Apae inaugura bibliotecas com modelo de inclusão em Porto Alegre

Apae inaugura bibliotecas com modelo de inclusão em Porto Alegre

Unidades foram construídas a partir de doações

Henrique Massaro

Unidade no bairro Glória, em Porto Alegre, foi batizada de Ciranda das Letras

publicidade

Mais do que locais destinados à leitura, espaços de total inclusão para crianças e adultos com múltiplas deficiências. Assim são as bibliotecas inauguradas nesta teraç-feira nas duas escolas da Apae Porto Alegre. Construídos através de recursos do Funcriança do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) – obtidos através da destinação de parte do Imposto de Renda - além de doações espontâneas, os ambientes foram pensados para contemplar as diferentes formas de se contar e ouvir histórias.

O presidente da Apae Porto Alegre, Vitor Hugo Castilhos, explicou que as escolas já contavam com bibliotecas informais, que eram utilizadas conforme as demandas, mas, há cerca de dois anos, começou-se a idealizar espaços mais completos para contemplar os alunos da instituição, que têm outras necessidades que não somente a leitura convencional. Dessa forma, partindo do princípio de que histórias contadas de diversas formas, se buscou um conceito mais amplo.

As bibliotecas contam, por exemplo, com brinquedos e jogos pedagógicos, palco para contação de histórias, mesas e quadro-negro que funcionam como uma extensão das salas de aula, estantes para obras técnicas voltadas à equipe multidisciplinar da Apae e, claro, livros para os alunos. Parte deles está exposta de frente, facilitando o contado com as imagens da capa, e todos tem uma divisão. Ao todo, são 130 siglas anexadas e que também estão em maior tamanho na parede, indicando do que o livro se trata. “Isso é acessibilidade”, resumiu o presidente.

A seleção do nome das bibliotecas também foi inclusiva. A Apae realizou um concurso com todos os alunos pedindo sugestões para nomear os locais. No final, os selecionados foram Ciranda das Letras, na Escola Nazareth, localizada no bairro Glória, e Mundo Encantado, na Escola Doutor João Alfredo de Azevedo, na Vila Nova. Os espaços contam com 82 e 73 metros quadrados, respectivamente, e custaram aproximadamente R$ 70 mil para serem construídos. Apesar de prontos, a instituição ainda conta com a doação de livros. No site portoalegre.apaers.org.br e na página www.facebook.com/apaeportoalegre há listas de obras que podem ser doadas.

A bibliotecária da Escola Nazareth, Eliete Brasil, disse que a instituição conta com alunos dos 7 até os mais de 70 anos de idade e que o espaço foi pensado para contemplar todos esses diferentes perfis. De acordo com ela, trata-se, portanto, de um local inclusivo em todos os aspectos. Ela também explicou que, em pouco tempo, já é possível perceber uma apropriação por parte dos alunos, além de uma inclusão dos pais.

Com uma filha com síndrome de down hoje com 32 anos, o presidente da Apae disse que o momento de inauguração das bibliotecas era motivo também de satisfação pessoal, pois foi na instituição que sua família encontrou um espaço para a filha exercer integralmente seu direito de cidadã. “Estou oferecendo aos meus quase 400 alunos um ambiente onde eles se sentirão totalmente inclusos.”


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895