Caso Kiss: advogado de defesa lista razões para MP aceitar resultado de recurso

Caso Kiss: advogado de defesa lista razões para MP aceitar resultado de recurso

Jader Marques chegou a postar uma foto usando os dizeres #aceitaMPRS, mas excluiu horas depois após repercussão

Correio do Povo

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Após postar e apagar foto vestindo uma camiseta com os dizeres #aceitaMPRS, o advogado Jader Marques voltou a se manifestar nesta sexta-feira utilizando a mesma hashtag. Marques representa Elissandro Spohr, o Kiko, solto na última quarta-feira após a anulação do júri que condenou ele e outros três no caso da Boate Kiss. O advogado listou 15 questões que, segundo ele, o Ministério Público do Rio Grande do Sul tem de aceitar. O MP afirmou que não vai manifestar sobre as declarações, mas a associação dos familiares de vítimas repudiou o “deboche” do advogado.

“#aceitaMPRS que um promotor de Justiça detinha todos os documentos da boate antes do dia 27 de janeiro; que todas as obras foram feitas num TAC; que ludibriaram as famílias dizendo que agentes públicos seriam processados; que processaram os pais”, escreveu o advogado. Marques ainda listou que a denúncia foi feita apenas contra quatro dos trinta indiciados no caso, que os réus não tinham consciência do risco que as vítimas corriam e que só há dolo eventual quando o agente aceita o resultado. O advogado ainda foi adiante, sempre utilizando a hashtag #aceitaMPRS, dizendo, por exemplo, que os Desembargadores apresentaram fundamentação constitucional e legal em seus votos para declarar as nulidades e que não é admissível manter os réus presos se a condenação foi anulada. 

Na manhã desta sexta-feira, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) informou que não iria se pronunciar sobre a postagem que o advogado havia feito um dia antes nas redes sociais, onde aparecia vestindo uma camiseta com a seguinte estampa: #aceitaMPRS. O post foi feito na tarde de quinta e apagado à noite.

Procurado pelo CP, Marques disse que a postagem acompanhava as de outras pessoas que estavam postando a hashtag, em função do MPRS recorrer ao ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que a decisão que levou às prisões fosse restabelecida.

Horas antes de deletar a foto, questionado sobre como a publicação poderia repercutir nas redes, junto às famílias das 242 vítimas, por exemplo, o advogado Jader Marques declarou que há anos vem afirmando que o MPRS deve "aceitar a sua responsabilidade" pela tragédia e pela anulação do júri. "O Ministério Público deve explicar para as famílias", falou, acrescentando que não tem o que se justificar. 

Já a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) emitiu uma nota sobre o fato. “No tribunal das redes sociais, advogados agem como juízes e à opinião pública é atribuída o caráter de jurados. O deboche é um artifício comumente utilizado por tais juízes, atingindo não somente ao alvo supostamente pretendido, mas também à humanidade e dignidade de todos atingidos pela tragédia, atitude a qual repudiamos. Tal conduta inflama o discurso de ódio e aumenta o desrespeito sofrido pelas vítimas”, manifestou-se.

A Ordem dos Advogados do Brasil-Seccional Rio Grande do Sul (OAB-RS) também foi contatada e informou que não irá se pronunciar sobre o assunto.


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