Administração do Fêmina admite que hospital não tem PPCI

Administração do Fêmina admite que hospital não tem PPCI

Causas do incêndio que motivou transferência de pacientes ainda são investigadas

Henrique Massaro

Incêndio atingiu parte do Hospital Fêmina, em Porto Alegre

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O incêndio ocorrido na tarde desse sábado em uma sala desativada do Hospital Fêmina (HF), em Porto Alegre, causa discordância entre funcionários e administração sobre a estrutura e as medidas de segurança adotadas pela entidade. Em entrevista coletiva na manhã deste domingo, no entanto, a instituição admitiu que não possui Plano de Prevenção contra Incêndio (PPCI). 

A perícia ainda investiga para saber o que causou o incidente no sexto andar do prédio – onde fica a UTI neonatal - da rua Mostardeiro e fez com que parte dos pacientes fosse transferida para outros hospitais da Capital. O gerente médico e assessor da administração do Fêmina, Desidério Fulber, disse que, provavelmente, o incêndio foi causado por algum aparelho que estava ligado na sala onde costumava ser a ecografia do hospital. 

De acordo com ele, todo o incidente foi contornado pela brigada de incêndio formada por funcionários da própria instituição, que capacita os profissionais para situações como esta. "Nossa brigada rapidamente isolou as chamas e evitou que o incêndio fosse maior. Quando os bombeiros chegaram, eles já tinham realizado os primeiros procedimentos", relatou. Cerca de 30 pacientes foram transferidos para outros hospitais. Ainda segundo o gerente, o fato em si não exigia uma medida dessa proporção, mas ela foi tomada de maneira preventiva. 

As declarações referentes a medidas de segurança, no entanto, encontram discordância entre funcionários do hospital. De acordo com um grupo de técnicas em enfermagem da instituição, a situação não foi controlada da forma como o representante do Fêmina explicou. Segundo elas, que preferiram não se identificar, o local não possui alarme de incêndio, que só foi percebido pela fumaça. Além disso, afirmaram que o elevador do prédio está estragado e que a emergência não possui mecanismo de oxigênio. "Não tinha equipamento, precisamos ficar 'ambuzando' (técnica de ventilação manual, através de ambu)”, contou uma delas.

Conforme o gerente médico do Fêmina, um total de 17 pacientes pediátricos foram transferidos: oito da UTI neonatal e nove de cuidados intermediários. Eles foram remanejados para diversos hospitais da Capital e, segundo Fulber, não houve dificuldades para encontrar vagas. O pai de uma criança que estava internada no local, no entanto, acabou levando-a embora por conta própria. 

Além disso, entre as mulheres internadas, uma parte foi transferida para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, enquanto o restante, diante da complexidade do estado de saúde, foi remanejada entre o quarto e quinto andares do próprio Fêmina, que não precisaram ser interditados. O Fêmina informou que permanece sem atendimentos, mas que, se necessário, pacientes internados em outros hospitais já podem ser transferidos de volta – com exceção dos da UTI neonatal. O Grupo Hospitalar Conceição (GCH), responsável pela instituição, deve se manifestar nessa semana sobre a questão da falta de PPCI. 

 


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