Janine Ribeiro diz que Bolsonaro vê educação como ameaça e que cortes têm fundo ideológico

Janine Ribeiro diz que Bolsonaro vê educação como ameaça e que cortes têm fundo ideológico

Ex-ministro da Educação do governo Dilma participou de seminário na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Cláudio Isaías

Para Janine, governo Bolsonaro, entende que a liberdade pessoal e de costumes conquistadas por mulheres, negros, indígenas e a população LGBT representa uma imoralidade

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O corte nas verbas de universidades públicas anunciado pelo governo federal tem "fundo ideológico". O presidente da República, Jair Bolsonaro, vê a educação como ameaça à moral pública. A avaliação foi feita pelo ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, professor de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Educação no segundo governo da ex-presidente da República, Dilma Rousseff, durante palestra no seminário internacional Universidade, Sociedade e Estado que está sendo realizado no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

O encontro reúne reitores de diversas instituições de ensino do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. Segundo Ribeiro, os governos anteriores viam a educação brasileira como algo neutro ou cada vez mais como uma solução. "Tanto o PSDB quanto o PT fizeram gestões em que a educação era muito importante para preparar melhor as pessoas para a vida profissional, pessoal e política", destacou. 

Conforme Janine, o governo do presidente da República, Jair Bolsonaro, entende que a liberdade pessoal e de costumes conquistadas nas últimas décadas por mulheres, negros, indígenas e a população LGBT representa uma imoralidade. "Eles responsabilizam a educação por essa imoralidade. Eles são muito críticos e querem substituir a educação pela velha doutrinação que havia no começo do século passado", ressaltou. 

De acordo com o ex-ministro da Educação, o governo Bolsonaro nesse sentido vai contra todas as tendências mundiais de avanço da educação. “O presidente Jair Bolsonaro, em campanha, apontou a educação como uma ameaça à moral pública. Nós teríamos um déficit de moral porque a educação teria difundido valores imorais”, comentou. 

Segundo ele, a sociedade brasileira precisa se mobilizar porque o país possui um patrimônio material e imaterial gigantesco, como é o caso das universidades públicas que é muito fácil destruir. "Basta de deixar fazer a conservação e tudo estará destruído. O Brasil já tem um problema de não manter os seus bens culturais haja visto o que aconteceu com o Museu Nacional do Rio de Janeiro . "O governo de Jair Bolsonaro não percebe é a importância da cultura e da ciência para a economia", lamentou. 

Ribeiro afirmou que existe sim, um déficit nas verbas destinadas à educação brasileira nos últimos anos, mas que a decisão do governo federal de corte de verbas não foi baseada em questões econômicas. "O governo Jair Bolsonaro tem uma posição político-partidária que o coloca contra praticamente toda área da educação", explicou.

O ex-ministro da Educação disse que desde do governo de Itamar Franco, todas as gestões, qualquer partido que fosse, entenderam que a educação era a chave para a emancipação, para melhorar de vida. Ribeiro afirmou ainda que essa situação é “muito grave, pois o corte do governo refletiria nas contas básicas das instituições, nas bolsas dos alunos, salários de professores, o que inviabilizaria a continuidade das atividades.

Na abertura do evento, o reitor da Ufrgs, Rui Vicente Oppermann, disse que as instituições de ensino superior estão preocupadas com a tentativa de deslegitimar as universidade públicas. "As universidades não pertencem a nenhum governo e sim à sociedade brasileira", acrescentou.




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