Em meio ao debate sobre volta presencial, escolas estaduais sofrem problemas de estruturas no RS

Em meio ao debate sobre volta presencial, escolas estaduais sofrem problemas de estruturas no RS

Além do problema sanitário causado pela pandemia, situações anteriores à Covid-19 não se resolveram durante o período sem os alunos nas classes

Christian Bueller

As preocupações independem do tamanho da escola.

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Desde que a Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc) definiu o retorno às aulas presenciais da rede estadual para maio deste ano, o debate sobre as condições necessárias para esta volta se acendeu nas escolas. Além do problema sanitário causado pela pandemia, situações anteriores à Covid-19 não se resolveram durante o período sem os alunos nas classes, desde março de 2020, em diversas cidades gaúchas.

A escola estadual Osmar da Rocha Grafulha, conhecida como Ciep/Fragata, em Pelotas, tem um problema estrutural que já somam alguns anos, desde que uma viga que cedeu e danificou parte do que era usada como a frente da escola. “Em 2016, o saguão foi interditado e desde então não houve muita evolução no processo, apenas são usadas escoras e tapumes para sustentar a estrutura”, conta o diretor Lucas de Souza Barbosa. A instituição, que conta com 900 alunos, fez nova solicitação de obra junto a 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que em março deste ano vistoriou o local. “ Disseram que a avaliação será encaminhada a órgãos superiores para análise. Estamos aguardando”. Apesar de escola tomas as medidas previstas no plano de contingência em virtude da pandemia, a vistoria da Vigilância Sanitária não ocorreu. Frente a isso, grande parte da comunidade optou pelo não retorno presencial.

Em Gravataí, a Escola Estadual de Ensino Médio Tuiuti, sofre com problemas estruturais há anos e, em 2019, pais, alunos e professores chegar a fazer um protesto. A Seduc confirmou, no mesmo ano, a realização de obras dos três prédios em caráter emergencial, no valor previsto de cerca de R$ 160 mil, que começaram mas não foram concluídas. O telhado está comprometido, mas os forros já foram retirados. Ou seja, quando chove, não é possível haver aula ali. Com o tempo transcorrido durante a pandemia, que forçou a instituição a fechar as portas, a diretora Geovana Afeldt esperava pelas melhorias, que não vieram. “Temos um bom número de pais que precisam e gostariam que voltassem as aulas presenciais, mas nessas condições, não temos como cumprir o protocolo de segurança sanitária, com distanciamento. Temos dezesseis salas, mas apenas quatro prontas”, salientou. Segundo Geovana, antes da Covid-19, cinco turmas eram colocadas em um salão de eventos do colégio. “Eram divididas por cortinas. A sala dos professores e de informática, além do refeitório, também viraram salas de aula. Agora, é impossível”, lamenta a diretora.

As aulas voltaram ao modelo tradicional no Instituto Estadual de Educação Professor Pedro Schneider, em São Leopoldo, região do Vale dos Sinos, meio a contragosto da comunidade escolar, segundo o diretor Vinicius Santos. “Foi uma imposição do governo do RS, então estamos no formato de rodízio, nem todos alunos vêm todos os dias e nem todas as turmas. Não conseguimos disponibilizar mais do que cinco salas de aula porque só temos duas funcionárias de limpeza”, relata o diretor da maior escola pública do município, com 1.500 alunos. O prédio mais antigo tem 40 anos e nunca passou por reformas, diz Santos. “A situação é dramática. Temos que fazer gambiarras. Com o dinheiro economizado do ano passado e do CPM (Círculo de Pais Mestres), juntamos um valor para melhorias na fachada. Mas uma reforma estrutural não tivemos. Vigas estão enferrujadas e houve um princípio de incêndio na central de energia, por exemplo. Às vezes, vêm engenheiros que tomam notas em planilhas mas nunca voltam”, lembra o diretor.

As preocupações independem do tamanho da escola. Na pequena Escola Estadual de Educação Especial Aracy de Paula Hoffmann, na mesma São Leopoldo, e que atende 88 alunos, o diretor Edson Renato Flores Rodrigues revela insegurança, após assalto sofrido. “Nos organizamos por conta própria, ou seja, conseguimos ‘consertar’ os estragos deixados pelos ladrões, mas não recuperamos e nem vamos recuperar tão cedo tudo que roubaram: televisões, computadores, notebook, cadeiras, material de limpeza, ventiladores, lava a jato e botijões de gás”, enumera. Além disso, Rodrigues contou que só é possível realizar atividades remotas. “Nossas salas de aula não têm espaço adequado para receber os alunos nesta situação que estamos vivendo, além de eles serem especiais, não têm noção do perigo, de cuidados, de higiene necessária para enfrentamento desta pandemia. Temos apenas uma monitora, que está grávida. Nossa reivindicação de mais funcionários para recompor não foi atendida”, lamentou.

Segundo levantamento o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-RS) a partir dos dados do Censo Escolar 2020, das 2.410 escolas da rede estadual de educação do RS, somente 26,2% fornecem água potável. Do total, 328 instituições de ensinos não dispõem de banheiro. A Seduc não respondeu à reportagem até o fechamento desta edição.

Seduc defende que obras estão em andamento

Contraponto da SEDUC: "Para 2021, além das obras que já estão em andamento, a previsão orçamentária é de que sejam investidos mais R$ 55 milhões para obras e reformas em escolas de todo o Estado do Rio Grande do Sul.

No caso de instituições de ensino que possuam problemas estruturais, a equipe diretiva deve comunicar à respectiva Coordenadoria Regional de Educação (CRE) para o devido encaminhamento dos reparos junto à Seduc."




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