Anvisa diz que testes podem não detectar nova cepa do coronavírus

Anvisa diz que testes podem não detectar nova cepa do coronavírus

Variante já está presente no Brasil, conforme dois casos reportados em São Paulo

AE

Mais contagiosa, a mutação do novo coronavírus vem se espalhando rapidamente

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou nesta sexta-feira, dia 1º de janeiro, para a incapacidade de determinados testes detectarem uma variante do novo coronavírus. Ela foi encontrada primeiro no Reino Unido e já está presente no Brasil, conforme dois casos reportados em São Paulo.

A Anvisa informou, por meio de nota técnica, que alguns tipos de ensaios podem não identificar essa nova cepa, mas que a maioria dos testes correntes no país usa métodos com alvos múltiplos, capazes de identificar a mutação, o que reduziria o impacto no diagnóstico.

Mais contagiosa, a mutação do novo coronavírus vem se espalhando rapidamente e se tornando dominante na Inglaterra. A variante vem sendo chamada de SARS-CoV-2 VUI 202012/01 (variante sob investigação ano 2020, mês 12, variante 01) ou cepa B.1.1.7.

Conforme sequenciamento feito no Reino Unido, a nova cepa tem 14 mutações, uma delas relacionada ao gene S do vírus. Segundo a Anvisa, a nova cepa pode não ser detectada por ensaios que utilizam exclusivamente o gene S como alvo ou por testes desenvolvidos utilizando esse mesmo gene como referência.

"A variante VUI 202012/01 identificada em diferentes países apresenta mutação que afeta o gene S, utilizado como alvo em diferentes ensaios diagnósticos, o que pode levar à incapacidade de detecção do vírus se este for o único alvo ou referência do modelo diagnóstico", adverte a agência.

Na nota, os técnicos da Anvisa ressaltam que existem no País diversos produtos seguros e eficazes para diagnóstico da cepa variante. A agência recomendou que os laboratórios adotem medidas que favorecem o diagnóstico, "como a utilização de produtos voltados a diferentes alvos virais".

"A maioria dos ensaios moleculares do tipo PCR regularizados no Brasil utilizam mais de um alvo, o que reduziria o impacto ao diagnóstico. Os laboratórios devem estar atentos às informações das instruções de uso dos produtos comerciais e aqueles que utilizam metodologia in house também devem estar cientes deste potencial problema", alertou a Anvisa.

Conforme a nota da Anvisa, estudos preliminares já indicaram que a variante do vírus é mais transmissível do que as anteriores, mas não existem ainda informações suficientes para determinar se é capaz de provocar quadros mais graves da covid-19, alterações na resposta de anticorpos e na eficácia da vacina.

A Anvisa destacou que são comuns mutações genéticas em vírus e que elas geralmente não provocam alterações significativas, nem impactam na sua propagação.

"São necessárias investigações laboratoriais complexas para compreender as implicações", informou a agência.

Vacinas

A Anvisa também divulgou um quadro atualizado das vacinas em análise no País. Nenhuma das quatro (AstraZeneca/Fiocruz, Sinovac/Butantan, Pfizer e Janssen) teve ainda pedido de uso emergencial ou de registro submetido à agência.

Segundo a Anvisa, a vacina de origem russa Sputnik V não consta no quadro porque o pedido de anuência do estudo ainda está em análise.

"Não consideramos ainda como uma vacina em teste no Brasil. Assim que a agência concluir a análise do pedido de estudo, poderá ser incluída e todos poderão acompanhar o andamento", destacou a assessoria de comunicação do órgão.


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