Associação faz apelo por medidas de apoio a bares e restaurantes no RS

Associação faz apelo por medidas de apoio a bares e restaurantes no RS

Em carta aberta, entidade pede negociação de dívidas, extensão de prazos e crédito para proprietários de estabelecimentos

Jonathas Costa

Bares e restaurantes reabriram nesta segunda-feira, após novo período de restrição severa de funcionamento

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A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel/RS) divulgou carta aberta ao governador Eduardo Leite e aos prefeitos gaúchos por medidas de socorro ao setor de alimentação. No Estado, a entidade representa mais de 450 estabelecimentos, a maioria deles na Capital e Região Metropolitana, e estima que em muitos destes locais o faturamento não chega a 30% do que ocorria antes da pandemia. 

Com a retomada da cogestão, bares e restaurantes reabriram nesta segunda-feira, mas com limitação de horários e de ocupação. 

Entre as reivindicações apresentadas aos governos do Estado e municipais, está a renegociação de dívidas com o setor público, a isenção e parcelamento sem juros das dívidas de ICMS e IPTU, o aumento da carência e do número de parcelas do Pronampe, redução de impostos, perdão de juros e multas, retorno da suspensão temporária de contratos e redução de jornadas de trabalho e empréstimo com 24 meses de carência e 10 anos para pagamento.

Segundo a entidade, a carta é um desabafo de “um setor que está com as mãos amarradas e vê, dia a dia, os empresários esmorecerem, cansados de lutar”. No documento, a Abrasel RS reconhece o agravamento da pandemia e a importância de se permanecer em casa, nos casos em que é possível. “Mas somos um serviço fundamental e seguimos trabalhando conforme todos os protocolos, as pessoas precisam comer. Entendam: não lutamos pela reabertura, lutamos pela sobrevivência. Precisamos de ajuda”.

Assista ao vídeo criado para a campanha:

Leia a carta na íntegra:

Carta aberta à população e aos governos municipais e estaduais do Rio Grande do Sul

Somos a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes seccional Rio Grande do Sul, representamos 456 estabelecimentos do setor de Alimentação Fora do Lar em todo o Rio Grande do Sul, a maior parte deles em Porto Alegre e na Região Metropolitana.

Nossos associados, em sua maioria, são pequenos empresários que têm na gastronomia um sonho. São famílias que transformaram um talento em negócio. São pessoas que fazem do servir o seu ganha pão diário.

Nossos associados têm muitas diferenças e também muitas semelhanças, e é a soma disso que resulta em uma das nossas principais características: a pluralidade.

Diariamente passam por nossos estabelecimentos dezenas, centenas, milhares de pessoas. Muitos clientes, sim. Mas mais do que clientes funcionários, fornecedores, parceiros, terceiros especializados. Nosso setor não movimenta só as cozinhas e os salões: movimenta a economia. Alimentação, gastronomia, bebidas, transporte, logística, comunicação, marketing, contabilidade, arquitetura, engenharia...pensem em tudo o que envolve um restaurante, por menor que ele seja.

Agora lembrem que a quase exatamente um ano fechamos as nossas portas uma vez, e nem tão logo reabrimos. E então outra vez fechamos e abrimos. E depois mais outra, fechamos.

E assim estamos, seguimos fechados. Então voltem dois parágrafos e lembrem de todos os setores que também são atingidos pela nossa parada, pelo nosso fechamento.

Pela nossa quebra.

E quando falamos em setores da economia, pensem que setores são formados por pessoas. Em uma conta simples, bem simples, um restaurante de origem familiar pequeno tem envolvidas, digamos, 6 pessoas internamente. A família, com quatro ou cinco integrantes, e um ou dois funcionários que completam este total. Um negócio um pouco maior, cerca de 20. Fazendo uma média, estamos falando então de aproximadamente 6 mil pessoas diretamente envolvidas só entre os nossos associados. Cada uma delas com suas famílias e esse número sobe para, em média, 24 mil pessoas.

Mas lembrem da cadeia: alimentação, gastronomia, bebidas, transporte, logística, comunicação, marketing, contabilidade, arquitetura, engenharia...Temos como calcular isso? E temos como calcular o impacto que o atingimento de todas estas pessoas causa na economia, como um todo? No supermercado, na loja do bairro, na florista, no salão de beleza, no posto de gasolina, na livraria, na escola, no transporte: em tudo?

Impossível.

Essa carta aberta é um suspiro no peito, um desabafo de um setor que está com as mãos amarradas e vê, dia-a-dia, os empresários esmorecerem, cansados de falar, cansados de tentar, cansados de lutar. No ano passado, a esta altura, os grandes líderes de seus pequenos negócios bradavam, brigavam, xingavam, se rebelavam. Mas agora estão cansados, sem forças até para o grito de desespero.

Que fique claro que sabemos da gravidade da situação e temos consciência que todos temos de fazer a nossa parte e, dentro do possível, não sair de casa. Mas somos um serviço fundamental e seguimos trabalhando conforme todos os protocolos, as pessoas precisam comer.

Entendam: não lutamos pela reabertura, lutamos pela sobrevivência.

Precisamos de ajuda.

Abrasel no RS
 


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