AstraZeneca nega ter rejeitado reunião com UE sobre vacinas

AstraZeneca nega ter rejeitado reunião com UE sobre vacinas

Porta-voz da farmacêutica diz que encontro acontecerá ainda nesta quarta-feira

AFP

Funcionária da UE anunciou que o laboratório havia proposto um novo cronograma de entrega, considerado "inaceitável"

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O gigante farmacêutico britânico AstraZeneca rebateu, nesta quarta-feira, as alegações de que seus representantes se recusaram a se reunir com autoridades da União Europeia (UE) para falar dos atrasos na entrega das doses previstas da vacina contra a Covid-19.

"Podemos confirmar que não nos retiramos, assistiremos à reunião com os funcionários da UE hoje", disse à AFP uma porta-voz da AstraZeneca, cuja vacina desenvolvida com a Universidade de Oxford deve ser, em breve, aprovada para seu uso nos países europeus.

Mais cedo, um alto funcionário do bloco afirmou que representantes da AstraZeneca haviam abandonado uma reunião com membros da UE sobre as dificuldades em cumprir os prazos de entregas de seu imunizante.

O laboratório e a UE protagonizam uma dura controvérsia depois do anúncio da AstraZeneca sobre os atrasos na entrega de seu fármaco na Europa. A empresa atribuiu esse quadro a uma "queda do rendimento" em uma de suas unidades de produção na Bélgica, destinada ao abastecimento europeu. Nesse sentido, a empresa já havia sido convocada para se explicar perante representantes dos 27 Estados-membros do bloco.

Na segunda-feira, uma funcionária de alto escalão da UE anunciou que o laboratório havia proposto um novo cronograma de entrega, considerado "inaceitável". Ainda conforme a mesma fonte, as explicações dadas até agora pela empresa não foram "convincentes". Por isso, representantes da AstraZeneca foram convocados para mais uma reunião nesta quarta-feira. Uma autoridade europeia relatou, porém, que a empresa se retirou da reunião, o que a empresa negou na sequência.

Ontem, o CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, deu uma entrevista, na qual procurava explicar a situação, mas nesta quarta um funcionário da UE questionou esses argumentos. De acordo com Soriot, a AstraZeneca conseguiu fornecer suas vacinas para o Reino Unido, porque havia assinado seu contrato três meses antes e isso lhe deu tempo para corrigir as falhas nas fábricas britânicas.

Soriot acrescentou que, "de qualquer maneira, não nos comprometemos com a UE (...). Não é um compromisso contratual. Dissemos: faremos o melhor que pudermos, mas sem garantir que vamos conseguir". A fontes da UE consultada pela AFP questionou essa versão e avisou que Bruxelas continuará a pedir que a AstraZeneca cumpra seu contrato. "Rejeitamos muitas das coisas da entrevista [de Soriot], incluindo a ideia de que as fábricas do Reino Unido estão reservadas para as entregas no Reino Unido", disse o alto funcionário.

Sobre a ideia de "fazer o que puderem", esta mesma fonte indicou que "o contrato prevê a existência de capacidades adicionais de produção. De forma que, se houver um problema em uma fábrica na Bélgica, possamos recorrer às capacidades em outras fábricas na Europa e no Reino Unido", completou.


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