Circos de Porto Alegre lutam para sobreviver durante a pandemia

Em meio a pandemia do coronavírus, os circos foram atingidos em cheio pela crise. Nas estruturas montadas nas zonas Sul e Norte de Porto Alegre, os artistas e as equipes de manutenção vivem momentos difíceis com a falta de dinheiro e sem a presença do público. Para enfrentar este momento conturbado, eles têm recebido o apoio da população através da doação de cestas básicas e buscado alternativas. A pandemia deixou os artistas circenses em profunda crise financeira. Eles aguardam ansiosamente pelo fim do que definem como um "pesadelo" para que possam retornar ao picadeiro e fazer o que sabem de melhor: levar alegria ao público.  

Em tempos de distanciamento social em função do coronavírus, o Park e Circo Las Vegas é uma alternativa de lazer aos porto-alegrenses no bairro Ipanema, na zona Sul da Capital. Instalado desde o dia 6 de março na avenida Juca Batista em frente à igreja Menino Jesus de Praga, a trupe de 30 pessoas entre artistas (crianças e adultos) e produtores foi impactada pela pandemia da Covid-19. A solução para continuar a trabalhar foi buscada em uma ideia de um trapezista do Circo Fantástico, de Santa Maria, que sugeriu a criação de um drive-in para assistir os espetáculos circenses.

O projeto foi abraçado pela companhia, que desde o dia 12 de maio recebe de terça a domingo um total 16 veículos (com cinco pessoas em cada carro) no estacionamento do circo. Pelo preço de R$ 50,00, o público assiste a duas horas de espetáculo com direito a muita mágica e a tão esperada apresentação do Globo da Morte. O produtor Marcos Silveira afirmou que nas apresentações pelo sistema drive-in o aplauso do público foi substituído pelo sinal de alerta e pela buzina dos carros.  

Os espetáculos regulares foram suspensos a partir do dia 17 de março para desespero da companhia The Kings Circus, fundada pelo casal Maria Sirlei dos Santos, de Crissiumal, e Getúlio Alves dos Santos, de Sobradinho, há 23 anos. No dia 22 de junho, completa um ano do falecimento de Getúlio que é lembrado com muito carinho pelo filho Alex Guilherme dos Santos, que atua como mágico e malabarista. Ele lembrou que faia mais de 80 dias que o grupo estava sem poder realizar um espetáculo em função da pandemia. "De repente, o nosso público de 1,5 mil a 1,7 mil por espetáculo desapareceu", recordou.  
O mágico explicou que, em razão do distanciamento social, o grupo teve que colocar a lanchonete na entrada do circo onde eram comercializadas maçã do amor, pipoca, algodão doce e outras guloseimas. "Essa renda ajudou na manutenção das despesas com a divulgação do espetáculo e salários da equipe", explicou. No entanto, em função da crise e da suspensão das apresentações ocorreram demissões.

Santos disse que a comunidade da zona Sul de Porto Alegre tem sido maravilhosa com o grupo de artistas. Cestas básicas foram doadas por comerciantes e moradores do bairro e se tornaram essenciais para manter a equipe. Chocolates foram doados e distribuídos pelos artistas a famílias em situação de vulnerabilidade social. Após deixar o bairro Ipanema, mudança ainda sem data definida, o grupo fará seus espetáculos no bairro Restinga, no Extremo-Sul de Porto Alegre.

"Depois que passar a pandemia do coronavírus, e vai passar, vamos realizar uma apresentação gratuita para comemorar e mostrar todo nosso carinho por quem nos ajudou", acrescentou Santos. Os ingressos para assistir o espetáculo no sistema drive-in podem ser adquiridos de forma antecipada via depósito bancário pelos telefones (49) 99948.6576 com Alex ou no (54) 99935.2078 com Josi.

Espetáculo interrompido após duas semanas

O espetáculo “Parque Patati Patatá Circo Show” era para ser um sucesso absoluto de público. Durante os meses de março e abril, na área externa do shopping Bourbon Wallig, na avenida Assis Brasil, na zona Norte de Porto Alegre, seriam realizadas diversas apresentações. Era a primeira vez que a dupla de palhaços se apresentava no Rio Grande do Sul. No entanto, a pandemia do coronavírus derrubou os projetos da trupe paulista que chegou a cidade no começo do mês de março.

Um funcionário, que pediu para não ser identificado, disse que a dupla de palhaços Patati Patatá chegou a realizar duas semanas do espetáculo e logo em seguida, em função da pandemia, retornou a São Paulo. Porém, no dia 19 de março, por conta da Covid-19, as apresentações foram suspensas por tempo indeterminado. "Estamos aguardando as orientações da Igor Faria - Atividades Circenses (a empresa é responsável pela atração), para sabermos se desmontamos ou não as estruturas feitas para o espetáculo", ressaltou.

Na área externa ao lado do shopping sobraram apenas 12 pessoas de um total de 50 que trabalham na atração. Elas trabalham com a produção do espetáculo e na manutenção dos equipamentos. "Nos primeiros dias de março, antes da parada, chegamos a ter um bom público assistindo o Parque Patatá Circo Show", recordou o funcionário. Os trabalhadores que estão há três meses no terreno ao lado do shopping não estão recebendo salário.
"É um momento extremamente difícil porque vivemos da bilheteria e por enquanto não há previsão se o show será retomado", explicou.

Segundo ele, a equipe tem recebido o apoio da comunidade que decidiu realizar a doação de cestas básicas. Os moradores do bairro Cristo Redentor e da paróquia Cristo Redentor decidiram doar alimentos e produtos como kits de higiene. "Temos que agradecer muito a comunidade da zona Norte de Porto Alegre, que está nos ajudando com alimentos nesse momento tão complicado em função da pandemia", acrescentou o funcionário. Os 12 trabalhadores vivem em contêineres e em motor homes espalhados pelo terreno.

O espetáculo “Parque Patati Patatá Circo Show” tem como proposta apresentar um universo de encanto e magia em queas crianças têm a oportunidade de se aproximar e vivenciar momentos com os personagens vistos na televisão, como a Nutrícia, Quasi, Floffy, Alegra, Amarga e Azedo, além de Patati e Patatá. A atração contempla ainda números circenses misturados com os já conhecidos sucessos da dupla de palhaços.