Bares e restaurantes voltam a atender os clientes em Porto Alegre

Bares e restaurantes voltam a atender os clientes em Porto Alegre

Decreto municipal liberou as atividades de gastronomia com diversas restrições

Cláudio Isaías

publicidade

Os restaurantes, bares, padarias, lojas de conveniência e lanchonetes voltaram a atender os clientes hoje. O fato que chamou a atenção é que o público perguntava aos funcionários se o estabelecimento comercial estava atendendo no sistema de buffet livre. Proprietário do Boteco Histórico na rua dos Andradas, Valmir José Lando disse que estava ansioso pelo retorno dos clientes. Com a pandemia do coronavírus, ele viu o número de 400 refeições por dia despencar para cerca de 50. "Dos 18 funcionários, demitimos três em função da crise", destacou. Na porta de Boteco Histórico, um funcionário alertava quem passava pela rua dos Andradas sobre o retorno do atendimento no restaurante.

Há 27 anos no setor de gastronomia, a proprietária Sandra Chies, do Palácio Buffet na rua General Câmara, criticou o prefeito Nelson Marchezan Júnior pelo fato de anunciar a liberação das atividades no setor da alimentação na segunda-feira à noite. "Esse decreto, tinha que ser apresentado na sexta-feira porque só assim nós teríamos tempo para a compra da comida e para reorganizar o estabelecimento. Faltou bom sendo do prefeito", acrescentou. Sandra Chies disse que em razão de toda a crise decorrente do coronavírus um total de 16 funcionários foram demitidos. O estabelecimento que funciona com 16 trabalhadores atende no sistema de buffet livre servido pelos funcionários e também com combos diários ao preço de R$ 18,90. Pelo decreto, o setor de alimentação poderá funcionar de segunda a sexta-feira das 11h às 17h para atendimento ao público, com restrição ao número de clientes simultâneos e observação das regras de higienização aplicáveis. O funcionamento nos sistemas de tele entrega e pegue e leve está permitido sem restrição de horários, vedado o ingresso de clientes nos estabelecimentos e a formação de filas, mesmo que externas.

Com a publicação do decreto municipal que libera as atividades da gastronomia em Porto Alegre com diversas restrições, ainda sem contemplar toda as solicitações do setor, o presidente do Sindha - Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (SIndha), Henry Chmelnitsky, avaliou o momento como um cenário ainda distante do ideal, mas que já representa um avanço. "O cenário ideal ainda não é este, mas já temos um avanço em comparação aos nossos salões totalmente fechados. Já sentimos um alívio frente à possibilidade de abrir, ainda que com restrições de horários e também sem operar aos fins de semana. Estávamos precisando disso, os negócios da gastronomia já estão abaixo do nível de sobrevivência, é extremamente grave", avaliou. Chmelnitsky disse que gostaria de uma flexibilidade maior. "Estamos motivados a seguir dialogando e construindo por mais. Foram horas a fio dedicadas. Longas análises de cenários para buscar o que todos, no fim das contas, queremos: reabrir, oferecendo ambientes seguros para clientes, colaboradores e gestores", acrescentou.

Segundo Chmelnitsky, a entidade realiza, desde o início da pandemia, um trabalho intenso de negociação com o Executivo Municipal e o governo do Estado para levar a realidade dos empresários do setor aos governantes. O Sindha chegou a elaborar, ainda em março deste ano, um estudo técnico com os protocolos de segurança necessários para os bares e restaurantes reabrirem. Também participou de inúmeras reuniões, apresentando dados e relatos dos proprietários, levantando a bandeira da "reabertura gradual, responsável e sustentável", com a devida atenção à saúde da população.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel/RS), avaliou o novo decreto, que flexibiliza as atividades do setor de alimentação em Porto Alegre, como um avanço nos planos de uma reabertura gradual e segura, porém não atende as expectativas dos donos de bares e restaurantes. Conforme a entidade, as medidas ainda são bem restritivas e impedem muitos estabelecimentos de abrirem as portas. “Já é sabido que vivemos um período extremamente difícil no setor de alimentação. Estamos em meio a uma grande crise e temos buscado constantemente dialogar com o Executivo Municipal para encontrar medidas que viabilizem a operação dos bares e restaurantes. A abertura de segunda a sexta-feira no horário do almoço já é uma luz no final do túnel para podermos voltar aos poucos a abrir as portas, destacou a presidente da Abrasel/RS, Maria Fernanda Tartoni.

Segundo ela, os bares restaurantes terão quatro dias para operar até que as medidas sejam revistas na próxima semana. "Essa falta de previsibilidade nos deixa muito inseguros. Todos nós já estamos no limite e precisamos de segurança e apoio para abrir as portas”, ressaltou. A Abrasel, conforme Maria Fernanda, espera que o decreto seja ampliado a partir do dia 17 de agosto e que as demandas que foram solicitadas ao prefeito sejam atendidas, principalmente quanto a abertura aos sábados e domingos, datas importantes para muitos estabelecimentos.

 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895