Cinco cidades gaúchas têm percentual abaixo de 65% de aplicação de vacinas contra Covid-19

Cinco cidades gaúchas têm percentual abaixo de 65% de aplicação de vacinas contra Covid-19

Vários fatores podem contribuir para os diferentes ritmos de vacinação e de cobertura vacinal nos municípios

Jessica Hübler

Pelo menos 5 municípios estão com percentual de aplicação das vacinas contra a Covid-19 abaixo de 65%

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Pelo menos cinco municípios gaúchos estão com percentual de aplicação das vacinas contra a Covid-19 abaixo de 65%, consideravelmente abaixo à média do Estado. Isso significa especificamente o número de doses que foram aplicadas na cidade de acordo com as doses que foram destinadas. Até a tarde desta segunda-feira, os cinco municípios com menor percentual de aplicação dos imunizantes eram, respectivamente: Chuí (54,6%); Gramado Xavier (57,1%), Rio Grande (59,7%); Chuvisca (60,5%) e Muliterno (63,7%).

No RS, o índice de aplicação é de 86%, com 8.343.986 doses recebidas, 7.378.450 distribuídas e 6.357.745 aplicadas. 

Chuí recebeu 3.528 doses e aplicou 1.925. O município, além de ter o menor percentual de doses aplicadas com relação à quantidade destinada, também é o que apresenta menor porcentagem de imunizados com relação à população geral. Dos 6.635 habitantes, 1.012 receberam a primeira dose, ou seja, 15,3% da população e apenas 623 (9,4%) estão com o esquema vacinal completo.

A cidade de Gramado Xavier recebeu 2.005 doses e aplicou 1.145. Para o município de Rio Grande foram destinadas 149.625 doses de vacinas contra a Covid-19 e foram aplicadas 89.294. A cidade de Chuvisca recebeu 2.941 doses e aplicou 1.780, já a cidade de Muliterno aplicou 1.051 das 1.649 doses que recebeu. 

Distribuição 

De acordo com a diretora do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde (DAPPS), Ana Costa, vários fatores podem contribuir para os diferentes ritmos de vacinação e de cobertura vacinal nos municípios.

"As doses de vacinas não são distribuídas pelo número de habitantes de um município, mas de acordo com as estimativas populacionais do Ministério da Saúde para os grupos prioritários. Por exemplo, os municípios que contam com rede de serviços de saúde mais robusta receberam mais doses destinadas aos profissionais de saúde. No caso de indígenas, alguns municípios receberam zero doses por não contarem com essa população", explica. 

Conforme Ana, o mesmo ocorre com a proporção de idosos em cada município. A distribuição de doses não segue o critério da população em geral, mas o de grupos prioritários. "Influenciam no percentual de vacinados características que incluem o perfil demográfico do território com formações populacionais diferentes para cada município. O ritmo de vacinação depende ainda da capacidade instalada e tipos de doenças na região", ressalta. Além disso, ela complementa que também podem ocorrer atrasos de registro no sistema das doses aplicadas e que podem não refletir a realidade. "Esse registro é de responsabilidade dos municípios", esclarece.

Transparência 

O prefeito de Muliterno Adair Barilli (PTB), esclareceu que apesar de o percentual com relação ao quantitativo de imunizantes ficar abaixo de 65%, o percentual da população que recebeu pelo menos a primeira dose já é de 51,4% e, além disso, 25,1% da população da cidade já está com o esquema vacinal completo. O município possui 1.888 habitantes.

O presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), Gerson Junqueira, afirma que o Rio Grande do Sul tem apresentado números meritórios desde que foi iniciada a vacinação contra a Covid-19, imprimindo ritmo e transparência na distribuição dos imunizantes recebidos. "Segundo estimativa do Governador Eduardo Leite, toda a população gaúcha acima de 18 anos será imunizada com a primeira dose até 20 de setembro", comemora.

Junqueira ainda frisa que é fundamental lembrar que a importância da vacinação não está somente na proteção imunológica individual, mas sobretudo na sua aplicação de forma coletiva e na possibilidade de contenção da transmissibilidade da doença. "É fundamental, também, reforçar a importância de receber as duas doses da vacina, quando preconizada, para a completa imunização. Enquanto segue a vacinação, indubitavelmente nosso principal recurso medicamentoso contra o coronavírus, reiteramos a importância da manutenção dos protocolos protetivos individuais - usar máscaras, lavar as mãos, manter distanciamento social - sabidamente eficazes e imprescindíveis para assegurar menor risco de contágio", enfatiza.

O prefeito de Chuí, Marco Antonio (DEM) afirmou que o percentual da vacinação da cidade sempre vai ser baixo. "Aproximadamente 50% a população do Chuí brasileiro tem dupla cidadania, ou seja, tem documento uruguaio e brasileiro, e o Uruguai já vem há mais de três ou quatro meses vacinando a população em geral, de 18 anos para cima, inclusive agora começaram a vacinar também adolescentes de 12 a 18 anos, então o Chuí nunca vai conseguir vacinar mais de 50% da população, porque os outros 50% já estão vacinados", pontua.

Por conta disso, segundo Marco Antonio, o município já está vacinando para o público em geral acima de 40 anos e na próxima semana deve baixar para os 30 anos. "A maioria se vacinou no Uruguai primeiro, eles não criaram um sistema de grupos e já passaram para vacinar a população em geral. Eles andam com equipes volantes pela cidade vacinando quem queira, é só ter documento uruguaio", destaca.

 As prefeituras de Rio Grande, Chuvisca e Gramado Xavier não se manifestaram sobre o assunto. O espaço está aberto para manifestação. 


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