Casos e óbitos por Covid-19 mais que dobram em 30 dias em Porto Alegre

Casos e óbitos por Covid-19 mais que dobram em 30 dias em Porto Alegre

UTIs sobem para 80% de ocupação, doentes de coronavírus respondem por 11,31% das pessoas internadas em estado grave

Gabriel Guedes

Porto Alegre tem 614 leitos operacionais, 19 destes bloqueados por razões não informadas, e 495 pacientes internados nas UTIs das instituições da Capital

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Em um intervalo de 30 dias, o número de casos de Covid-19 mais que duplicou em Porto Alegre. Passamos dos 461 casos em 27 de abril para 1.098 até a última quarta-feira, em um crescimento de 138,17%. O número de óbitos também sofreu reflexo, passando de 15 para 34, em um acréscimo de 126%. Neste período, a Capital teve a reabertura gradual do comércio, desde pequenos estabelecimentos até shopping centers, além do feriado do Dia do Trabalho e o Dia das Mães, quando aumenta a procura por opções de presentes e alimentação.

Como consequência disso tudo, o mês de maio vai encerrando com a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em elevação, ultrapassando a marca dos 80%. Entre os 16 hospitais de Porto Alegre, disparou a quantidade de pacientes confirmados e os suspeitos com Covid-19. No dia 13, a capital tinha 72,61% dos leitos ocupados, no dia 20, já eram 78,66 e nesta quinta-feira chegou aos 80,62%. Nesta trajetória, o número de pacientes confirmados e com suspeita da doença avançaram 30,35%, passando de 56 para 73. Apesar desta aceleração, estes doentes respondem apenas à 11,31% das pessoas internadas em estado grave na Capital. No estado, este índice é de 17,6%.

Porto Alegre tem 614 leitos operacionais, 19 destes bloqueados por razões não informadas, e 495 pacientes internados nas UTIs das instituições da Capital. Deste contingente, 44 são de casos confirmados de Covid-19 e 29 estão sob suspeita. “Porto Alegre sempre foi uma referência para pacientes de maior gravidade. Nunca tivemos uma capacidade ociosa de leitos. Esta estratégia toda de enfrentamento da doença foi para poder manter esta estrutura adequada. Foi toda uma estratégia para a rede atender esta possível demanda em elevação”, afirma o coordenador do Complexo de Regulação da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Jorge Osório.

Dos hospitais da Capital e que são referência para o Covid-19, no Hospital de Clínicas, dos 112 leitos, 80 estão ocupados, 18 por doentes pelo novo coronavírus e um por paciente com suspeita, em uma lotação de 71,43%. Entretanto, é o Hospital Nossa Senhora da Conceição, na zona Norte, que está com uma situação mais delicada e enfrenta uma ocupação de 85,51%, com 59 pacientes para 69 leitos de UTI. Estão internados na unidade 8 pacientes com Covid e outros 10 sob suspeita.

De acordo com o diretor técnico do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Francisco Paz, a situação requereu algumas medidas mais severas. “Nosso grande problema do percentual elevado é pelas síndromes gripais não-covid e outras patologias. A UTI não-covid tem ficado mais de 90% ocupada. Então tivemos que suspender cirurgias eletivas e estamos encaminhando pacientes para outros hospitais”, detalha. Por outro lado, o Conceição pretende abrir mais 10 leitos na próxima semana, “para ter uma capacidade de manobra maior”, completa Paz.

Entre os hospitais privados, a UTI do Ernesto Dornelles, que tem 40 leitos e 33 pacientes, tem entre eles 9 com Covid-19 e outros 6 sob suspeita. É o terceiro que mais tem doentes relacionados à pandemia. Mas sua ocupação é de 82,50%. Os Hospitais São Lucas, Moinhos de Vento e Divina Providência também possuem alguns pacientes com Covid-19 nas UTIs. “A gente faz um monitoramento diário, inclusive para poder prover manobras. Clínicas e Conceição, por exemplo, estamos direcionando para receber as demandas de doenças respiratórias e estamos tentando deixar as demais instituições para atender a outras situações”, destaca Osório.

Alerta redobrado

De acordo com o coordenador, a situação nunca foi tranquila, por que segundo ele, a “demanda por UTI sempre foi elevada” na cidade. Ainda assim, o epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, que coordena a pesquisa Epicovid, que investiga o número de infectados pelo novo coronavírus no RS, acredita que a Capital vem tendo um bom desempenho em relação a outras capitais do País e até mesmo dentro do próprio estado. “Porto Alegre tem reagido de forma muito boa ao Coronavírus”, acredita. Contudo o diretor do GHC prefere a cautela e alerta: “Se aumentar os casos de covid, aí teremos problemas”, adianta.

Mesmo considerando uma defasagem, em virtude da migração dos dados do município de Porto Alegre para o sistema e-SUS Notifica - que deve ser concluída nesta semana ainda -, o Rio Grande do Sul tinha até esta quinta-feira pelo menos 7.048 casos, cerca de 5 vezes mais que o dado no dia 28 de abril, quando eram 1.228 casos. Neste tempo, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) validou resultados de testes rápidos e laboratórios, ao mesmo tempo também que viu o número de casos acelerarem no interior, em cidades como Passo Fundo e Lajeado. Entretanto, em relação às UTIs, a ocupação se mantém praticamente estável nos hospitais do Rio Grande do Sul pela terceira semana seguida, oscilando pouco, dentro da margem de 70% a 73%. Até a tarde desta quinta-feira, o estado estava com 1.893 leitos e destes, 1.342 estão com pacientes, o que corresponde a 70,9% de ocupação.

Deste número, 142 estão internados com Covid-19 e outros 94 com suspeita. A Região Metropolitana, Sul e Norte gaúcho possuem as maiores taxas de ocupação, com 73,8%, 75% e 75,5%, respectivamente.  “Estamos conseguindo esta estabilidade e dentro do que temos, é um bom resultado. É um dado importante”, avaliou o governador Eduardo Leite.

Ocupação das UTI(s)

Dia 28:

Porto Alegre - 80,13%

leitos operacionais - 614
leitos bloqueados - 19
pacientes internados - 495
suspeitos Covid - 29
confirmados Covid - 42

Rio Grande do Sul - 70,9%

leitos - 1.893 leitos
ocupados - 1.342
suspeitos Covid - 94
confirmados Covid - 142
(No total, 236 pacientes, confirmados ou suspeitos, ocupam leitos de UTI no Estado, o que representa 17,6%  da ocupação)
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Dia 20:

Porto Alegre - 78,66%

leitos operacionais - 614
leitos bloqueados - 19
pacientes internados - 483
suspeitos Covid - 32
confirmados Covid - 43
total covid - 75

Rio Grande do Sul - 71%

leitos - 1.814 leitos
ocupados - 1.288
suspeitos Covid - 100
confirmados Covid - 122
(No total, 222 pacientes, confirmados ou suspeitos, ocupam leitos de UTI no Estado, o que representa 17,23%  da ocupação)
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Dia 13:

Porto Alegre - 72,61%

leitos operacionais - 617
leitos bloqueados - 19
pacientes internados - 448 pacientes
suspeitos Covid - 20
confirmados Covid - 36
total covid - 56

Rio Grande do Sul - 72,3% [veio de um aumento de 2,5%]

leitos - 1.719 leitos
ocupados - 1.242
suspeitos Covid - 98
confirmados Covid - 114
(No total, 212 pacientes, confirmados ou suspeitos, ocupam leitos de UTI no Estado, o que representa 17,06% da ocupação)


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