. Os sócios do estabelecimento comercial não sabem se irão reabrir. Os 20 funcionários que tinham carteira assinada foram demitidos para que pudessem resgatar o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e receber o seguro-desemprego pelo tempo em que a Lancheria do Parque permanecer fechada.           

A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL/RS) encaminhou uma série de demandas que buscam dar fôlego aos varejistas gaúchos, afetados pela crise econômica gerada em função da pandemia da Covid-19.

O presidente Vitor Augusto Koch esteve reunido com o secretário de Governança e Gestão Estratégica, Claudio Gastal, e apresentou demandas que permitam garantir a sustentabilidade dos lojistas. A entidade está preocupada com a sustentabilidade econômica de milhares de empresas varejistas no Estado e a manutenção dos empregos gerados por elas.

Koch solicitou que o governo do Estado estude a viabilização de uma linha de crédito especial para os lojistas, com carência no prazo de pagamento, a fim de que os empreendimentos possam ter fluxo de caixa e condições de cumprir com os compromissos com fornecedores, colaboradores e no pagamento de tributos. No que se refere a tributos, o presidente da FCDL/RS pediu que seja estudada a possibilidade de parcelamento do ICMS devido pela empresas, com juros baixos.

Koch solicitou ainda que o teto de faturamento das empresas enquadradas no Simples Gaúcho, que hoje é R$ 3,6 milhões, seja igualado ao teto do Simples Nacional, que é R$ 4,8 milhões, medida que ele considera de grande importância para que aos empreendimentos de micro e pequeno porte possam projetar um crescimento futuro.

"São medidas que, certamente, podem ajudar os lojistas não apenas a garantir a sua sustentabilidade, mas, também, projetar a perspectiva de crescimento futuro", acrescentou. Pelo menos 87% das lojas do Rio Grande do Sul são de micro e pequeno porte, com até nove funcionários, responsáveis pela geração de 209.338 empregos diretos. O secretário Claudio Gastal informou que levará os pleitos dos lojistas gaúchos ao governador Eduardo Leite.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895