Prefeitura de Porto Alegre vai ao MP contra campanha do Simpa sobre volta às aulas

Prefeitura de Porto Alegre vai ao MP contra campanha do Simpa sobre volta às aulas

Em um dos vídeos, postado em redes sociais, um locutor orienta: "não deixem nossos alunos carregarem a culpa pelo resto da vida"


Samantha Klein / Rádio Guaíba

As aulas foram suspensas em março, em razão do risco de propagação do novo coronavírus

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Com a retomada presencial das aulas em Porto Alegre, prevista para esta segunda-feira, o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) intensificou a campanha “Escolas fechadas, vidas preservadas”, o que resultou em manifestação contrária da Prefeitura, na noite deste domingo. A divergência se dá por conta de uma peça publicitária que mostra uma criança chorando. A nota da Secretaria da Educação considerou a campanha “covarde”. Em entrevista para o Jornal de Domingo, o secretário Adriano Naves de Brito confirmou que a Prefeitura entrega, ao Ministério Público Estadual, nesta segunda-feira, uma representação contra a estratégia do sindicato.

As aulas foram suspensas em março, em razão do risco de propagação do novo coronavírus. Em um dos vídeos da campanha postado em redes sociais, um locutor orienta: “não deixem nossos alunos carregarem a culpa pelo resto da vida. Escolas fechadas, vidas preservadas”. A imagem é a de um ursinho jogado no chão em meio à chuva. A campanha busca dialogar com o fato de que muitas crianças manterão contato direto com os avós, público considerado o mais vulnerável para o novo coronavírus.

Por outro lado, a diretora de comunicação do Simpa, Cindy Sandri, sustenta que não há condições sanitárias de abertura das escolas municipais, a partir de amanhã. “As escolas estarão abertas amanhã? A resposta é não, porque faltam condições e adequação para isso. Os estabelecimentos de ensino não estão prontos para receber alunos e professores”, ressaltou.

A Prefeitura informou, em nota, que protocolos de higiene foram adotados e que os pais podem decidir sobre levar ou não os filhos à escola. Garantiu, porém, que a rede de ensino precisa estar à disposição da comunidade, a partir de amanhã.

Professores em estado de greve

A Justiça indeferiu, ainda na sexta-feira, uma liminar que pedia a suspensão do retorno das atividades escolares presenciais em Porto Alegre. Os professores municipais anunciaram estado de greve, em assembleia na semana passada, e voltarão a se reunir na tarde desta segunda, dia previsto para a retomada do ensino infantil. Na decisão, o juiz Murilo Magalhães Castro Filho citou a manutenção da cidade na bandeira laranja no modelo de Distanciamento Controlado.

Posicionamento médico

Em maio, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou a nota de alerta “COVID-19 e a volta às aulas”, onde lista um conjunto de premissas a serem observadas para a retomada das atividades em sala de aula. Entre elas, a SBP destaca a importância de pais e professores buscarem informação qualificada sobre a Covid-19 e recomenda que crianças e profissionais da educação, se doentes, não frequentem a escola.

A entidade também sugere que os estabelecimentos ampliem a oferta de locais para a lavagem das mãos, assim como o provimento de água, sabão e álcool em gel, e que aumentem a frequência da higienização de espaços e superfícies. A SBP aponta que deve ser dada preferência às atividades ao ar livre e que as escolas devem propiciar ambientes arejados, mantendo janelas abertas, permitindo a circulação de ar.

Já a pediatra Ana Carolina Cuimbra defende que ainda é cedo para a volta à sala de aula. “O que nos preocupa severamente é que as crianças têm contato com pessoas do grupo de risco”, ressalta. “Não tem como mandá-las para a escola e exigir que elas ajam como adultos. Elas vão brigar, soltar a máscara em cima da mesa, abraçar um coleguinha. Não é fácil para os adultos, imagina para as crianças”, complementa.

Confira a nota completa da Prefeitura

A Prefeitura de Porto Alegre repudia a campanha desumana e covarde divulgada pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) em outdoors e redes sociais. Explorar a imagem de uma criança para tentar impedir à volta às aulas em nome da defesa de uma categoria é, no mínimo, uma irresponsabilidade.

As crianças devem ser o centro de tudo na educação. Professores, prefeitura e alunos precisam trabalhar mutuamente pelo bem coletivo e não por interesses próprios.

Quando um sindicato culpa crianças para tentar impedir que voltem às escolas, ele abusa cruelmente de sua prerrogativa de defender apenas os interesses ideológicos e corporativos, comete um crime e provoca a indignação dos que não aceitam que se culpem inocentes.

A prefeitura decidiu pela abertura gradual das escolas por entender que Porto Alegre tem condições sanitárias para isso. Os protocolos de segurança foram definidos após amplo debate com diversos setores da educação. Além disso, os pais e responsáveis podem decidir sobre levar ou não os filhos, mas as escolas precisam estar à disposição da comunidade novamente. É preciso reorganizar o sistema de educação, saber o que as crianças aprenderam remotamente, o que tem de ser complementado, a evasão e a demanda por educação pública.

Veja o cronograma da volta às aulas presenciais em Porto Alegre 

28 de setembro – alimentação de educação infantil, atividades de apoio e adaptação.
5 de outubro – retorno educação infantil, terceiro ano do ensino médio, educação profissional e educação de jovens e adultos (EJA)
13 de outubro – alimentação em todas as outras escolas, atividades de apoio (fundamental, médio e especial)
19 de outubro – retorno do ensino fundamental 1, especial e EJA (ensino municipal)
3 de novembro – retorno do ensino fundamental 2, especial e restante do ensino médio

Os alunos só poderão permanecer presencialmente nas instituições de ensino durante o turno regular. Seguem proibidas atividades no contraturno.




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