Censo inédito visita comunidades quilombolas de Porto Alegre
Técnicos do instituto estiveram no Quilombo dos Alpes, território no bairro Cascata, zona Sul de Porto Alegre

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Moradores de comunidades quilombolas em todo o Brasil estão, pela primeira vez, respondendo a questionamentos específicos de recenseadores, por meio do Censo Quilombola, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em meio ao Censo 2022. Na manhã desta quarta-feira, os técnicos do instituto estiveram no Quilombo dos Alpes, território no bairro Cascata, zona Sul de Porto Alegre, promovendo o Dia de Mobilização do Censo Quilombola, evento de apresentação do projeto no Rio Grande do Sul.
No local, cuja área é reconhecida desde 2016 e que tem 58 hectares de área, vivem cerca de 150 famílias, todas descendentes de Edwirges Francisca Garcia, pioneira da comunidade desde o início do século XX. Na visão da presidente da Associação Quilombo dos Alpes, Rosângela da Silva Ellias, que recepcionou o IBGE no local, o mapeamento destas comunidades é um grande avanço. "É uma maneira de trazer políticas públicas e as melhorias que tanto buscamos", salienta.
O coordenador técnico estadual do Censo no RS, Claudio Franco Sant'anna, salienta que esta é a oportunidade que o IBGE tem para fornecer mais informações estatísticas a respeito dos povos tradicionais. "Estamos buscando conscientizar as pessoas que vivem nestes territórios para que eles recebam os recenseadores e respondam às perguntas corretamente", comentou. São dois questionamentos feitos a esta população. O primeiro é se a pessoa se consolida quilombola, e, em caso afirmativo, a qual comunidade pertence. O IBGE avalia que, com estas informações, os demais questionamentos sobre trabalho, renda, saúde, educação, entre outros, irão gerar dados específicos a esta população.
O presidente da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), José Alex Mendes, avalia que as perguntas foram bastante debatidas com demais representantes destes territórios. "É um instrumento oficial de contagem que qualifica ainda mais esta e outras comunidades", diz. Após este trabalho, o recenseamento em si inicia nos próximos dias. Além do Quilombo dos Alpes, outras sete comunidades no país também receberam a visita do IBGE ontem, neste dia de mobilização. O instituto mapeou, no Rio Grande do Sul, 26 territórios quilombolas, 43 agrupamentos do gênero e 209 áreas de interesse operacional quilombola.