Caminhões de mudança chegam para retirada da Ocupação Lanceiros Negros

Caminhões de mudança chegam para retirada da Ocupação Lanceiros Negros

Famílias exigem garantias para deixar hotel no Centro e expectativa é de desfecho sem confronto

Correio do Povo e Rádio Guaíba

Famílias exigem garantias para deixar hotel no Centro e expectativa é de desfecho sem confronto

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*Com informações das repórteres Jéssica Hübler e Samantha Klein

Dois meses e 10 dias após a reintegração de posse no imóvel do governo do Estado, localizado na esquina das ruas Andrade Neves e General Câmara, a Ocupação Lanceiros Negros passa por uma segunda ação da mesma natureza. Desta vez na rua dos Andradas, a expectativa é de um desfecho sem conflitos. Após várias negociações, por volta das 14h30min chegaram quatro caminhões de mudança à rua dos Andradas para encaminhar as famílias que ocuparam o antigo Hotel Açores. Uma comissão estava reunida para assinar os termos de acordo.

De acordo com a repórter da Rádio Guaíba, Samantha Klein, representantes dos Lanceiros buscam garantias do governo do Estado e autoridades, antes de deixarem o hotel. Entre elas, é a garantia de melhorias no Centro Vida, na zona Norte da Capital; além da distribuição de aluguel social para os que deixarão a ocupação. A previsão do Piratini é de entregar os R$ 500 mensais a 20 famílias, mas não há uma definição exata de quantas estão dentro do hotel. A outra possibilidade é que parte das pessoas seja encaminhada para um condomínio popular na Restinga, zona Sul da Capital.

A reportagem não tem acesso às discussões entre MLB, autoridades e parlamentares da Assembleia Legislativa, mas alguns deputados se pronunciaram após as conversas. Eles garantiam otimismo de que o desfecho fosse sem confrontos.

O processo de cumprimento da ordem judicial de reintegração de posse do antigo Hotel Açores, na rua dos Andradas, 885, no Centro Histórico, começou por volta das 23h de quarta-feira, com o isolamento da quadra entre as ruas General João Manoel e Caldas Júnior. O acesso da rua General Bento Martins à Andradas também foi bloqueado pela Brigada Militar.

No início da manhã, por volta das 7h, representantes de diversos órgãos envolvidos no processo se reuniram na Praça Brigadeiro Sampaio, ao lado do QG da Brigada Militar, para deliberar sobre a ação de desocupação. O comandante de Policiamento da Capital (CPC), coronel Jefferson de Barros Jacques, organizou um comitê de mediação. “O objetivo é promover uma desocupação pacífica e voluntária por parte das famílias que ocuparam o imóvel”, justificou.

O grupo foi formado por pelo menos 10 oficiais de Justiça, o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Jeferson Fernandes, Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Tutelar e o coronel Jacques. Segundo ele, o cumprimento da ordem judicial de reintegração de posse no prédio do antigo Hotel Açores foi realizado em diversas fases, com interlocução inicial e processo de negociação para saída pacífica das famílias.

“Nossa meta foi conduzir o processo da maneira mais tranquila possível, o que dependia da disposição daqueles que iriam cooperar para que evitássemos a reintegração forçada”, afirmou. Até o início da tarde de ontem, a reintegração de posse ocorreu pacificamente. Segundo o comandante do CPC, aproximadamente 200 policiais militares participaram da ação. Após a formação do comitê de mediação, o grupo se deslocou para o prédio que seria desocupado.

Durante reunião dos integrantes do comitê com membros do MLB, foram oferecidas pelo menos três alternativas para que a desocupação fosse realizada voluntariamente. Uma delas foi o encaminhamento das famílias para um antigo alojamento da BM, nas dependências do Vida Centro Humanístico, na zona Norte. Outra possibilidade era a transferência das famílias para um conjunto habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida, recém finalizado no bairro Restinga e, a terceira, a garantia de concessão de pelo menos 20 aluguéis sociais através da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc).

Após horas de negociações e apesar das alternativas apresentadas, os integrantes do MLB pediram garantias do Estado para deixar o local. “Precisamos ter certeza de que os ambientes estão adequados para receber as famílias”, afirmou a coordenadora do MLB, Nana Sanches. Isso porque, após a última reintegração de posse, que retirou os ocupantes do imóvel do Estado, segundo ela, eles foram encaminhados para um local aberto e sem estrutura adequada. Depois da garantia de um abrigo provisório, os integrantes da ocupação esperam receber uma moradia.

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