Conselho Universitário realiza sessão para destituição do reitor da Ufrgs
Reunião foi precedida por protestos de estudantes pela saída de Carlos André Bulhões
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O Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) realizou nesta sexta-feira uma sessão de destituição do reitor Carlos André Bulhões. Desde cedo, integrantes do conselho protestavam na frente do prédio da reitoria. Integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE), da Associação dos Servidores da Ufrgs (Assufrgs) e dos movimentos Juventude Ocupe e Juntos pediam a saída de Bulhões, escolhido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, na lista tríplice, por indicação do deputado federal Bibo Nunes (PSL).
"O reitor Bulhões, que ficou na terceira colocação na lista tríplice, foi escolhido pelas articulações feitas pelos bolsonaristas. O presidente Jair Bolsonaro não respeitou a tradição histórica da universidade de escolher o primeiro colocado na lista", ressaltou Tamyres Filgueira, integrante do conselho pela Assufrgs. Segundo Tamyres Filgueira, a Ufrgs passa por um dos mais difíceis momentos da sua história.
A justificativa do Consun para o pedido é que o reitor deveria ter desfeito a reestruturação administrativa que executou ao tomar posse, em setembro do ano passado, já que as mudanças não foram avalizadas pelo conselho. Já a reitoria da universidade defende que tais alterações são prerrogativa do reitor.
A diretoria do Sindicato Intermunicipal dos Professores de Instituições Federais do Ensino Superior (Adufrgs/Sindical) afirmou em nota que não há registro de situação semelhante na história de uma das mais importantes universidades brasileiras. "O reitor, diz a nota, que deveria preservar e incentivar os espaços democráticos que caracterizam a instituição universidade, tem patrocinado o desrespeito em relação ao órgão de representação da comunidade - o Conselho Universitário em suas atribuições estatutárias. A Adufrgs/Sindical afirma que tal postura macula a memória da Ufrgs que se consagrou como espaço de resistência democrática, de desenvolvimento científico e tecnológico, de promoção do debate amplo, da liberdade do livre pensamento e da divergência política".
Eleição e mudanças
Bulhões, que é professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), concorreu à reitoria em 2020, mas ficou em terceiro na consulta com a comunidade acadêmica. Ainda assim, foi nomeado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro - que não é obrigado a escolher o primeiro na votação interna para o cargo. A nomeação ocorreu após atuação do deputado federal Bibo Nunes (PSL), que defendeu a “direita” na reitoria.
Na época, a confirmação gerou uma série de protestos de servidores e alunos da instituição de ensino. Em nota, o reitor negou que tivesse cometido qualquer infração e alegou que o conselho agia motivado “simplesmente por questões ideológicas”. Apesar de poder decidir pelo afastamento do reitor, o Conselho Universitário precisa da aprovação do Ministério da Educação (MEC) e do presidente Jair Bolsonaro.
Desde que foi eleito, Bulhões promoveu uma série de transformações na universidade, como a criação da Pró-Reitoria de Inovação e Relações Institucionais e a fusão entre as Pró-Reitoria de Graduação com a de Pós-Graduação e a de Pesquisa com a de Extensão. O Consun decidiu anular as fusões propostas por Bulhões. No entanto, o reitor da Ufrgs manteve a decisão.