Anvisa não participa de audiência pública sobre vacinação de crianças

Anvisa não participa de audiência pública sobre vacinação de crianças

Agência foi convidada, mas enviou ofício frisando já ter se posicionado sobre tema em parecer público

R7

Anvisa ampliou a composição do Grupo de Emergência em Saúde Pública criado para monitorar e conduzir no âmbito da agência as ações referentes ao novo coronavírus

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não participa de audiência pública organizada pelo Ministério da Saúde, nesta terça-feira (4), sobre vacinação contra Covid-19 de crianças de 5 a 11 anos. A agência foi convidada pelo Ministério da Saúde, mas informou em ofício enviado nesta terça que não iria comparecer por já ter emitido um parecer público aprovando a vacinação do público nessa faixa etária no dia 16 dezembro do ano passado.

"A aprovação da Anvisa veio após uma análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos conduzidos pelo laboratório Pfizer, no qual se atestou que a vacina é segura e eficaz para o público infantil. Para a avaliação da ampliação da faixa etária dessa vacina, a Agência contou com a consulta e o acompanhamento de um grupo de especialistas em pediatria e imunologia que teve acesso aos dados dos estudos e resultados apresentados pelo laboratório", informou a agência em ofício.

A Anvisa frisou que participaram da avaliação especialistas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

A agência ainda ressaltou, em resposta ao ministério, que encaminhou no dia 23 de dezembro uma resposta ao documento "Questionamentos sobre vacinação de crianças brasileiras - 45 médicos", a qual detalhou todo o cenário de aprovação e uso das vacinas contra Covid-19 no Brasil e no mundo, além de ter explicado "o processo e os dados avaliados para que a vacina Comirnaty (produzida pela Pfizer) tivesse sua segurança e eficácia aprovadas para crianças de 5 a 11 anos".

"Ressalta-se também, que esta Agência já emitiu seu posicionamento em relação ao tema “vacinação contra a COVID-19 em crianças de 5 a 11 anos”, o qual se encontra público e disponibilizado às diversas autoridades médicas, sociedade e a este Douto Ministério da Saúde", pontuou.

Depois que a Anvisa autorizou o uso da vacina Comirnaty, da Pfizer, em crianças, houve muita resistência por parte do governo federal, com falas do presidente que questionam a segurança do imunizante. O presidente Bolsonaro e o ministro Queiroga já se manifestaram favoráveis à exigência de prescrição médica para que as crianças sejam vacinadas.

A medida é questionada por especialistas, que dizem que a ação pode retardar e dificultar a vacinação de parte da população que tem dificuldade de acesso a médicos. O ministro da Saúde chegou a criticar prefeitos e governadores contrários à exigência, com o argumento de que a maioria não é da área da medicina.

No último dia 27, Bolsonaro afirmou que não vai vacinar a filha, Laura, que tem 11 anos, contra a Covid-19. "Espero que não haja interferência do Judiciário, porque a minha filha não vai se vacinar, [quero] deixar bem claro", afirmou, referindo-se ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ele está desde a data no litoral de Santa Catarina, em São Francisco do Sul, onde passa alguns dias de férias com a família. A previsão de retorno é terça-feira (4).

Em pronunciamento no último dia 31, o presidente voltou a falar no assunto. “Também, como anunciado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendemos que as vacinas para crianças entre 5 e 11 anos sejam aplicadas somente com o consentimento dos pais e prescrição médica. A liberdade tem que ser respeitada”, afirmou.

A postura é amplamente criticada pela sociedade científica, tendo em vista que a vacinação foi autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A SBC (Sociedade Brasileira de Pediatria) já defendeu publicamente a vacinação de crianças contra a Covid-19. Outros órgãos e entidades também já se manifestaram em defesa da segurança da vacina em crianças, como a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que produz vacinas no Brasil.


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