Com 95% de ocupação, Porto Alegre tem maior volume de pacientes com Covid-19 em UTIs desde setembro

Com 95% de ocupação, Porto Alegre tem maior volume de pacientes com Covid-19 em UTIs desde setembro

Nesta segunda-feira, rede hospitalar da Capital atendia ao menos 349 pessoas com coronavírus

Gabriel Guedes

Número de pacientes com a doença em unidades de terapia intensiva é o maior desde setembro do ano passado

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O número de pacientes com Covid-19 internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), em Porto Alegre, atingiu um novo recorde na tarde desta segunda-feira, quando as instituições estavam operando com lotação de 95,37%. Os hospitais da Capital tinham pelo menos 349 pessoas com a doença confirmada recebendo tratamento intensivo. Esse número supera o observado em 4 de setembro, quando havia 347 pessoas internadas. Mas o número observado significa que 45,8% dos 762 internados hoje haviam diagnóstico confirmado para a doença. Mas a situação fica ainda mais dramática se observar a fila de espera, de 53 pacientes, que estão nas emergências das instituições aguardando por um leito de UTI.

Havia na tarde de hoje apenas 37 disponíveis. Ao todo havia 409 pacientes com diagnóstico confirmado internados e também esperando por um leito intensivo. Isso corresponde a 53% do total de pacientes internados em UTI na capital gaúcha em decorrência das mais variadas patologias.

Ao todo, a capital dispõe de 836 leitos de UTI, 21 a mais que no domingo. Mesmo assim, a ocupação pouco oscilou para baixo, de acordo com o sistema de monitoramento das UTIs atualizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS). No domingo, houve momentos em que a ocupação chegou a 97%. Além dos casos de Covid em UTIs, outros 55 pacientes estão internados em tratamento intensivo aguardando o resultado de exames para confirmar o diagnóstico de coronavírus, embora tenham sintomas da doença. Ao todo, entre casos confirmados e suspeitos, em UTI ou aguardando por um leito de UTI, há o total de 465 pacientes ou 61% de todas os acolhimentos em leitos intensivos.

Em junho do ano passado, uma resolução do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) foi bastante criticada por estabelecer quem terá prioridade na ocupação de um leito de UTI, caso os recursos para atendimento nas redes de saúde pública e privada venham a se esgotar durante a pandemia de Covid-19. O documento estabelece mais de uma dezena de critérios que devem ser avaliados por médicos reguladores no conjunto na hora de definir quem vai ficar com um leito, entre eles, a idade do paciente, se é menor ou igual a 75 anos.

Agora, o vice-presidente da entidade, Eduardo Neubarth Trindade acredita que este momento esteja lamentavelmente cada vez mais próximo de acontecer. "Estamos chegando ao esgotamento do sistema. Realmente, pode vir acontecer (de utilizarmos). A resolução foi pensada numa situação como a de hoje", alerta o médico.  

Na manhã desta segunda-feira, durante reunião do governador Eduardo Leite com prefeitos, foi revelado que a Região Metropolitana poderá ter esgotado em uma semana todos os leitos de UTI disponíveis ainda. No domingo, uma nota conjunta, emitida e assinada pelo Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa), Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Hospital Moinhos de Vento, Hospital São Lucas da PUCRS, Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de Cardiologja, Hospital Ernesto Dornelles e Rede de Saúde Divina Providência, prevendo o agravamento da situação, manifestava apoio à restrição de atividades que provoquem aglomeração e classificava o momento como o pior desde o início da pandemia.

Não foi à toa a atitude dos hospitais. Pelo menos seis estavam operando com 100% ou mais de ocupação de leitos de UTI. Os hospitais São Lucas, Restinga, Independência, Mãe de Deus e Fêmina, que é uma maternidade e não tem casos de coronavírus, operavam com capacidade máxima nesta tarde. Enquanto o Hospital Moinhos de Vento, trabalhava com taxa de ocupação acima da capacidade, com 115,15%. Outros quatro hospitais estavam com mais de 95% de internações em UTI: HCPA, Conceição, Santa Casa e Ernesto Dornelles.

No RS, quase a metade dos pacientes nas UTIs está internado por causa da Covid-19. Das 2.306 pessoas que recebem tratamento intensivo, 1.128 tem diagnóstico confirmado da doença. O número, conforme a Secretaria Estadual da Saúde (SES), corresponde a 49% do total de pacientes em UTIs do estado, que dispõe de 2.684 leitos intensivos. A taxa de ocupação está em 86%, a maior registrada desde o início da pandemia, em março do ano passado. Entre as macrorregiões gaúchas, a dos Vales (92,1%), do Centro-Oeste (91%), e Metropolitana (90,1%) tinham os maiores indicadores na tarde de ontem. Enquanto que por regiões Covid, as de Novo Hamburgo (100,9%), Capão da Canoa (98,4%) e Porto Alegre (95,37%) eram as que apresentavam a maior taxa de ocupação de leitos de UTI.


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