"Bicos" de policiais como seguranças de lojas é tema de encontro da Câmara dos Vereadores

"Bicos" de policiais como seguranças de lojas é tema de encontro da Câmara dos Vereadores

Entidades foram ouvidas sobre o caso da morte de João Alberto Freitas, no estacionamento do Carrefour 


Christian Bueller

Comissão debateu os trabalhos informais de policiais nesta terça

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A informalidade de alguns policiais que trabalham como seguranças de lojas e estabelecimentos foi tema da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre, nesta terça-feira. Na ocasião, entidades ligadas à área de segurança foram ouvidas sobre o caso da morte de João Alberto Freitas, o Beto, no estacionamento do Carrefour, em novembro.

Solicitada pela vereadora Mônica Leal (PP), a reunião virtual se baseou na situação de um dos assassinos de Beto, Giovane Gaspar da Silva, que era PM temporário e trabalhava como vigilante do Carrefour no momento do crime. O tenente-coronel da Brigada Militar, José Carlos Pacheco lembrou que as empresas de segurança e vigilância são fiscalizadas.

“Qualquer pessoa em sã consciência não concorda com nada que aconteceu. O PM foi desligado. Temos grupamento de segurança que fiscalizam essas empresas. Elas cumprem pré-requisitos. Uma coisa é segurança, outra é vigilância, outra transporte de valores, e cada atividade tem alvará de funcionamento e especificidades diferentes a serem cumpridas”, explicou Pacheco.

De acordo com o presidente do Sindivigilantes do Sul, Loreni Santos Dias, atualmente é muito fácil abrir empresa de vigilância. “Qualquer um vai na Receita Federal e sai com CNPJ na mão”, disse ele, ressaltando que as empresas clandestinas tomaram conta do mercado. “Está tudo errado. A grande maioria dos seguranças que atendem nesta área não são qualificados”. O responsável pela Guarda Municipal de Porto Alegre, Marcelo Nascimento, considera que a informalidade no setor da segurança potencializa os riscos. “O Legislativo pode nos ajudar nesse sentido. Ou regularizamos ou aumentamos a punição de quem está irregular”.

O especialista Gustavo Caleffi, da empresa Esquadra de Segurança, acredita que o grande problema do Brasil no tema é a impunidade e a falta de preparo dos contratados. “É urgente que se faça uma revisão nos critérios exigidos para atuar nesta área”. Caleffi disse, ainda, que o Brasil se espelha em países de primeiro mundo como modelo de segurança. “Isso é um dos nossos grandes erros. Nossa realidade é outra bem diferente. Atuamos sem o mínimo de estrutura”, frisa.

Mônica Leal se dispôs a continuar o debate com reuniões mais amplas, assim como procurar meios para uma revisão na Legislação. “Se preciso, vou a Brasília falar com o vice-presidente Hamilton Mourão”, disse a parlamentar.


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