Brasil está no caminho errado de proteção da Amazônia, diz general Villas Bôas

Brasil está no caminho errado de proteção da Amazônia, diz general Villas Bôas

Comandante do Exército quer preservar a região, mas com permissão para se desenvolver

Mauren Xavier

Comandante do Exército quer preservar a região, mas com permissão para ela se desenvolver

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O comandante do Exército, general de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, defendeu, no início da tarde desta quarta-feira, a mudança no caminho da preservação da Amazônia. Segundo ele, é necessário que o país retome a soberania do território. Destacou que a ação não deve ser no sentido de restrição, como adotado atualmente, mas no que “permita o desenvolvimento”.

“A determinação do presidente Bolsonaro é de a gente reverter esse déficit de soberania na Amazônia. Agora, temos que preservar a Amazônia, isso não temos dúvida. A responsabilidade perante o mundo e a gerações futuras. Porém, acho que o caminho está incorreto. É só na base da proibição e não se oferece alternativas à população”, afirmou, completando que “estamos na contramão”.

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Ele lembrou que há interesses em "congelar" a Amazônia com o desejo que os recursos naturais não fossem explorados. “Há uma pressão internacional muito grande”, disse, em relação as ideologias de preservação ambiental e de áreas indígenas. “A política externa foi muito submissa em relação a isso. Sempre aceitando essas pressões (de outros países em relação à Amazônia) e isso refletiu internamente, criando um déficit de soberania”, explicou.

Atualmente, 40% da Amazônia foi demarcada como terra indígena ou de preservação. Ele criticou o governo da Noruega, assim como ministro de transição, Onyx Lorenzoni, fez recentemente à presença de ONGs internacionais na Amazônia.

A Noruega é o maior doador de recursos ao Fundo Amazônia, que financia ações de preservação da floresta. “Eles por terem doado se acham no direito de interferir em assuntos internos no país. É a mesma Noruega que explora petróleo no Artico. A mesma Noruega de onde é a empresa que provocou aquele derrame no Pará e não sofreu nenhuma sanção. Então, um país (Brasil) que tem mais de 70% de suas florestas originais preservadas não pode aceitar levar pito de autoridade de um país que tem bem menos de florestas originais preservadas”, afirmou.

Presença dos militares no governo


Em coletiva, o comandante, avaliou ainda a proximidade entre governo e o Exército, diante da eleição de Jair Bolsonaro à presidência da República. Além dos dois nomes já anunciados, há a expectativa ainda de que outro integrante assuma a Infraestrutura. “O Bolsonaro, por ser militar, sempre, na sua vida parlamentar, se interessou pelas questões militares”, ressaltou.

Além disso, desde a campanha buscou militares para ajudá-lo e que agora vão compor a equipe. Dentro desse panorama há ainda militares que foram eleitos para vagas no Congresso Nacional e assembleias. “Isso é importante que não seja entendido como uma volta dos militares. O Exército não está voltando ao poder. O Exército vai se manter como instituição de Estado, apolítica, apartidária, cumprindo as suas missões”, avaliou.

Em ritmo de despedida do cargo, que passará a função no início do próximo ano, Villas Bôas participou de encontro de mais de 1h30min com integrantes da reserva e da ativa, na sede do Comando Militar do Sul (CMS), no centro de Porto Alegre. Na terça-feira, ele já havia feito o mesmo com os integrantes no Paraná.

“Eu recebi um Exército muito disciplinado e muito coeso. E a minha maior preocupação era de manter assim. A força do Exército vem da sua coesão e unidade”, afirmou.

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