Bombeiros ganham curso na Ufrgs para aprender a socorrer cachorros

Bombeiros ganham curso na Ufrgs para aprender a socorrer cachorros

Objetivo é capacitar os profissionais para que realizem de forma correta o atendimento aos socorristas

Franceli Stefani

Foco do curso é capacitar os profissionais para que eles realizem de forma correta o atendimento aos cachorros em casos de acidentes

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Ações práticas e teóricas para cuidar dos cães que salvam vidas. A Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) lançou na quinta-feira o Programa de Capacitação Institucional para Bombeiros Militares. Inédito no Brasil, ele vista instruir os integrantes do Corpo de Bombeiros Militares (CBMRS) a prestar os primeiros socorros aos animais da corporação, que auxiliam nas buscas e no socorro de vítimas. O evento, que seguiu nesta sexta-feira, tem como foco capacitar os profissionais para que eles realizem de forma correta o atendimento aos cachorros, em caso de algum acidente durante o trabalho.

De acordo com a coordenadora do programa, a professora Mary Jane Gomes, 70 profissionais - sendo alunos da Academia de Bombeiros e integrantes da Companhia Especial de Busca e Salvamento (Cebs) - participam de palestas com médicos veterinários renomados nas mais diversas áreas. “Tudo foi programado através de demanda trazida por eles. Há mais ou menos um ano eles nos solicitaram esse tipo de programação porque os animais são usados em tragédias e eles estão submetidos a todos os ambientes e acidentes. Aos poucos a ideia é intensificar e ter uma parceria maior com eles, oficializada”, expressa a doutora.

Entusiasmada com a transmissão de conhecimento, a médica veterinária e coordenadora adjunta da atividade, Sandra Márcia Tietz Marques, conta que o projeto de ter um momento como o desses dois dias é antigo. “Há tempo falávamos sobre isso, devido a importância que os cães têm quando atuam em buscas e salvamento. O bombeiro é o parceiro dele, o tutor, e ele precisa tomar a frente para acudi-lo quando algo ocorrer”, detalha, enaltecendo a importância do momento.

Entre os problemas que o militar pode se deparar estão o cachorro sofrer uma hipertermia, hipotermia, pode se machucar com prego, cacos de vidros, entre outras situações e objetos que encontram ao longo da atuação. “O bombeiro salva pessoas, está com cão dele, que pode cruzar um arame farpado e se ferir, vai ser necessário fazer uma bandagem, um curativo, o primeiro socorro é dele.” Depois do bicho estabilizado é que ele vai ser retirado do local em que se feriu e encaminhado ao profissional.

Conforme Sandra, esse é o primeiro de uma série de ações que deverão ocorrer no decorrer dos meses. “Essa ação é um projeto que faz parte de um grande programa junto com a universidade. Esse é o primeiro de uma série deles. É inédito a nível Brasil”, diz. Em julho será a próxima etapa, com um módulo sobre intoxicação em cães. Para novembro o tema abordado será zoonoses – doenças transmitidas por animais. “A troca de conhecimento é fundamental para universidade. Eles fazem um trabalho para todos nós. Eles nos dão cursos e palestras aqui e nós passamos um conhecimento que eles precisam. O cachorro precisa estar saudável até para eles, bombeiros, também estejam.”

Necessidade de um atendimento especializado

O comandante do 3º Pelotão Canil da Cebs, tenente Claudiomiro Maier, lembra que o trabalho com cães iniciou no Corpo de Bombeiros em 2003, através do sargento Gerson Meireles dos Santos e o cachorro Luck. “Ele treinou e começamos a busca com os animais, até então era uma novidade. A partir de então começaram outros, somaram-se pessoas e o canil foi tomando forma. A montagem do espaço foi feita pelos próprios militares”, relembra. Hoje, o sonho de Meireles, é realidade. O canil é um pelotão. “Começamos a notar, com o passar do tempo, a necessidade de um atendimento mais especializado para esses animais”, explica.

Atualmente, são quatro cães prontos para atender o Estado e outros quatro sendo treinados. “Nas ocorrências que atendemos há risco para eles, precisamos saber como ajudá-los, frente algum problema. Como fazer bandagens, manobras de salvamento e aplicação de medicamentos, por exemplo.” Para Maier essa aproximação com a universidade é de extrema importância. Os dois cães do Cebs que foram para Brumadinho, em Minas Gerais, Bonno e Barão, passaram por exames na Ufrgs quando voltaram ao Rio Grande do Sul. “Dois filhotes também precisaram de auxílio veterinário na universidade, um deles foi operado e o outro teve uma infecção. Hoje ambos estão bem. Foram os quatro atendimentos no início do projeto.”

A ideia, de acordo com o tenente, é a partir do curso alinhar um termo de cooperação entre o CBMRS e a universidade. “Alinhavar um tratamento para nossos cães, quando houver emergência poder trazê-los. Quanto ao curso, a proposta é que sigam as atividades até 2022. Sempre com eventos durante o ano.”


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