Após um ano de crise sanitária, especialistas atualizam protocolos de prevenção à Covid-19

Após um ano de crise sanitária, especialistas atualizam protocolos de prevenção à Covid-19

"Lavar bem as mãos é mais eficaz do que tirar os sapatos", alerta infectologista Cláudio Stadnik

Christian Bueller

"Lavar bem as mãos é mais eficaz do que tirar os sapatos", alerta infectologista Cláudio Stadnik

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Quando estourou a pandemia de Covid-19, em março de 2020, pouco se sabia sobre a doença, os efeitos e a gravidade, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) procurou orientar a população mundial com uma série de protocolos sanitários que entraram para o cotidiano da geração atual: lavar bem as mãos, optar pelo distanciamento social e posteriormente adotar a máscara como utensílio diário e permanente. Outros cuidados adotados inicialmente, como desinfetar superfícies, por exemplo, foram menos recomendados com o tempo.

Manter limpo o local em que se transita sempre foi adequado antes mesmo da pandemia, mas com a presença o novo coronavírus, precauções como sanitizar os sacos plásticos e produtos que venham da rua se tornaram frequentes. “Eu repetia como se fosse um mantra para todo mundo lá em casa: ‘passou álcool gel no balcão da cozinha para preparar a janta?’”, comentou a aposentada Marlene Silva, 65 anos.

Cientistas dos Estados Unidos, de universidades e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), desenvolveram, no início da pandemia, um estudo identificando a sobrevida do vírus em superfícies, como aço inoxidável, plástico, papelão e cobre, por exemplo, na época tidas como formas de contágio semelhantes à exposição do vírus ao ar e por meio do contato direto com outras pessoas.

Um ano depois, o mesmo CDC publicou outro estudo afirmando que a limpeza intensa só é necessária em alguns casos, como em um ambiente interno onde um caso de Covid-19 foi confirmado nas últimas 24 horas. A nova pesquisa reitera que o risco de contrair o coronavírus de superfícies é “baixo”, menos de 1 em 10.000 chances de levar à infecção.

Aprendizado com o tempo

O infectologista Cláudio Stadnik, médico da Santa Casa de Misericórdia e professor da Ulbra, corrobora com as orientações mais recentes. “Fomos aprendendo com o tempo sobre o que realmente era importante saber. Tudo pode ter alguma influência, mas alguns aspectos têm mais relevância que outros. Lavar bem as mãos é mais eficaz do que tirar os sapatos, que impacta muito menos na prevenção”, explicou.

Havia casos em que a orientação era, sempre que alguém voltasse da rua, para trocar a roupa imediatamente e ir direto para o banho. “A gente chegava a desinfetar as frutas”, conta Marlene. O estudo mais atualizado do centro de controle norte-americano fala em exagero em medidas como esta. As novas diretrizes foram anunciadas pela diretora do CDC, Rochelle Walensky, após um pedido do jornal acadêmico Nature para uma atualização das orientações. Após tocar em maçanetas, barras de ônibus ou corrimões, deve-se utilizar o álcool gel nas mãos, mas não é preciso desinfetar os objetos a cada toque.

“Ainda não é o momento para festinhas”

Stadnik lembra, no entanto, que, apesar da vacinação em curso, o vírus continua circulando. “As pessoas devem continuar evitando aglomerações, manter o distanciamento social e usar máscara, que realmente previnem a transmissão da Covid-19. O efeito da proteção da vacina será maior”, afirma o infectologista. “Ainda não é o momento para festinhas de família ou de empresa. Vamos esperar mais um pouco”, aconselha o médico.


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