Bambas da Orgia e Fidalgos e Aristocratas são destaque da primeira noite do Carnaval de Porto Alegre

Bambas da Orgia e Fidalgos e Aristocratas são destaque da primeira noite do Carnaval de Porto Alegre

Escolas se credenciam ao título da Série Ouro e da Série Prata

Correio do Povo

Bambas da Orgia se destacou entre as escolas da Série Ouro

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*Com informações de Eduardo Amaral

O Carnaval de Porto Alegre está oficialmente de volta. Uma escola convidada, três da Série Prata e três da Série Ouro desfilaram entre a noite de sexta a madrugada deste sábado no Complexo do Porto Seco. A primeira escola a se apresentar, por volta das 22h30min, foi a Academia Samba Puro, que não participa da competição.

Os desfiles competitivos, no entanto, demoraram um pouco mais para começar. Um problema nas planilhas dos jurados atrasou em uma hora a entrada da Academia de Samba Praiana, a primeira agremiação da Série B a desfilar, e impactou o horário de todas as apresentações.

Quando tudo foi ajustado, o chamado Carnaval da Resistência trouxe o colorido e a presença ativa das comunidades, ressaltando a superação para a realização do evento. Veja como foi o primeiro dia de desfiles, que acabou na manhã deste sábado, quando a Imperatriz Dona Leopoldina deixou a avenida.

Samba Puro

A Academia Samba Puro levou ao Complexo do Porto Seco o tema-enredo “Abram as cortinas da folia, o teatro hoje é o tema na passarela da alegria”, contando a história do teatro desde a Grécia Antiga. Em seu desfile, a agremiação do Morro da Conceição colocou a sua Velha Guarda logo no início do desfile, na Comissão de Frente. Além disso, o desfile trouxe homenagens à vereadora Marielle Franco, com integrantes carregando placas com o nome dela e também vestindo camisetas com seu rosto.

 

Praiana

A segunda agremiação a desfilar foi a Academia de Samba Praiana, primeira da Série Prata a passar pelo Porto Seco. A escola entrou na avenida já nos primeiros minutos da madrugada deste sábado, fazendo uma homenagem aos 90 anos da Estação Primeira de Mangueira, a campeã do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro em 2019 e com a qual compartilha as cores verde e rosa.

No enredo “90 anos de poesia em verde e rosa, salve Estação Primeira”, a Praiana colocou a Comissão de Frente com bambas e uma representação da cantora Alcione, célebre mangueirense. No único carro alegórico, a agremiação destacou Cartola, um dos fundadores da Mangueira. Carlos Cachaça, amigo de Cartola e também fundador da escola, foi destacado pelo samba, que também fez referência a diversas músicas que exaltam a tradicional agremiação carioca.

O desfile da Praiana passou longe de animar o público, mas tecnicamente não apresentou problemas graves de evolução. Ainda assim, a chance de título ficou bem distante já que alguns dos membros desfilaram com fantasias fora de contexto. A bateria também não emocionou.

Fidalgos e Aristocratas

Depois foi a vez da Fidalgos e Aristocratas, que fez um empolgante desfile com o tema-enredo “Quem não dança, dança”. A proposta da escola, que faz parte da Série Prata, foi contar a história da dança na avenida.

As primeiras alas, assim como o primeiro carro alegórico, focaram nas danças pioneiras da humanidade. A comissão de frente, por exemplo, trouxe homens da caverna. O caminho da dança também abriu espaço para a escolar homenagear o frevo, dança típica de Pernambuco, e a dança Pop, com a representação de Michael Jackson e seu célebre clipe “Thriller”.

Sem erros técnicos, a escola foi a primeira a realmente empolgar o Porto Seco. Com alas compactas, uma bateria forte e um samba que animou o público, a Fidalgos terminou a primeira noite como uma das favoritas ao título da Série Prata.

Realeza

Quarta escola a desfilar, a Realeza fechou a Série Prata com o enredo “Valente guerreira, Dandara dos Palmares, a verdadeira princesa brasileira”. A comissão de frente mesclou passos de danças ancestrais de raízes africanas para apresentar a guerreira. No samba-enredo, a escola cantou “Dandara é a Realeza”, remetendo ao nome da história e também recontando a história do Brasil ao colocar a personagem em primeiro plano. A agremiação colocou na avenida dois carros alegóricos, sendo o abre-alas bastante imponente, alto e com muito dourado – cor que predominou no desfile todo.

O bom tema-enredo, no entanto, não foi o suficiente para resolver os problemas de evolução da escola. Em diversos momentos as alas apresentaram buracos entre elas ou se aglomeravam. Afora isso, foi mais uma sem um samba cativante e com uma bateria pouco inspirada. Aliado a esses fatores, muitos membros da escola não cantaram o samba-enredo, o que também prejudica no quesito evolução.

Bambas da Orgia

Responsável por abrir os desfiles da Série Ouro, a Bambas da Orgia chegou com o tema-enredo “É tempo de liberdade! No centenário de Nelson Mandela sou Bambas da Orgia, águia altaneira da Igualdade”. Para contar a história de Nelson Mandela, a azul e branco trouxe logo na comissão de frente bandeiras em suas cores e também bandeiras da África do Sul. Já a águia que simboliza a agremiação chegou no carro abre-alas.

A bateria também apostou nas “paradinhas” e, sem deixar o ritmo cair, ousou com uma parada longa para chamar o público para cantar o samba, que dizia “O amor não tem cor, liberdade é Nelson Mandela, a voz da igualdade. Em seu centenário eu rufo o tambor”. A bateria vigorosa foi, por sinal, um dos pontos altos do desfile que mostrou a habitual eficiência da Bambas da Orgia.

União da Vila do IAPI

Com o tema-enredo “O voto é tua única arma. Prazer! Alceu de Deus Collares, de Bagé”, a União da Vila do IAPI prestou uma homenagem ao ex-governador do Rio Grande do Sul. Collares participou da apresentação, ao lado da esposa, no último carro alegórico da escola.

A agremiação apostou em um desfile mais compacto e simples. Mas seu símbolo, uma locomotiva de trem, garantiu espaço como alegoria. A bateria também se mostrou bastante competente para levar o samba forte e, ao mesmo tempo, fácil de decorar. Ao fim, a escola também trouxe um protesto contra a gestão do prefeito Nelson Marchezan Júnior, com integrantes levando cartazes com pedidos para que ele respeite o Carnaval.

Imperatriz Dona Leopoldina

Já era manhã de sábado quando a Imperatriz Dona Leopoldina entrou na avenida. A escola homenageou a cidade de Triunfo e levou três carros alegóricos para o Porto Seco, sendo que o primeiro fez referência ao histórico indígena do município.

Entre as alas, foram lembrados o rio Jacuí, que banha Triunfo, e a presença açoriana na cidade. O histórico na Revolução Farroupilha também não ficou de fora.

Embora alguns integrantes já aparentassem falta de ânimo e tenham lamentado que o dia já tivesse amanhecido, pois a iluminação das alegorias teria sido pensada para a noite, a escola fazia um dos melhores desfiles da noite. O problema foi ter estourado o tempo final em três minutos, o que acarretará descontos.


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