Cerca de mil pessoas participam da 3ª etapa do circuito Chega de Trabalho Infantil

Cerca de mil pessoas participam da 3ª etapa do circuito Chega de Trabalho Infantil

Competição tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade sobre os malefícios das crianças trabalharem

Henrique Massaro

Cerca de mil pessoas participaram da 3ª etapa do circuito Chega de Trabalho Infantil

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Amelina Silveira tinha apenas 11 anos quando saiu de Solidão, no interior de Mostardas, e veio para Porto Alegre trabalhar. Como outras crianças e jovens nessa situação, sentiu que interrompeu uma fase importante para assumir uma responsabilidade que só deveria ser encarada mais tarde. Na manhã deste domingo, ela – literalmente – correu contra essa realidade na terceira etapa do circuito #ChegadeTrabalhoInfantil. Promovido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo Clube de Corredores (Corpa), o evento reuniu cerca de mil pessoas na avenida Edvaldo Pereira Paiva, na Capital.

Hoje professora de inglês de uma escola particular, Amelina conseguiu superar as dificuldades impostas pelo trabalho precoce, mas sente que a trajetória teria sido mais simples se tivesse tido o final da infância e a adolescência para estudar. “Eu acho que queimei muitas etapas da minha vida”, comentou, ao elogiar a importância de a iniciativa e a adesão do público. Além de representar parte de sua história, a corrida também demonstrou sua superação física. Aos 49 anos, a professora, que começou a correr há um ano e quatro meses, completou o percurso de 10 quilômetros e aguardava para saber sua colocação. Nas duas primeiras etapas da maratona, ela chegou em segundo e terceiro lugar.

Além dessa categoria, o circuito contou com percursos de 5, 15 e 20 quilômetros, todos nas categorias feminina e masculina. Havia, ainda, a modalidade infantil, dividida em categorias dos 3 aos 14 anos e em trajetos de 50 a 400 metros. De acordo com Paulo Silva, organizador da corrida, em todas as categorias havia premiação no pódio até a quinta colocação. Ainda segundo ele, o evento serve como preparação para a Maratona de Porto Alegre, que deve ter cerca de dez mil participantes no dia 10 de junho.

Para a procuradora Patrícia Sanfelici, titular da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes (Coordinfância), as três etapas do circuito conseguiram cumprir o objetivo de chamar a atenção e conscientizar a sociedade sobre os malefícios do trabalho infantil. De acordo com ela, a expectativa é de que a população cada vez mais se comprometa com a causa da maratona, que pode, inclusive, vir a ser realizada em outros municípios.



Promovido pelo MPT e pelo Corpa, o evento contou com o apoio do Ministério Público Estadual (MP/RS) e do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS).

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