Baixo nível de oxigênio causa morte de peixes no Dilúvio

Baixo nível de oxigênio causa morte de peixes no Dilúvio

Noites mais quentes e poluição causaram mortes dos animais, conforme a Smams

Eduardo Amaral

Peixes mortos foram avistados no Dilúvio

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A cena de peixes mortos vista na manhã desta quinta-feira no Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, pode ficar mais comum durante o verão. O fenômeno ocorre porque a poluição aliada às noites mais quentes reduz o nível de oxigênio da água, aumentando a mortalidade dos animais. Técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sutentabilidade (Smams) estiveram na barreira ecológica, local onde os foram encontrados diversos peixes mortos, para fazer a vistoria. Em nota, a Secretaria atribuiu “à decomposição da matéria orgânica” como causa das mortes. 

De acordo com a bióloga Soraya Ribeiro, mesmo não sendo um ambiente em equilíbrio, o local possui o desenvolvimento de vida, o que torna “comum” a presença de animais. Coordenador do Instituto do Meio Ambiente da Pucrs, Nelson Ferreira Fontoura, complementa a explicação para o fenômeno. Segundo ele, a hipótese mais provável é que os níveis de oxigênio da água foram caindo durante a madrugada devido ao calor. Isso ocorre porque as plantas o fitoplancton, responsável por produzir oxigênio durante o dia, se torna consumidor na parte da noite, tornando os índices de oxigênio ainda mais baixos. “Um fenômeno bastante frequente, vai ter incidência de morte de peixes normalmente ao longo da madrugada em noites quentes”, explica Fontoura, apontando que mais casos devem acontecer durante o verão.

Um dia antes dos peixes terem aparecido mortos, o Instituto do Meio Ambiente havia feito uma medição de oxigênio em todo Arroio Dilúvio. Na nascente os índices eram bastante satisfatórios, de 7mg/L, porém na área da barreira ecológica o cenário era mais grave, com 4mg/L. Especialistas apontam que o nível seguro de oxigênio na água é de 6mg/L, abaixo disso é considerada uma margem crítica.

O painel de monitoramento colocado na região aponta que entre março e outubro foram recolhidas 617,7 mil quilos de lixo do Dilúvio. De acordo com Fontoura, uma forma de reduzir o impacto da mortandade de peixes durante o verão seria a reconstrução de barragens que possibilitam uma melhor oxigenação da água. “Fazer essas intervenções não vai resolver o problema mas vai diminuir a frequência dos eventos de mortalidade de peixes”, afirma.

Separação do esgoto cloacal ajudaria na despoluição

Uma solução definitiva para o problema precisaria de um investimento na casa de bilhões e tempo. Fontoura aponta duas ações fundamentais, a separação completa do esgoto cloacal do pluvial das cerca de 500 mil pessoas que vivem no entorno e uma solução para as moradias irregularidades ao redor do Dilúvio. Atualmente estima-se que aproximadamente 70% do esgoto dos moradores da região seja separado. Para as duas ações, além do investimento massivo, seria necessária integração com outras cidades por onde o Dilúvio passa. 

Questionada sobre planos de limpeza ou redução de impacto ambiental no Dilúvio, a Secretaria disse que “não integra o escopo de serviços da Smams a limpeza de arroios”. O órgão também disse que não pode afirmar se o calor pode aumentar as ocorrências de mortandade de peixes.


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