Ciclone trará rajadas de vento, frio intenso e neve ao Sul do país, alerta MetSul

Ciclone trará rajadas de vento, frio intenso e neve ao Sul do país, alerta MetSul

Fenômeno deve atingir o RS, com alta chance de estragos, entre terça e quarta-feira

Correio do Povo, com MetSul

Fenômeno deve atingir o RS entre terça e quarta-feira

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Os estados do Sul do país devem encarar entre terça e quarta-feira situações atípicas até mesmo para o inverno. De acordo com a MetSul Meteorologia, a chegada de um ciclone muito intenso pode adquirir características subtropicais e trazer rajadas de vento de 150 km/h, precipitação do frio intenso, com ocorrência de neve em algumas regiões do RS, SC e PR.

"O frio no RS não pode ser considerado histórico pelas referências de outros episódios de frio na histórica recente da região nesta época do ano", ressaltou a MetSul. No Estado gaúcho, a chance de precipitação invernal se concentra nos Campos de Cima da Serra, especialmente em cidades com cotas perto ou acima de 1000 metros, como Cambará do Sul e São José dos Ausentes. Alguns pontos das regiões serranas podem ficar 48h a 72h seguidas com marcas abaixo de 10ºC.

As menores mínimas devem ocorrer na sexta e no próximo fim de semana, quando a circulação de umidade de áreas de baixa pressão cessar e o tempo ficar mais aberto e com ar seco. Será quando o frio deve ser mais intenso no Sul do Brasil com marcas de até 5ºC ou menos na Grande Porto Alegre e de até 3ºC ou 4ºC nos Aparados da Serra, além de 5ºC negativos ou menos no Planalto Sul Catarinense. 

"Nenhum modelo indica precipitação de neve expressiva com grandes acumulações nestas áreas, mas, em especial no Planalto Sul de Santa Catarina, existe a possibilidade de pancadas de neve. Isso porque com a circulação ciclônica se formam nuvens de desenvolvimento vertical que não raro neste tipo de situação pode causar pancadas isoladas de neve forte de curta duração capazes de gerar acumulação em poucos minutos", explicou a MetSul.

RS deve ser o estado mais afetado pelas rajadas de vento

No entanto, o estado gaúcho deve ser o mais afetado com rajadas intensas e mesmo extremamente fortes em algumas áreas. O Sul e o Leste do RS serão as regiões mais castigadas pelo ciclone com vento, em média, de 80 km/h a 100 km/h, mas com rajadas em alguns pontos que podem atingir até 110 km/h a 120 km/h, especialmente no Litoral Sul e na área da Lagoa dos Patos e seu entorno.

O Litoral Norte gaúcho também deve sofrer com vento perto ou acima de 100 km/h, sobretudo mais ao Sul da região entre Quintão e Tramandaí. Entre as cidades que mais podem ser impactadas pelo vento muito intenso – que vai soprar com rajadas por muitas horas seguidas – estão as das regiões do Chuí, Pelotas, Rio Grande, Camaquã, Mostardas, Porto Alegre e Sul da área metropolitana (Vale do Sinos é menos impactado em ciclones), Leste da Serra e o Litoral Norte.

A meteorologista Estael Sias, da Metsul Meteorologia, adverte para a possibilidade de ventos de até 120km/h no litoral gaúcho. O ciclone deve atingir ainda a região Sul, especialmente a Costa Doce, e a Região Metropolitana, onde podem ocorrer ventos de até 80km/h. Apesar da tendência de ser intenso, o sistema entre terça e quarta-feira não será um furacão.
 
“Vai trazer danos, não vai ser um evento qualquer, vai ser um evento especial. Vai chamar bastante atenção e vai ter um efeito importante, com queda de postes, de árvores, falta de energia. É situação de alerta mesmo”, observa. Estael explica que este fenômeno vai reunir características tanto de ciclone extratropical quanto tropical. “O que a gente vai ter esta semana é um fenômeno que a gente chama de híbrido, vai ter um pouco da característica desses dois fenômenos. Ele começa a se formar pelo contraste térmico como um ciclone clássico extratropical. Agora a pressão atmosférica no domingo trouxe chuva. Na segunda-feira vai ter essa baixa pressão no oceano e depois se afasta a 600 quilômetros da costa e depois ele começa a voltar”, observa.

A meteorologista afirma que um dos elementos atípicos deste sistema será a sua trajetória, chamada “de retrógrada”, que é o movimento contrário - similar ao verificado no furacão Catarina, em 2004, que atingiu o Sul catarinense e o litoral Norte gaúcho. “Ele sai do oceano e avança em direção ao continente. Isso vai acontecer entre a terça e a quarta-feira muito rapidamente, e a trajetória dele passa a ser de ciclone tropical. Por isso que a gente chama de subtropical, porque ele inicia como extratropical, o núcleo dele é frio, se forma pelo contraste térmico. O mar está frio, não está quente o suficiente para que se formasse um furacão, mas a trajetória é de furacão. Então essa mescla desses dois fenômenos a gente classifica como subtropical e quando isso acontece a Marinha do Brasil dá nomes”, destaca.
 
Segundo Norma da Autoridade Marítima para Meteorologia Marítima (NORMAM-19), ciclones atípicos (subtropicais e tropicais) que se formam no mar territorial brasileiro são nomeados. Ela explica que fenômenos com características anômalas recebem nomes já definidos pela Marinha. Conforme a lista, o nome seria Yakecan ou “o som do céu” na língua tupi-garani. Estael lembra que o último ciclone a ter sido nomeado na costa brasileira foi a tempestade subtropical Ubá, em dezembro de 2021. A Defesa Civil do Estado informa que monitora o cenário meteorológico na Sala de Situação.

Impactos no serviço de energia elétrica

A MetSul destaca a alta probabilidade de danos e de alto impacto no serviço de energia elétrica com a esmagadora maioria dos pontos sem luz na área de concessão da CEEE Equatorial, onde, considerado a intensidade do vento projetada, centenas de milhares de pessoas podem ficar sem luz no pico da quarta-feira.


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