Entidades divergem de decisão do governo estadual sobre volta às aulas presenciais

Entidades divergem de decisão do governo estadual sobre volta às aulas presenciais

Sindicatos ainda classificam que medida burla decisão judicial em vigor

Samantha Klein / Rádio Guaíba

Profissionais que ainda não foram vacinados contra a Covid-19 alertam para risco a docentes e alunos

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Os sindicatos que representam os professores do Rio Grande do Sul, profissionais que ainda não foram vacinados contra a Covid-19, alertam para risco a docentes e alunos. Nesta sexta-feira, o governo publicou decreto que autoriza a retomada das atividades presenciais na Educação Infantil e dois primeiros anos do Ensino Fundamental nas cidades em bandeira preta que estiverem registradas no sistema de cogestão.

O Cpers Sindicato considerada que o decreto é uma decisão que coloca alunos, professores e funcionários em risco. “Com esta manobra, o governo cede mais uma vez à pressão de interesses privados em detrimento do direito à vida. O CPERS espera que a liminar seja preservada e mantém a posição quanto ao alto risco do ambiente escolar”, diz nota oficial. A entidade não descarta medida judicial.

O Sinpro, sindicato que representa os professores da rede particular, considera que a medida desrespeita medida judicial vigente. A diretora Cecília Farias destaca que qualquer flexibilização permitindo aulas presenciais durante a bandeira preta “fere a decisão judicial e representa uma ameaça à saúde de professores, funcionários de escola e estudantes”.

Na mesma linha, a Associação Mães e Pais pela Democracia (AMPD) vai entregar na próxima semana ao governador Eduardo Leite, prefeito Melo e presidente da Assembleia, deputado Gabriel Souza, documento em que apresenta agenda prioritária para tornar possível o retorno seguro às aulas presenciais, a começar pela vacinação dos professores e profissionais da educação, ao menos na faixa etária entre 40 e 60 anos.

A entidade entende que os índices de internação e a falta de medicamentos para intubação são indicativos para evitar as atividades presenciais. “A escola não é um ambiente isolado do restante da sociedade. Crianças, pais e professores precisam de transporte público, aumentando a circulação de pessoas e, consequentemente, agravando o risco de contaminação”, assinala a presidente do movimento, Aline Kerber.

Já o infectologista Paulo Gewerh defende que, se os protocolos de segurança, higiene e distanciamento forem cumpridos, há segurança para voltar às aulas presenciais. “O retorno com todas as medidas de prevenção e protocolos é muito seguro e tem risco muito baixo de transmissão entre as escolas que estejam preparadas para fazer a prevenção”, considera o especialista em controle de infecção do Hospital Moinhos de Vento.

Em coletiva de imprensa no final da manhã dessa sexta, o governador Eduardo Leite disse que cada caso será avaliado, mas acrescentou que a Educação não pode esperar a vacina.

Decreto

O Estado publicou na madrugada desta sexta-feira o decreto nº 55.852, que autoriza a retomada das atividades presenciais na Educação Infantil e no primeiro e segundo anos do Ensino Fundamental nas cidades em bandeira preta que estiverem registradas no sistema de cogestão – isso permite que elas adotem protocolos da bandeira imediatamente inferiores aos do modelo de Distanciamento Controlado.

Conforme o texto, a retomada será lenta e as atividades são permitidas apenas em poucas modalidades, como plantões para atendimento aos alunos de Ensino Médio Técnico Subsequente, de Ensino Superior e de Pós-Graduação; estágio curricular obrigatório, de pesquisas, laboratoriais e de campo, e de outras consideradas essenciais para a conclusão de curso e para a manutenção de seres vivos, conforme normativa própria; e cursos de ensino profissionalizante, de idiomas, de música, de esportes, dança e artes cênicas, e de arte e cultura.

O governo definiu ainda o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre as cadeiras e a obrigatoriedade de medidas e exercícios individuais, sendo proibidas as atividades coletivas que envolvam contato físico ou qualquer tipo de aglomeração.

Confira a íntegra da nota do Cpers

"Com esta manobra, o governo cede mais uma vez à pressão de interesses privados em detrimento do direito à vida. O CPERS espera que a liminar seja preservada e mantém a posição quanto ao alto risco do ambiente escolar.

Sob qualquer parâmetro científico, as taxas de transmissão comunitária no Rio Grande do Sul permanecem muito acima do aceitável e não permitem flexibilizações de forma segura.

Nesta sexta-feira, o Sindicato discutirá o tema em Conselho Geral, bem como a mobilização da categoria para resistir à retomada precoce. Também aguardamos respostas e ações do Estado quando ao calendário de vacinação dos educadores.

Consideramos a ampla vacinação dos trabalhadores(as) da educação, mais recursos humanos, físicos e financeiros para as escolas e estratégias de testagem, rastreamento e monitoramento dos casos como condicionantes mínimos de um retorno seguro às aulas presenciais."




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