Cicloativistas veem lentidão na instalação de ciclofaixas em Porto Alegre

Cicloativistas veem lentidão na instalação de ciclofaixas em Porto Alegre

Reunião da Câmara avaliou os 10 anos do Plano Diretor Cicloviário da Capital

Eduardo Amaral

Cicliativistas reclamaram da lentidão da prefeitura para cumprir o determinado no Plano Diretor Cicloviário Integrado

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Cicloativistas, representantes de entidades que defendem o uso da bicicleta, estiveram reunidos na Câmara dos Vereadores de Porto Alegre para discutir o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), que completa 10 anos em 2019. Na avaliação do grupo, a instalação de ciclofaixas está andando em um ritmo muito lento quanto ao que era previsto pelo PDCI.

Durante cerca de uma hora, o grupo presente apresentou números e cobrou do Governo Municipal maior agilidade no processo de incentivo ao uso da bicicleta na cidade. Para o vereador Marcelo Sgarbossa (PT), que coordenou o encontro, a lentidão é fruto de uma falta de interesse do Governo em priorizar o tema. “Falta ainda a decisão política de levar a sério as ciclovias, e fazê-las. Por isso não conseguimos ir adiante”, avaliou Sgarbossa.

O vereador não poupou críticas ao atual governo e fez uma comparação com a gestão anterior. “Pelo menos o governo antecessor se comprometia e criava metas, essa gestão não assume nenhum compromisso”, afirmou.

Apesar de a reunião não ter um caráter decisório, Sgarbossa criticou o fato de o governo mandar representantes que pouco podem decidir sobre a política de trânsito do município. “Eles não chegaram a se comprometer com nada porque não tem autorização política para isso. O Poder Público pode acelerar a transformação cultural, coisa que não tem feito. Não é mais necessário explicar a importância da ciclovia. Isso não se efetiva porque falta uma decisão de realmente fazer.”

EPTC relaciona falta de novas ciclovias à crise econômica

Chefe da equipe cicloviária da Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC), Antônio Vigna reconheceu a limitação para decisões, mas considerou a situação natural. “Em qualquer gestão quem tem a palavra final é o gestor maior, mas aos projetos nós respondemos sim. As decisões são dele, a velocidade de implantar um plano é dele.”

Vigna também minimizou as críticas ao andamento da implementação de ciclovias no governo atual, que entregou cerca de 3 quilômetros durante os três anos. De acordo com ele, a lentidão no processo é consequência da crise econômica vivida pelo país e pela cidade e afirmou que o cenário deve mudar a partir de 2020.

“A implementação continuou acontecendo, em velocidade mais baixa porque os empreendimentos reduziram também”, explicou Vigna. “Acredito que estamos saindo dessa crise e temos perspectivas bem interessantes para implementar ciclovias com recursos próprios.”

Um dos pontos levantados durante a reunião foi o fato de que muitas das ciclovias entregues nos últimos anos terem sido fruto de contrapartidas de investimentos privados. Vigna ressaltou que esta medida não é um problema, pois “a população quer ver o espaço pronto, e o dinheiro de contrapartida também é público”. Ainda assim, ele reconhece que a dependência de contrapartidas engessa o andamento do PDCI, mas garante que já há trechos sendo feitos com recursos próprios da prefeitura, entre eles a finalização do 1,7 quilômetro da ciclofaixa da Avenida Ipiranga, que deve reiniciar ainda este ano e ser finalizada no verão de 2020.

Outra reivindicação dos presentes foi a volta da destinação de 20% das multas de trânsito para construção de ciclofaixas. A medida foi derrubada ainda na gestão de José Fortunati, e sua volta é difícil pois depende de um projeto de lei encaminhado pelo Executivo Municipal, o que não está no horizonte do atual governo.


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